Como anda a nova geração do Honda City, o substituto de Civic e Fit
O City ficou discreto no visual, mas cresceu em tamanho e ganhou equipamentos. Aqui, ele terá o desafio de substituir versões de entrada do Civic e o Fit
De todos os lançamentos importantes (novos modelos e reestilizações) esperados para este ano no Brasil, o Honda City será um dos poucos, se não for o único com carroceria diversa de SUV e picape.
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Aguardado para o final do segundo semestre, o City 2022 terá o mérito de trazer ainda duas configurações cada vez mais raras: sedã, já conhecida de nosso mercado, e hatch, inédita. Aqui, apresentamos a sedã, avaliada no México, onde já é comercializada.
O City chega à sétima geração (terceira, no Brasil) meticulosamente transformado para parecer que pouco mudou, quando na realidade quase tudo é novo. A Honda não arriscou um design radical ou totalmente novo.
Pelo contrário, o novo City ficou ainda mais conservador, com a troca de elementos que exibiam alguma ousadia, como o vinco lateral ascendente por um friso plano, para não afastar seus clientes mais fiéis.
Assim, o novo sedã mantém suas linhas predominantemente horizontais, os faróis pontiagudos, para combinar com uma grande grade cromada, e, na traseira, lanternas de formas regulares e que invadem as laterais da carroceria.
Parece novo e discreto, pelo menos na versão Prime CVT, mostrada aqui. No México, existe ainda uma versão intermediária, Sport CVT, com um toque mais esportivo: com acabamento em preto brilhante para a grade e as capas dos espelhos, e uma básica Uniq manual, de visual mais simples. Lá, os preços partem de 306.900 pesos (R$ 86.530).
No Brasil, atualmente, o City tem cinco versões: Personal, DX, LX, EX e EXL, da mais simples para a mais completa, custando a partir de R$ 68.190. Ainda não se sabe se a Honda manterá o mesmo número de versões, com esse posicionamento de preços, e nem se elas permanecerão sendo identificadas por siglas, ou se terão nomes como no México.
Por dentro, assim como por fora, o visual se manteve discreto. O painel é totalmente novo. O conjunto ficou mais horizontal e com menos recortes, saídas de ar maiores e na posição vertical.
Ainda assim, porém, seu design lembra muito o da geração anterior, embora com botões atualizados. A Honda ouviu os pedidos dos clientes e devolveu os botões de controle do ar-condicionado, no lugar do painel digital touch screen do antecessor (na versão mais cara), que parecia futurista, mas não era muito prático.
O acabamento é básico, como de costume. Detalhes que imitam metal, no volante e nas saídas de ar, causam boa impressão, assim como o tratamento preto brilhante em uma faixa do painel no lado do passageiro e na base do câmbio.
E há algum acolchoamento nas laterais do console central e em uma peça acima do porta-luvas. Mas, de resto, é tudo de plástico rígido, mesmo em áreas onde encontrar algum aplique de tecido é bem comum nos carros dessa categoria, como nas laterais das portas, por exemplo.
A manufatura da Honda tem boa qualidade, embora não seja perfeita. Existem alguns parafusos e juntas de peças visíveis que demonstram o caráter de baixo custo do modelo, mesmo que o preço da versão Prime CVT, de 369.900 pesos mexicanos (R$ 104.290), sugira o contrário.
No que diz respeito aos equipamentos, desde a versão de entrada Uniq manual, o City traz ar-condicionado automático, chave presencial, piloto automático, assistente de partida em rampa, DRL de led, controle eletrônico de tração e estabilidade, seis airbags e rodas de alumínio aro 15.
E na Prime acrescenta rodas de alumínio aro 16, volante revestido de couro, central multimídia com tela de 8”, compatível com os sistemas Apple CarPlay e Android Auto, câmera de ré e dispositivos de segurança mais sofisticados como o detector de pontos cegos Honda LaneWatch, que projeta imagens na tela da central.
