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ER-6N x XJ6 x Bandit 650 N x F 800 R x CB 600F Hornet x Z 750

As naked de média/alta cilindrada elevam a temperatura do segmento: quanto menos roupa, mais elas agradam

Por Eduardo Viotti e Ismael Baubetta
Atualizado em 9 nov 2016, 11h50 - Publicado em 14 fev 2011, 17h57
ER-6N x XJ6 x Bandit 650 N x F 800 R x CB 600F Hornet x Z 750

O segmento mais divertido é o das motos naked (peladas) de média/alta cilindrada. Acima delas, ingressa-se no seleto grupo das naked derivadas das superbikes de 1 litro, que começa a ser ocupado no Brasil.

Capazes de conciliar arroubos esportivos com uso urbano, mostrando versatilidade para emendar uma viagem mais longa com um track day – e sem submeter a namorada na garupa a uma sessão de tortura -, as descarenadas deste comparativo são a prova definitiva de que razão e emoção são perfeitamente conciliáveis.

As seis motos aqui avaliadas podem ser divididas em três duplas, imantadas por projeto e proposta. A BMW F 800 R entra com robustez e a conhecida exibição de alta tecnologia alemã, secundada pela japonesa Kawasaki ER-6n, de 650 cc. Ambas são bicilíndricas e têm quadro, projeto e visual completamente modernizados.

As demais são motos de quatro cilindros alinhados (a mais empolgante configuração de motor motociclístico – a menos, claro, que a nova geração de seis em linha consiga nos convencer do contrário).

A Yamaha XJ6 (600 cc) faz parzinho com a Suzuki Bandit (650 cc). Ambas têm motor mais mansinho, com mais torque em baixas rotações e quadro tubular de aço, bem convencional, quase passadista. Em comum, também, o farol em forma de escudo e o uso predominantemente civil, em detrimento da esportividade pura.

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O amor bandido que une a Kawasaki Z750 à Honda CB 600F Hornet é aquilo que se convenciona chamar de esportividade: a paixão pelo limite, pela curva rascante, pilotagem aguerrida. Ambas têm outro nível de chassi, em viga superior de alumínio forjado, suspensões frontais invertidas, freios com ABS e motores que, embora mais chochos quando se pilota com economia, mostram uma explosão emotiva nas altas rotações que as outras jamais conseguirão demonstrar.

6° KAWASAKI ER-6N

A Kawasaki ER6-N é, ao primeiro olhar, um projeto mais moderno e mais sofisticado que Bandit e XJ. Seu design é mais agressivo e as soluções tecnológicas incorporadas são, muitas vezes, superiores. A mais marcante das diferenças reside provavelmente no uso dos freios com apoio de ABS, oferecido como opcional (presente na unidade avaliada).

Seu motor twin em linha tem o ruído característico da configuração – e muito parecido com o das saudosas CB 500, só que mais alto e intenso. Tem boas respostas e um excelente torque em todas as faixas de utilização, mesmo nas mais altas. A elasticidade desse motor é sua melhor característica.

Seu comportamento na estrada, apesar de ela vibrar um pouco, é bastante satisfatório. Mas ela fica à vontade mesmo é na vibe da cidade. O entreeixos mais curto e a própria magreza do modelo a tornam, entre todas aqui, a mais indicada para uso primordialmente urbano – também é a mais indicada para iniciantes nas maiores cilindradas e para qualquer pessoa que prefira motos mais leves e maneáveis. Ela tem mesmo uma pitada de feminilidade em seu charme moderno e estiloso.

A Kawasaki ER-6n tem um espetacular sistema de freios, especialmente se você optar pela versão com ABS (opcional que, em qualquer circunstância, vale cada centavo investido).

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Já no teste de pista, o chassi tipo diamante (inclui o motor como elemento estrutural) e as suspensões macias, voltadas mais ao conforto que às curvas feitas no limite de aderência, a deixam mais lenta nas chicanes. No limite, oscila e chacoalha um bocado. Mas não é algo que se note fora das pistas de competição, que não são, nem de longe, o habitat dessa fina 650.

TOCADA Muito confortável, seu bicilíndrico de ruído singular responde de maneira eficaz e a partir dos 4000 rpm começa a entusiasmar.

