Por conta da proibição da importação de automóveis, muitas empresas brasileiras se aventuraram em fazer seus próprios projetos. Muitos deles eram tão bons que são venerados até hoje. O Envemo Camper é um deles.
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Totalmente inspirado no Jeep Cherokee, o Envemo Camper foi apresentado no Salão do automóvel de 1988, mas só chegou às lojas em maio de 1990. Durou até 1995, quando a Envemo entrou em falência. Mas isso não ofuscou suas qualidades, que estavam no DNA.
Considerado primo do Engesa 4, por utilizar o mesmo chassi, mas com distância entre eixos aumentada, o Camper tinha atributos importantes. O espaço interno era maior, tinha acabamento e equipamentos dignos dos carros de luxo da época e ainda tinha rodar confortável. Os atributos off-road vinham à tona na hora certa e deixava evidente que o chassi havia sico aprovado para o uso militar.
Até havia outros carros nacionais que mandavam bem na terra, mas o Envemo Camper tinha estilo interessante, de um SUV dos anos 2000 e não de um jipe de 10 anos antes. Mas cobrava-se caro por ele: atualizando os valores de 1992, custava o equivalente a R$ 379.251 de hoje. Um Jeep Wrangler novinho custa R$ 419.000.
E talvez o Camper tenha sido, de fato, a versão brasileira do Jeep Cherokee, sua musa inspiradora do Camper. E justamente por ser nacional, fazia uma salada com peças de carros comuns: havia diversas peças Chevrolet, como lanternas do Chevette e painel do Opala Diplomata, mas os faróis eram do Fiat Uno. O Envemo Camper tinha versões a gasolina, àlcool e diesel, com tração 4×2 e 4×4.
Em Abril de 1992 (edição 381), Quatro Rodas testou um carro de produção nacional com atributos e estilo que somente anos depois se tornaria febre mundial: o SUV – Sport Utility Vehicle. Vamos relembrar o teste feito pelo jornalista Douglas Mendonça com a versão Diesel 4×4. Acompanhe na íntegra:
O LUXO SAI DA ESTRADA
A Camper 4×4 diesel prova que é capaz de rodar em qualquer terreno com conforto
Quem procura uma veículo resistente, a diesel, com tração nas quatro rodas e ainda com acabamento luxuoso agora tem uma opção nacional: a Camper 4×4 diesel. Até então, essas características só eram encontradas em modelos importados, a um custo duas vezes maior do que os cerca de 35.000 dólares que a Envemo pretende cobrar.
Com um estilo totalmente inspirado na Jeep Cherokee norte-americana, essa van tem como ponto forte o chassi e o sistema de suspensão, os mesmos utilizados pela Engesa para atender às rígidas exigências militares. Além, é claro, de equipamentos pouco comuns de serem oferecidos nas versões de série, como direção hidráulica, vidros verdes com para-brisa degradê e pneus radiais 215/80 R16.
O modelo testado ainda possuía outros opcionais recomendáveis num veículo desse porte: ar-condicionado, retrovisores externos de controle elétrico, rodas e pneus especiais de aro 15, faróis auxiliares com tela protetora, toca-fitas, revestimento de bancos em couro, lavador e desembaçador traseiro. Componentes que dão à Camper um nível de conforto inexistente entre os jipes e picapes nacionais.
O interior é surpreendentemente amplo, pois seu comprimento total – de apenas 4,15 metros – chega a ser menor que o de esportivos, como Mitsubishi 3000GT. O acesso é dificultado pela altura do assoalho ao solo e pela opção por somente duas portas, o que complica o entra-e-sai dos ocupantes do banco traseiro. Os fabricantes, no entanto, já acenam com uma versão quatro portas.
Depois de se mostrar resistente e confortável, uma van de luxo também precisa ser competente nas estradas. E a Camper não deixou a desejar. Equipada com o motor Maxion S4 – antigo Perkins – de 4 cilindros em linha e injeção direta, cilindros em linha e injeção direta, ela atingiu 131,6 Km/h de velocidade máxima na pista de testes e levou pouco menos de 25 segundos para a aceleração de 0 a 100 km/h.
Na comparação com um modelo a gasolina, que utiliza o motor 4 cilindros do Opala, a versão diesel foi mais ágil, sendo superada apenas no nível de ruído, com 3,34 decibéis a mais.
