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Citroën C4 L 1.6 THP

Espaço e acabamento são as armas do sedã C4, que chega ao Brasil em agosto

Por Du Yisi/Joaquim Oliveira| Fotos Cao Nan
14 jul 2013, 14h19
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    Aos poucos, a pecha de “carro para mercados emergentes” vai perdendo o caráter discriminatório. Passo a passo, o padrão de qualidade e a evolução tecnológica dos automóveis vendidos em mercados em desenvolvimento vão se aproximando do que está disponível na Europa, que apesar da economia debilitada continua a representar o padrão superior de exigência por parte do consumidor. O Citroën C4 L, que além de ser vendido na China e Rússia será comercializado no Brasil (produzido em El Palomar, na Argentina), é um bom exemplo desse nivelamento por cima. Por aqui, substituirá o atual C4 Pallas, será batizado de C4 Lounge e deverá buscar a partir de agosto os compradores de sedãs médios, notadamente aqueles que pensam em Toyota Corolla e Honda Civic.

    O C4 L tem importância estratégica global, já que ele é vendido em vários pontos do planeta, com algumas adaptações regionais. E é resultado da cooperação entre designers franceses e chineses, relação que tende a se intensificar com a linha DS, como se pôde ver no projeto de SUV compacto, o DS Wild Rubis, apresentado no Salão de Xangai, em abril.

    No caso do C4 L, houve também a participação do departamento de estilo da Citroën do Brasil, que fez alterações funcionais, como o para-choque dianteiro, que ficou mais alto para evitar raspar em lombadas e no piso irregular brasileiro, e estéticas, como as luzes de condução diurna, semelhantes às do novo C3, porém em posição vertical. O C4 Lounge tem também faróis de xenônio, sensor de ré e alerta de ponto cego dos espelhos, equipamentos que não foram incluídos na versão chinesa.

    Ele é o maior dos C4 e supera quase todos os principais rivais. O entre-eixos é de 2,71 metros (10 cm maior que o do C4 Hatch e 11 cm a mais que no Corolla), o que contribui para proporcionar espaço generoso para as pernas de quem viaja atrás, além da sensação de amplidão na largura e na altura da cabine. Outro aspecto positivo são saídas de ventilação para o banco traseiro, que conta com encosto com 29 graus de inclinação, ante os 25 habituais nesse segmento. “A posição mais horizontal convida a uma viagem mais relaxante e é mais comum em modelos do segmento superior ao do C4”, diz o diretor do projeto 4L, André Dufour. O porta-malas tem capacidade coerente com a proposta do sedã, com 440 litros de volume e formas bem utilizáveis.

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    O volante de quatro raios é mais moderno que o da anterior geração (mas não tem o diferencial do cubo fixo do nosso Pallas), e a instrumentação redonda tem fundo negro e grafismo âmbar, com contagiros à esquerda, velocímetro ao centro e, à direita, indicador de combustível que divide espaço com as informações do computador de bordo. O nível de qualidade de materiais e montagem é convincente e mostra o progresso feito pela Citroën nos últimos anos. Em resumo, é um ambiente que permite ao C4 L pensar seriamente em conquistar o público da parte superior do segmento dos sedãs médios.

    O motor da versão avaliada em Pequim é o conhecido 1.6 THP, turbo, que a Citroën desenvolveu em parceria com a BMW e que equipa também Peugeot RCZ e 3008, Mini e BMW Série 1. Os 163 cv de potência e os 24,5 mkgf de torque são mais que suficientes para deixá-lo acima da concorrência – o Civic tem 155 cv e 19,5 mkgf e o Corolla, 153 cv e 20,7 mkgf. Nessa configuração, ele brigará com as versões mais equipadas da dupla japonesa, que custam a partir dos 82 000 reais, enquanto o C4 Lounge deve ficar nos 77 000 reais. No segmento de entrada, na faixa dos 57 000 reais, o C4 terá um 2.0 flex de 151 cv com etanol, o mesmo que já equipa o atual Pallas. Ainda assim, deverá ser mais barato que a concorrência, que começa nos 62 000 reais.

    A resposta do motor é enérgica desde as 1 800 rpm e sentimos sempre disponibilidade de torque numa ampla faixa de regimes, o que torna a condução não só agradável mas também segura. E, se você imagina que o turbo pode atrasar a entrega do que foi pedido pelo acelerador, esqueça. O motor trabalha de forma progressiva e consistente.

    Na atualização desta geração, a Citroën encomendou à Aisin seu câmbio automático de seis marchas. Ele conta com o programa esportivo S e outro para condições de aderência precária. No entanto, o foco continua sendo o de um carro de família, priorizando o conforto – alguns motoristas mais exigentes podem achar que as trocas de marcha não são tão rápidas como desejariam. O fato é que se o C4 L, com o peso de quase 1,5 tonelada, nunca terá o temperamento de um velocista, também não terá o apetite de um atleta: durante a realização desta avaliação, fez a média de 11,4 km/l. A direção poderia ser um pouco mais precisa e comunicativa, mas é inegavelmente leve. A suspensão é mais eficiente, uma vez que consegue filtrar as irregularidades do asfalto sem permitir movimento excessivo da carroceria.

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    Com um motor já consagrado, espaço e bom nível de equipamentos, o novo sedã reúne condições de fazer boa figura no segmento. Aliás, chegar causando é uma tradição da marca. Basta lembrar o antecessor, o C4 Pallas, que estreou incomodando os titulares do segmento, em 2007. Resta saber se o Lounge contará com um dos principais trunfos do antepassado: oferecer mais por menos.

    VEREDICTO

    O grande trunfo do sedã C4 sempre foi o enorme espaço interno, que ganha o reforço do baixo preço (se começar mesmo em 57 000 reais). Assim, ele tem tudo para incomodar os rivais.

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