Novos Polo, 208, Onix e HB20 1.0 são compactos com itens de carros médios
Novo VW Polo MPI entra na disputa com Hyundai HB20 Comfort, Chevrolet Onix LT e Peugeot 208 Style pelo título de melhor hatch compacto do Brasil
O conjunto de motor 1.0 aspirado e câmbio manual foi a mais comum nos carros volume da maioria das marcas nos últimos dez anos. É a mecânica mais comum dos carros mais vendidos do Brasil na última década.
Os antigos carros populares, atuais hatches de entrada (que ainda são os carros mais baratos do Brasil), continuam sendo a maioria em nossas ruas e a porta de entrada para muitos brasileiros conquistarem o primeiro carro zero-km.
O segmento já foi muito maior e os preços bem mais acessíveis. Contudo, hoje seus representantes estão mais seguros, tecnológicos e têm equipamentos que até outro dia estavam restritos a carros médios. E sem abandonar o motor 1.0 e o câmbio manual.
Com o lançamento do Volkswagen Polo 2023, resolvemos reunir os principais rivais para um embate. Escolhemos o Polo MPI (o Polo Track, versão a mais barata e que substitui o Gol, terá seu próprio embate) e os dois líderes da categoria, Chevrolet Onix e Hyundai HB20, que já são modelos consagrados em nosso mercado. Completa o quarteto o Peugeot 208, que vem atraindo olhares pelo preço e pelo pacote de equipamentos.
A seguir você verá as qualidades e defeitos de cada um. E qual (is) é (são) aquele (s) em que os prós se sobressaem aos contras. É notável que, mesmo sendo modelos de entrada, todos oferecem no mínimo quatro airbags – dois deles têm seis. Outro sinal de avanço é que todos têm controles de tração e estabilidade, assistência de frenagem de emergência e controle de partida em rampa.
4º – Volkswagen Polo MPI
Quando a linha 2023 do VW Polo foi anunciada, em outubro de 2022, apenas a versão MPI ficou mais cara, enquanto as versões TSI (com motor turbo) ficaram mais baratas. Um aumento de cerca de R$ 4.000 na ocasião em que era vendido por R$ 82.990. Agora o seu valor é de R$ 84.490, o que o torna o modelo mais caro deste comparativo.
Mas não foi apenas o preço mais elevado que levou o Volkswagen ao quarto lugar. Conteúdo e desempenho em pista foram os aspectos que mais pesaram.
Equipado com o motor três-cilindros 1.0 aspirado que entrega 84 cv e 10,3 kgfm, é dele o título de mais potente no segmento, mas seu torque segue na média da categoria.
No nosso teste, o Polo acelerou de 0 a 100 km/h em 16,5 segundos, enquanto os rivais cumpriram a prova em cerca de 14 segundos. A retomada de 60 a 100 km/h foi feita em 15 segundos – enquanto o Onix fez em 11 segundos. Já de 80 a 120 km/h ele levou lentos 28,7 segundos – enquanto o Chevrolet fez em 18 segundos.
Essa morosidade foi sentida no dia a dia com o Polo. O torque máximo (10,3 kgfm) só é entregue a 3.000 rpm (etanol) e 4.000 rpm (gasolina), o que explica as respostas lentas nas baixas rotações (o teste foi feito com gasolina). A transmissão faz sua parte explorando a força disponível privilegiando o consumo. Com as médias de 13,9 km/l, na cidade, e 17,3 km/l, na estrada, o Polo ficou na média dos rivais (perdendo só para o Onix, que foi o mais econômico da turma).
No que diz respeito à vida a bordo, o VW fica devendo volante com ajuste de altura e, além disso, a tela de sua central multimídia é a menor da categoria, com apenas 6,5 polegadas. Em contrapartida, a central chamada de “Composition Touch” tem funcionalidade intuitiva com Apple CarPlay e Android Auto por cabo.
O interior é simples como já se via no passado. Mas alguns detalhes evidenciam ainda mais a simplicidade como o tratamento dos plásticos rígidos que compõem o painel frontal com uma textura porosa, que não agrada ao toque.
Sendo o mais caro, era esperado que o seu pacote de equipamentos fosse o mais completo, mas essa não é a realidade. Ele oferece quatro airbags, mas continua devendo os de cortina, que Onix e HB20 têm de série; não tem retrovisores elétricos e, na linha 2023, perdeu os vidros elétricos traseiros.
Entre os itens exclusivos, o Polo oferece a frenagem automática pós-colisão e seu controle de tração emula um bloqueio eletrônico do diferencial – mas eles não justificam os mais de R$ 2.000 de diferença de preço para os concorrentes diretos.
