Ludwig van Beethoven e Johann Sebastian Bach são dois dos maiores compositores da música clássica alemã.
É difícil apontar quem foi mais genial: alguns ficam hipnotizados pela Quinta Sinfonia, outros apontam Tocata e Fuga em Ré Menor como uma das grandes obras-primas de sua era.
Escolher um deles é tão difícil quanto definir qual é o melhor sedã esportivo: Mercedes-AMG E63S ou Audi RS 7 Performance?
Quem estiver atento notará que as versões radicais de Classe E e A7 não são rivais totalmente diretos, mas, como a Audi importa o RS 6 só na versão Avant (perua), cabe ao RS 7 a dura tarefa de encarar o E 63 S no Brasil.
Apresentado em 2016, o E 63 já está na era da condução semiautônoma. Assim como o Classe E, o carro segue ajustes preestabelecidos para controlar a distância do veículo à frente a uma velocidade de até 210 km/h. O sistema freia, acelera e até faz curvas leves sem intervenção humana.
O antigo motor 5.5 V8 foi substituído pelo 4.0 V8 biturbo, que entrega 612 cv e um ronco feito para desafiar até o mais pacato dos motoristas. Mas basta assumir a direção para lembrar que o E 63 não deixou seu temperamento arisco para trás.
O RS 7 Sportback circula no Brasil há três anos, quando elevou o patamar dos sedãs superesportivos com seus 560 cv.
Se o visual é o mesmo desde 2014, a Audi mexeu na parte mais importante de um esportivo, injetando 45 cv no motor 4.0 V8 biturbo. São 605 cv embalados por uma sinfonia com deliciosos estampidos entre as trocas de marcha.
Ao volante, o RS 7 é mais fácil de ser domado. A direção pesada é ruim nas manobras cotidianas, mas bem calibrada para altas velocidades. Até com as assistências eletrônicas desligadas o Audi se mostra mais previsível, fazendo exatamente o que o motorista quer.
O E63 é o oposto: confortável na cidade e bastante arisco na hora da diversão. Na prática, o RS 7 é um superesportivo feito para qualquer um dirigir, enquanto o E 63 não é para amadores.
Ambos vêm com tração integral, mas só o Mercedes oferece um modo de drift, no qual o veículo vira um sedã com tração traseira sem interferência do controle de estabilidade.
Assim como Bach, o E 63 S pertence a uma família tradicional, cuja fama foi construída por seus antepassados – no caso da AMG, os carros preparados em Affalterbach há exatos 50 anos.
As belas formas do Classe E foram ressaltadas pela carroceria alargada em 27 mm para acomodar as rodas de 20 polegadas calçadas com pneus 265/35 na frente e 295/30 atrás.
O RS 7 dá o troco trazendo um visual mais provocante do que seu rival, principalmente por conta das linhas mais esportivas do A7.
As gigantescas rodas aro 21 combinam com as grandes tomadas de ar no para-choque frontal. Só o RS 7 tem um aerofólio que se ergue acima dos 120 km/h para melhorar a pressão aerodinâmica em alta velocidade.
A sensação de esportividade também é maior no Audi do lado de dentro. Os bancos abraçam melhor o corpo, e o volante tem empunhadura exemplar.
Já o E 63 brilha naquilo que a Mercedes-Benz sabe fazer de melhor. Sobra luxo por todos os lados, graças ao acabamento impecável e aos materiais de primeira qualidade empregados na cabine.
Há um abismo tecnológico separando os dois. Apenas na próxima geração o RS 7 terá painel digital e uma central multimídia mais completa, itens já oferecidos no E 63 S.
A idade avançada do RS 7, porém, é denunciada pela ausência das modernas assistências eletrônicas presentes no seu rival. Não há piloto automático adaptativo nem Park Assist.
O E 63 S deu um banho na pista de testes, superando o RS 7 em quase todas as provas de desempenho. O Mercedes também precisou de menos espaço para parar nas medições de 60 a 0 km/h e 120 a 0 km/h e obteve números razoáveis de consumo.
Apontar o melhor compositor erudito é uma tarefa quase impossível, mas escolher o melhor sedã superesportivo é um pouco mais fácil.
O E 63 S conquistou uma vitória incontestável por ter um projeto mais moderno e entregar mais conteúdo, tecnologia e desempenho cobrando R$ 51.090 a menos – a Mercedes-Benz pede R$ 699.900 pelo E 63 S, contra os R$ 750.990 do RS 7 Performance.
Veredicto
O RS 7 ainda é um supersedã de respeito, mas foi batido pelo E63S, que é mais moderno, anda mais e custa menos.
Teste (com gasolina)
Mercedes-AMG E 63 S | Audi RS 7 | |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 3,3 s | 3,7 s |
Aceleração de 0 a 1.000 m | 20,4 s | 21,4 s |
Velocidade máxima (dados de fábrica) | 300 km/h | 305 km/h |
Retomada de 40 a 80 km/h (em D) | 1,6 s | 1,8 s |
Retomada de 60 a 100 km/h (em D) | 1,8 s | 2 s |
Retomada de 80 a 120 km/h (em D) | 2 s | 2,4 s |
Frenagem de 60/80/120 km/h a 0 m | 15,9/28/62,9 m | 16,9/25,6/67,6 m |
Consumo urbano | 7,4 km/l | 7 km/l |
Consumo rodoviário | 10,3 km/l | 11,9 km/l |
Ficha técnica
Mercedes-AMG E 63 S | Audi RS 7 | |
Motor | gasolina., diant., longit., V8, 32V, biturbo, 3.982 cm3, 83 x 92 mm, 612 cv de 5.500 rpm a 6.250 rpm, 86,7 mkgf de 1.750 a 4.500 rpm | gasolina, diant., longit., V8, 32V, biturbo, 3.993 cm3; 605 cv entre 6.100 e 6.800 rpm, 76,5 mkgf entre 2.500 e 5.500 rpm |
Câmbio | automático, 9 marchas, 4×4 | automático, 8 marchas 4×4 |
Suspensão | duplo A (diant.) /multilink (tras.) | duplo A (diant.) e braços trapezoidais (tras.) |
Freios | discos ventilados nas quatro rodas | discos ventilados nas quatro rodas |
Direção | elétrica | elétrica |
Rodas e pneus | liga leve, 245/35 R20 (diant.) e 275/30 R20 (tras.) | alumínio, 275/30 R21 |
Dimensões | compr., 499,3 cm; largura, 206,5 cm; altura, 146,4 cm; entre-eixos, 294 cm; peso, 1.955 kg; peso/potência, 3,2 kg/cv; peso/torque, 22,5 kg/mkgf; tanque, 66 l; porta-malas, 540 l | compr., 501,2 cm; altura, 141,9 cm; largura, 191,1 cm; entre-eixos, 291,5 cm; peso, 1.930 kg; peso/potência, 3,2 kg/cv; peso/torque, 25,2 kg/mkgf; tanque, 75 l; porta-malas, 535 l |