Como se vê, o City é bem equipado, mas o motorista se surpreende por ausências como faróis de led (tipo de lâmpada presente nos faróis de neblina disponíveis nas versões Sport e Prime), destravamento automático das portas (quando o carro é desligado) e computador de bordo com funções além das mais elementares.
Sem dúvida, o aspecto em que o novo Honda City mais se destaca é o espaço interno. O sedã cresceu 10 cm no comprimento (totalizando 4,56 m) e 1,6 cm, na largura (chegando a 1,75 m), ao mesmo tempo que manteve a distância entre-eixos (2,60 m) e a altura ( 1,48 m).
Na segunda fila de bancos, há muito espaço para as pernas. Mesmo com os bancos dianteiros recuados, os joelhos dos ocupantes (com a altura mediana de 1,70 m) não esbarram no encosto.
Seguramente, o City é o sedã mais espaçoso do segmento e também o que oferece mais conforto para os viajantes traseiros. Quem viaja na segunda fila tem cintos de três pontos e recursos como saídas de ar-condicionado, duas tomadas de 12 V (que podem receber adaptadores para USB), apoio de braço central com porta-copos (na ausência do ocupante central) e nichos especialmente criados para acomodar aparelhos celulares. O porta-malas tem capacidade para 506 litros.
Ao volante, o City é um carro confortável. Sua suspensão (McPherson, na dianteira, e eixo de torção, na traseira) é macia, mas sem deixar o carro vulnerável às forças laterais. E a direção, por sua vez (do tipo pinhão e cremalheira com assistência elétrica), é leve mas precisa.
Os freios (disco na frente e tambor atrás) se mostraram eficientes e equilibrados, sem desvios do carro nas paradas.
Em relação ao motor, a versão feita na Tailândia conta com um novo 1.0 iVTEC (com turbo, injeção direta e duplo comando de válvulas variável), que entrega 122 cv, que deverá equipar o modelo produzido no Brasil (e que, na versão flex, deve superar os 130 cv com etanol).
Mas o carro que chega ao México é fabricado na Índia e vem com motor 1.5 aspirado, com duplo comando de válvulas e 121 cv (também oferecido no Brasil, flex mas com comando simples, com 116 cv).
Nesta configuração 1.5, o City tem apenas a força suficiente para o uso diário, mas nada muito além disso. O bom desse motor é sua elasticidade. Ele não parece apagado em baixas rotações e nem sufocado nas altas.
O câmbio automático CVT privilegia o consumo, mas para quem busca respostas um pouco mais rápidas existe o modo Sport e a opção das trocas no modo manual (com seis marchas simuladas), por meio de comandos atrás do volante.
Com essa atualização nas formas e no conteúdo, o City terá uma missão desafiadora no Brasil, onde, com suas duas opções de carroceria (sedã e hatch), pretende ocupar o espaço das versões de entrada do irmão maior Civic, que deixará de ser produzido no Brasil e, se vier importado, será reposicionado, e também do pequeno Fit, que sai de linha. Assim como no México, a Honda goza de boa reputação no mercado brasileiro, mas só o tempo dirá se o City vai ter sucesso nessa tarefa.
Veredicto
É um carro apenas correto, para se comprar mais com a razão do que com a emoção. Falta saber quanto vai custar e qual conteúdo terá no Brasil.
Ficha Técnica
- Preço: R$ 104.290 (estimado)
- Motor: gas., diant., 4 cil., 16V, duplo comando de válvulas, 73×89,4 mm, 1.497 cm3; 121 cv a 6.600 rpm, 14,8 kgfm a 4.300 rpm
- Câmbio: automático, CVT, tração dianteira
- Suspensão: McPherson (diant.), eixo de torção (tras.)
- Freios: disco (diant.), tambor (tras.)
- Direção: elétrica, diâm. giro, 10 m
- Pneus: 185/55 R16
- Dimensões: comprimento, 456 cm; largura, 174,8 cm; altura, 147,7 cm; entre-eixos, 260 cm; peso, 1.119 kg; porta-malas, 506 l; tanque, 40