Ficha Técnica – Volkswagen Polo MPI
Motor: flex, diant., transv., 3 cil., 12V, 999 cm³, 84/77 cv a 6.450 rpm, 10,7/9,7 kgfm a 3.000/4.000 rpm
Câmbio: manual, 5 marchas, tração dianteira
Direção: elétrica
Suspensão: McPherson (diant.), eixo de torção (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.) e tambor (tras.)
Pneus: 185/65 R15
Peso: 1.070 kg
Dimensões: comprimento, 407,4 cm; largura, 175,1 cm; altura, 147,1 cm; entre-eixos, 256,6 cm; porta-malas, 300 litros
3º – Chevrolet Onix LT
O carro de entrada da Chevrolet voltou a assumir a liderança do mercado em janeiro de 2023. E essa retomada só demonstra que o compacto tem qualidades consideráveis. Ele traz uma boa relação custo/benefício. A versão escolhida é a LT, equipada com motor tricilíndrico 1.0 e câmbio manual com seis marchas (o único do comparativo com uma marcha a mais). Essa motorização, que rende até 82 cv e 10,6 kgfm, proporcionou ao Onix o melhor rendimento em pista. Ou seja: andou mais e gastou menos combustível.
A prova de aceleração de 0 a 100 km/h foi feita em 13,2 segundos, enquanto a média do comparativo foi de 14 segundos. E o Onix, por pouco, foi o mais econômico, com marcas de 13,9 km/l, na cidade, e 17,6 km/l, na estrada. HB20 e Polo registraram médias bem próximas e também podem ser considerados econômicos.
O Onix conseguiu essa pequena vantagem no consumo por ser equipado com um câmbio de seis marchas – a sexta funciona como overdrive, que propicia que o motor trabalhe em uma faixa de giro mais baixa.
Essa característica também beneficia a vida a bordo, pois o motor torna-se menos ruidoso e, combinado ao bom isolamento acústico da carroceria, o barulho do propulsor não invade a cabine, mesmo em altas rotações.
Apesar desses atributos, o Onix perdeu pontos em outros aspectos, ficando no terceiro lugar do comparativo. Ainda na pista de testes, um ponto fraco se revelou nas provas de frenagem. O Onix percorreu 61,4 metros de 120 km/h a 0 e 27,4 metros de 80 a 0 – enquanto o HB20 (que teve o melhor resultado) levou respectivamente 55,2 e 24,6 metros. Uma diferença significativa, que pode evitar um acidente.
O sistema de freios é o mesmo para todos os participantes: disco ventilado, no eixo dianteiro, e a tambor, no traseiro. O Polo se destacava nesse quesito na linha 2022 com disco nas quatro rodas, mas teve o sistema simplificado em 2023.
Em relação à suspensão, o Onix vai bem em asfalto liso, mas como tem ajuste mais rígido há a presença de pancadas mais secas em imperfeições.
Em relação às faltas: a ausência de ajuste de altura e profundidade do volante compromete a ergonomia. E a central multimídia continua oferecendo apenas Apple CarPlay por cabo de série. Para ter Bluetooth e Android Auto, é necessário optar por um pacote que aumenta a conta em R$ 2.500.
A lista de itens de série é completa, com direito a seis airbags, controle de tração e estabilidade, retrovisores elétricos e assistente de partida em rampa, mas não oferece nenhum equipamento exclusivo no segmento.
Ficha Técnica – Chevrolet Onix LT
Motor: flex, dianteiro, transversal, 3 cil., 12V, 999 cm³, 82/78 cv a 6.400 rpm, 10,6/9,6 kgfm a 4.100 rpm
Câmbio: manual, 6 marchas, tração dianteira
Direção: elétrica
Suspensão: McPherson (diant.) / eixo de torção (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.) e tambor (tras.)
Pneus: 185/65 R15
Peso: 1.037 kg
Dimensões: comprimento, 416,3 cm; largura, 173,1 cm; altura, 147,5 cm; entre-eixos, 255,1 cm; porta-malas, 303 litros
2º – Hyundai HB20 Comfort
Já dizia o filósofo grego Aristóteles que “a virtude consiste em encontrar o meio-termo”. E dita assim, essa frase simplificada se aplica bem ao desempenho do HB20, em segundo neste comparativo. O Hyundai não se destacou nos quesitos avaliados, mas ganhou pontos por sua constância e regularidade. A versão escolhida é a intermediária Comfort, que custa R$ 82.790 – apenas R$ 160 mais barato que o Onix.