Para um carro que pesa quase 2 toneladas, a Camper alcançou bons resultados de consumo, com uma média geral de 9,81 km/l. Na estrada, rodando a 100 km/l com sua carga máxima (550 quilos), ela chegou a 10,80 km/l. Vazia, apenas com o motorista, marcou 11,19 km/l. Mesmo no pesado trânsito urbano, embora não seja o veículo ideal, os resultados foram satisfatórios, assim como o desempenho nas frenagens.
Com uma carroceria bem acabada e em fibra de vidro – o que evita a ferrugem nas regiões litorâneas – , a Camper 4×4 diesel reuniu as condições necessárias para se firmar como uma luxuosa van fora-de-estrada e satisfazer uma fatia de mercado praticamente esquecida pelas montadoras e ainda não ocupada pelas importadoras.
Teste de desempenho – ENVEMO CAMPER
- Aceleração
0 a 100 km/h: 24,79 s.
0 a 1.000 m: 41,99 s – 122,8 km/h. - Velocidade máxima: 131,6 km/h.
- RETOMADA
D 40 a 80 km/h (quinta marcha): 16,68 s.
D 40 a 100 km/h (quinta marcha): 26,54 s.
D 40 a 120 km/h (quinta marcha): 40,60 s. - Frenagens
60/80/120 km/h – 0 m: 14,7/26,3/58,3 m. - Consumo
Urbano: 8,74 km/l.
Rodoviário: 11,19 km/l. - Nível de ruído
Ponto morto: 63,0 decibéis
80 km/h (5º marcha): 78,0 decibéis
100 km/h (5º marcha): 80,6 decibéis
120 km/h (5º marcha): 82,6 decibéis
Média ponderada: 80,34 decibéis - Frenagens
40 – 0 km/h: 7,6 m
60 – 0 km/h: 17,8 m
80 – 0 km/h: 31,8 m
100 – 0 km/h: 49,6 m
120 – 0 km/h: 71,5 m
Ficha técnica – Envemo Camper
- Motor: Maxion S4, diesel, dianteiro, longitudinal, 4 cilindros em linha, comando de válvulas lateral, alimentação por injeção direta com bomba injetora rotativa.
Diâmetro x curso: 100,0 x 127,0 mm
Cilindrada: 3990 cm3
Taxa de compressão: 18,5:1
Potência: 92 cv (67,7 kW), ABNT a 2800 rpm.
Torque: 28,1 mkgf (275,7 Nm) ABNT a 1600 rpm.
- Câmbio: Mecânico, tração nas quatro rodas, cinco marchas com a seguinte relação:
1.ª) 6,89:1
2.ª) 3,92:1
3.ª) 2,34:1
4.ª) 1,49:1
5.ª) 1,00:1
Ré: 6,99:1
Diferencial dianteiro 3,07:1
Diferencial traseiro 3,07:1
- Carroceria: em fibra de vidro, laminado com estrutura de aço, dois volumes, duas portas, cinco passageiros: dimensões externas com 415,0 cm de comprimento, 179,0 cm de largura, 173,0 cm de altura. 247,0 cm de distância entre eixos, 149,0 cm de bitola dianteira e traseira.
Tanque: 90 litros
Porta-malas: 580 litros
Carga total: 550 kg
Peso do carro testado: 1 910 kg - Suspensão: Dianteira e traseira com eixo rígido, barras oscilantes transversais e longitudinais, molas helicoidais e longitudinais, molas helicoidais e amortecedores, curso de 260 mm nas suspensões.
- Freios: Disco ventilado na dianteira e tambor na traseira, com servo.
- Direção: hidráulica: volante de 38cm de diâmetro.
- Rodas e pneus: Rodas de liga leve (opcional) aro 15 x tala de 6 polegadas; pneus radiais 255 x 15.
- Equipamentos e preço
De série: direção hidráulica, vidros verdes com pára-brisa degradê, faróis halógenos lavador e limpador do vidro traseiro, retrovisores externos com controle manual interno e pneus radiais 215/80R16.
Opcionais: ar-condicionado, retrovisores externos com controle elétrico, rodas de liga leve, pneus radiais 255 R15, pintura metálica, vidros elétricos, bagageiro, faróis auxiliares, rádio/toca-fitas, suporte para engate de carreta, guincho elétrico, revestimento dos bancos em tecido ou couro. - Preço: 66 300 000 cruzeiros, corrigidos pelo IGP-M (FGV), custaria em torno de R$ 379.251,85 nos dias de hoje
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