O segmento das supertrail, o dos grandes monocilindros, acaba de ganhar uma nova integrante, a BMW G 650 GS Sertão. Embora derive da já conhecida G 650 GS nacionalizada, é bem mais trilheira. Ela se junta às conhecidas Yamaha XT 660R e XT 660Z Ténéré e à irmã GS, de apelo mais estradeiro, da qual deriva. Revelada no Brasil no ano passado, chega quase simultaneamente aos mercados europeu e brasileiro, onde será montada em Manaus.
O primeiro contato com a Sertão foi em uma viagem fora de estrada entre as cidades serranas de Campos do Jordão (SP) e MonteVerde (MG).Tanto lá como neste comparativo, a moto montava pneus Michelin off-road. Eles a favoreceram na terra e a prejudicaram no asfalto.
A 650 GS utiliza na dianteira roda de liga leve com aro 19 e a Sertão adota rodas raiadas, de aro 21 na frente. Ambas suspensões ganharam curso na versão sertaneja, e agora percorrem 210 mm, contra 170 mm na frente e 165 atrás da versão mais turística. Essas mudanças fizeram o banco elevar-se a 86 cm do chão, o que para os motociclistas mais baixos significa certa dificuldade para colocar os pés no solo. Na G 650 GS o banco é bem mais baixo: 78 cm.
As demais mudanças são visuais: grafismo azul sobre branco, com o nome Sertão no tanque e nas laterais. A ponta do para-lama (ganhou o apêndice inferior frontal) recebeu aplique preto e o bagageiro recebeu pintura da mesma cor. O protetor de cárter é de alumínio.
Nas trilhas, algumas motos tiveram os para-lamas dianteiros quebrados. A fábrica divulgou um comunicado informando que o problema foi na fabricação das peças e que já tinha sido resolvido.
Duas contra uma
Lado a lado, a XT 660Z Ténéré é maior e mais exuberante. Alta, de tanque grande – 22 litros -, tem apliques laterais cinza sobre o motor. O farol em forma de escudo liga-se ao para-brisa. As rodas negras com dois discos de freio na dianteira completam o visual. O painel é o mais bonito e completo das três. O banco em dois níveis é ladeado por duas alças e duas ponteiras de escape em formato hexagonal que contrastam com a robusta balança forjada de alumínio, preta.
A XT 660R é trilheira típica: estreita, alta, com banco que avança sobre o tanque e aletas laterais pontiagudas sobre o radiador. O farol de escudo tem uma bolha fumê diante do painel. Mostra apenas o básico: nada de conta-giros nem marcador de combustível. A rabeta e os para-lamas são minimalistas; as duas ponteiras é que lhe dão o impacto visual. Rodas pretas dão mais pinta off-road.
As três têm boa ergonomia, guidões largos e boa posição de pilotagem.A XT 660R leva a uma postura mais avançada. Com o tanque mais estreito e o banco sobre ele, o piloto ganha rapidez no jogo de corpo e agressividade na terra. A Sertão tem tanque mais alto no fim do banco, mais largo. A Ténéré tem a posição mais confortável e estradeira entre elas.
A XT 660Z Ténéré tem qualidades bem diferentes das demais. Além do maior conforto para longos percursos, o pacote técnico está muito bem organizado. A rigidez estrutural garante estabilidade, a suspensão absorve os impactos e tem curso de sobra para garantir conforto sobre terra e asfalto, até com garupa. O motor, compartilhado com a irmã mais magrela, rende 48 cv a 6 000 rpm e tem torque de 5,95 mkgf a 5 500 rpm.
Na Sertão, o motor parece demorar um pouco mais para dar a mesma sensação de empuxo. Apesar de ter igual cavalaria, ela só se expõe ao máximo aos 6 500 giros, “enchendo” mais tarde.
A XT 660R anda menos que a Ténéré em velocidade final, mas sua relação mais curta permite pegada forte. No tráfego urbano é um sonho: a buraqueira, sobre ela, vira diversão. É ótima para andar entre os carros pelo porte altivo e boa maneabilidade. O sistema de freios é o menos potente das três, mas é suficiente para imobilizá-la com segurança.
A Ténéré custa 31110 reais e já vendeu mais – em fevereiro e março, segundo a Fenabrave – que a irmã XT 660R, de 26 300 reais. Por sua vez, a BMW acaba de chegar como a mais cara, trazendo mimos que só a marca da hélice oferece, como aquecedor de punhos e ABS off- road de série, por exemplo.
A nova BMW faz jus ao nome imortalizado na literatura por Guimarães Rosa, mas a Ténéré vence, pelo conjunto, o comparativo – exceto nos sertões, terra agreste, de motos magras e secas.
3° BMW G 650 GS Sertão TOCADA
Vai muito bem na terra, principalmente com os pneus trail, naturalmente piores no asfalto.
★★★★
DIA A DIA
Mais alta, é ágil no trânsito. Sua posição de pilotagem também é confortável para uso prolongado.
★★★★
ESTILO
O grafismo azul chama atenção. Com protetores nos punhos e pneus trail, ficou agressiva e sertaneja.
★★★★
MOTOR E TRANSMISSÃO
O motor é mais ruidoso que o da Yamaha, mas tem boas respostas em baixas rotações.
★★★
SEGURANÇA
As suspensões com maior curso são macias e copiam bem as irregularidades do pavimento. O ABS pode ser facilmente desligado para uso na terra.
★★★
MERCADO
A mais cara do comparativo, oferece manoplas aquecidas e ABS de série, tem seguro mais barato eéboanahorade revender. Tem o peso da marca alemã.
★★★
2° YAMAHA XT 660R TOCADA
Leve e ágil, privilegia a tocada mais agressiva em detrimento do conforto em passeios mais longos.
★★★
DIA A DIA
Ótima para aqueles centros urbanos que parecem ter sido bombardeados, de tão cheios de buracos.
★★★★
ESTILO
Apesar da idade, o design se mantém contemporâneo. Para alguns, é a mais bonita de todas.
★★★★
MOTOR E TRANSMISSÃO
Torque que rende boa sensação, mesmo não tendo muita velocidade final. O câmbio é macio e preciso.
★★★★
SEGURANÇA
Se por um lado a suspensão confere segurança ao piloto, o freio dianteiro poderia ser mais potente.
★★★
MERCADO
Já perdeu em vendas para a Ténéré nos últimos meses, mesmo sendo mais barata que as concorrentes – e é de longe a preferida dos gatunos.
★★★
1° YAMAHA XT 660Z TÉNÉRÉ TOCADA
O desempenho é empolgante, com o empuxo do bom torque. Apesar de grande, é ágil, confortável e no trânsito pesado tem desenvoltura de moto bem menor.
★★★★★
DIA A DIA
Apesar de alta, é o tipo de moto que dá vontade de usar até para ir à esquina. Já para os mais baixos, colocar os pés no chão pode ser um problema.
★★★★
ESTILO
É imponente e remete aos grandes ralis. Inspira aventura em longas viagens.
★★★★
MOTOR E TRANSMISSÃO
Como todo monocilíndrico, vem acompanhado de alguma vibração, mas não incomoda. O câmbio é macio e oferece engates precisos, mas só tem cinco marchas.
★★★★
SEGURANÇA
As suspensões garantem conforto e absorvem qualquer irregularidade no pavimento. Os freios a disco na dianteira são muito eficientes.
★★★★★
MERCADO
Vem ganhando espaço: em fevereiro e março vendeu mais que a XT.
★★★★