O HB20 Comfort traz o conhecido motor 1.0 aspirado de até 80 cv e 10,2 kgfm, sempre com câmbio manual de cinco marchas. A boa fama envolvendo a robustez mecânica é um dos destaques. Esse conjunto está presente no modelo desde o seu lançamento.
O câmbio tem engates precisos e curtos, agradável para condução urbana. O atributo de ter marchas “curtas” permite até uma tocada voltada para a esportividade – embora este não seja, nem de longe, o propósito dos carros deste segmento.
O propulsor Kappa 1.0 não é o mais potente da categoria entre os aspirados, mas também não está entre os que menos rendem. E está aí sua primeira virtude. Na pista de testes, o HB20 fez de 0 a 100 km/h em 14,7 segundos (a média entre os rivais). Os números de consumo também são satisfatórios, com 13,5 km/l, na cidade, e 17,4 km/l, na estrada.
No dia a dia, o motor aspirado tem bom fôlego, cumpre bem seus requisitos e ainda traz a vantagem de ser um pouco menos ruidoso em relação ao propulsor turbo da linha, principalmente em ponto morto.
Bem mais notável é a leveza da direção, que casa com a proposta de um veículo prático e dócil. Os pedais completam a experiência com comandos sem esforço e com uma sensibilidade apurada.
Para não dizer que o HB20 não se destaca em nada, é dele a melhor frenagem, percorrendo pouco mais de 24 metros para parar de 80 km/h a 0, enquanto os concorrentes rodam em média 26 metros.
A central multimídia tem oito polegadas e conexão com Apple CarPlay e Android Auto sem fio com operação intuitiva, e o pacote de equipamentos inclui controle de tração e estabilidade, seis airbags, assistente de partida em rampa, sinalização de frenagem de emergência e até piloto automático.
O acabamento é simplificado e não há diversidades de texturas e nem de materiais. O quadro de instrumentos é novo, com grafismos modernos, porém os números ficaram menores e não há mais velocímetro digital.
O design que foi renovado em 2022 e tornou o hatch mais atraente e moderno é mais um quesito que valida a sua segunda colocação.
Ficha Técnica – Hyundai HB20 Comfort
Motor: flex, dianteiro, transversal, 3 cil., 998 cm³; 12V, 80/75 cv a 6.000 rpm, 10,2/9,4 kgfm a 4.500 rpm
Câmbio: manual, 5 marchas, tração dianteira
Direção: elétrica
Suspensão: McPherson (diant.) e eixo de torção (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.) e tambor (tras.)
Pneus: 175/70 R14
Peso: 993 kg
Dimensões: comprimento, 401,5 cm; largura, 172 cm; altura, 147 cm; entre-eixos, 253 cm; porta-malas, 300 litros
1º – Peugeot 208 Style
Em agosto de 2022, QUATRO RODAS promoveu um comparativo entre o Peugeot 208 Style 1.0 que acabava de estrear no mercado com o líder de mercado, o Chevrolet Onix LT. O Peugeot ganhou o confronto na ocasião pelo conjunto da obra e essa é a principal justificativa para vencer esse comparativo também.
O grande trunfo desta versão intermediária é o conteúdo combinado a um estilo externo e interno impactante e que remete a modelos de categorias superiores, como os SUVs compactos.
Seu pacote de equipamentos é de longe o mais completo dos quatro carros mostrados aqui. Entre os itens exclusivos estão: teto solar panorâmico, faróis full-led, rodas de liga leve aro 16, carregador sem fio para smartphone, câmera de ré 180 graus e ajuste de altura e profundidade no volante.
A central multimídia tem a maior tela em relação à dos rivais: 10,3 polegadas, com espelhamento sem fio de Android Auto e Apple CarPlay. E o 208 é o único que traz ar digital.
Tantos equipamentos já justificariam um preço mais elevado, mas não é o caso. O Peugeot sai por R$ 82.990, pouco a mais que o HB20 e Onix e bem menos que o Polo.
Entre seus itens de série sentiu-se o fato de haver só quatro airbags, como o Polo, e a falta de assistente de partida em rampa e de sinalização de frenagem de emergência. Mas, como nem tudo são flores, o 208 teve as piores médias de consumo com marcas de 11,2 km/l no ciclo urbano e 14,1 km/l no rodoviário.
O motor é o Firefly, emprestado do primo Fiat Argo, e rende até 75 cv e 10,7 kgfm casado com o câmbio manual de cinco marchas – bem escalonadas e com engates precisos.
O desempenho na pista ficou dentro da média dos hatches do comparativo. A aceleração de 0 a 100 km/h foi de 14,3 segundos.
O 208 se destacou pela suspensão, que torna a convivência bem mais agradável na cidade. Até pouco tempo seria impensável dizer isso de um Peugeot, mas o 208 apresentou um conjunto robusto, que enfrenta o asfalto irregular sem prejuízos ao conforto dos ocupantes.
E, para arrematar os quesitos positivos, o design da dianteira evidenciado pelos DRLs de led em formato de “dentes de sabre” o credenciam como um dos mais atraentes do segmento.
A cabine também tem um acabamento mais esmerado em relação aos concorrentes, mesmo sendo de plástico rígido, a textura é agradável ao toque e as peças são bem encaixadas. O volante menor favorece a ergonomia, assim como o quadro de instrumentos posicionado na altura do olhar e a central voltada para o motorista.
Ficha Técnica – Peugeot 208 Style
Motor: flex, dianteiro, transversal, 3 cil., 6V, 999 cm³, 75/71 cv a 6.000 rpm, 10,7/10 kgfm a 3.500/3.250 rpm
Câmbio: manual, 5 marchas, tração dianteira
Direção: elétrica
Suspensão: McPherson (diant.) e eixo de torção (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.) e tambor (tras.)
Pneus: 195/55 R16
Peso: 1.102 kg
Dimensões: comprimento, 405,5 cm; largura, 196 cm; altura, 145,3 cm; entre-eixos, 253,8 cm; porta-malas, 265 litros
Veredicto
O Polo é o mais caro, menos equipado e ruim de desempenho. O Onix perdeu pontos nos testes de frenagem e pela ausência de importantes equipamentos. O HB20 teve regularidade e isso é bom. Mas o 208 surpreendeu em design, conteúdo, ergonomia.
* Agradecimentos ao Parque da Cidade de Jundiaí/DAE Jundiaí pelo espaço das imagens
Testes de desempenho e consumo
208 | HB20 | ONIX | POLO | |
Aceleração | ||||
0 a 100 km/h | 14,3 s | 14,7 s | 13,2 s | 16,5 s |
0 a 1.000 m | 35,8 s – 143,8 km/h | 36,1 s – 145,2 km/h | 35s – 150 km/h | 37,8 s – 136,1 km/h |
Velocidade Máxima | n/d | n/d | n/d | n/d |
Retomadas | ||||
D 40 a 80 km/h | 8,1 s | 8,3 s | 7,4 s | 9,8 s |
D 60 a 100 km/h | 12,3 s | 12,8 s | 11,1 s | 15 s |
D 80 a 120 km/h | 22,6 s | 21,9 s | 18 s | 28,7 s |
Frenagens | ||||
60/80/120 km/h a 0 | 14/25,6/58,6 m | 13,9/24,6/55,2 m | 15,4/27,4/61,4 m | 13,9/24,7/56,3 m |
Consumo | ||||
Urbano | 11,2 km/l | 13,5 km/l | 13,9 km/l | 13,9 km/l |
Rodoviário | 14,1 km/l | 17,4 km/l | 17,6 km/l | 17,3 km/l |
Ruído Interno | ||||
Neutro/RPM máx. | 40,8/71,3 dBA | 35,8/66,8 dBA | 41,2/54,5 dBA | 42,5/66,9 dBA |
80/120 km/h | 63/68,5 dBA | 64,9/69,9 dBA | 63,2/69,1 dBA | 64,8/70,7 dBA |
Aferição | ||||
Velocidade real a 100 km/h | 100 km/h | 95 km/h | 96 km/h | 96 km/h |
Rotação do motor a 100 km/h em 5ª marcha | 3.000 rpm | 3.250 rpm | 2.500 rpm | 3.200 rpm |
Volante | 3 voltas | 2,7 voltas | 2,7 voltas | 2,7 voltas |
Seu bolso | ||||
Preço | R$ 82.990 | R$ 82.790 | R$ 82.950 | R$ 84.490 |
Concessionárias | 118 | 224 | 553 | 500 |
Garantia | 3 anos | 5 anos | 3 anos | 3 anos |
Condições de teste: 208: alt. 660 m; temp., 26 °C; umid. relat., 46%; press., 1.012,5 mmHg. HB20: alt. 660 m; temp., 21 °C; umid. relat., 66%; press., 1.012,5 mmHg. Onix: alt. 660 m; temp., 26 °C; umid. relat., 44%; press., 1.012,5 mmHg. Polo: alt. 660 m; temp., 24 °C; umid. relat., 77%; press., 1.013 mmHg.