★★★★

DIA A DIA Pequena, estreita, ágil e de ótima maneabilidade, pode ser o transporte diário tranquilamente, com o benefício de não ser tão visada para roubo.

★★★★★

ESTILO Arrojado e moderno. Detalhes chamam atenção, como o farol duplo superposto em escudo e a pequena ponteira sob o motor.

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★★★★

MOTOR E TRANSMISSÃO O motor tem elasticidade e acelera bastante rápido. Dois cilindros vibram mais e excitam menos que quatro. O câmbio tem engates suaves e precisos.

★★★

SEGURANÇA A moto é estável e de ótima manobrabilidade, a ciclística é boa e os freios garantem a segurança.

★★★

MERCADO Ainda é muito nova nas lojas, mas parece capaz de conquistar admiradores fiéis.

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★★★

5° YAMAHA XJ6 A XJ6, apesar de lançada há apenas alguns meses, é bem simplesinha e tem o motor de quatro cilindros menos potente da categoria. Isso nem de longe significa que ela seja destituída de atrativos. Pelo contrário: seus 77,5 cv são difíceis de domar na via pública, onde há raríssimas concorrentes com tanto desempenho. Ela é uma rival à justa altura da Bandit 650, e só perdeu da Suzuki neste comparativo por que o motor da outra é bem mais forte: chega a 85 cv.

É a mais barata das quatro cilindros, e entrega bastante pelo preço. A Yamaha tem muito mais revendas e pontos de assistência pelo Brasil que a Suzuki, e suas motos mantêm, em geral, excelente valor de revenda.

Visual elegante, discreto e moderno e capacidade de atrair olhares são alguns de seus atributos. A XJ6 pode ser considerada a moto de entrada no apaixonante universo dos motores quatro em linha. E, depois de ser iniciado no rugido excitante dessas maquinetas, acredite, vai ser difícil você se apaixonar por outra configuração. Acontece, mas é muito raro.

Apesar de tão convencional quanto o da Suzuki, o conjunto ciclístico da Yamaha mostrou-se superior ao da rival direta nas curvas de pista, feitas no limite da estabilidade. Foram menores as torções e flexões, com menos solavancos assustadores ao piloto.

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Já o câmbio parece sentir um pouco mais a influência da temperatura, tornando-se áspero e rascante à medida que se rompe o trânsito pesado.

Os freios, também sem a opção do sistema ABS nem mesmo como opcional, o que certamente lhe trouxe algum prejuízo na pontuação, são igualmente seguros e progressivos, transmitindo confiabilidade à pilotagem.

TOCADA A XJ6 tem condução fácil e é ágil para desbravar o circuito urbano. Continua equilibrada, mas seu motor é o menos “energizado”.

★★★

DIA A DIA Ótima opção de transporte diário: é confortável e tem visual que agrada e chama atenção.

★★★★

ESTILO Ponto alto: moderna, limpa de adereços desnecessários. Não é a última palavra, mas agrada bastante.

★★★★★

MOTOR E TRANSMISSÃO O quatro em linha refrigerado a água privilegia a tocada em baixa e média: é silencioso e tem câmbio macio.

★★★★

SEGURANÇA Os freios garantem segurança e as suspensões poderiam ser um pouco mais rígidas: pelo preço, estão de bom tamanho. Falta ABS opcional.

★★★

MERCADO O preço é atrativo: tem porte, marca e cilindros para conquistar boa parcela de mercado.

★★★

4° SUZUKI BANDIT 650 N A Bandit é a mais velha da turma, a que tem mais cara de passadista, mesmo com sua recentíssima renovação, ocorrida há poucos meses. Por causa do estilo anterior, superconservador, estava se afogando no mercado, até que o novo visual foi lançado como boia ao mar em sua direção.

O motor tem elasticidade suficiente para garantir boas respostas e velocidades e é conhecido e confiável. É, entre os quatro cilindros, o mais gostoso de guiar, a passeio ou a trabalho – não na pista. Tem um torque funcional desde baixa, sobe redondinho, responde com progressividade. Em alta, a coisa muda, e tanto Z750 quanto Hornet abrem notável vantagem.

Muito confortável, a Bandit é, entre as motos deste comparativo, a que mais se preocupa com a condição do pobre garupa, cada vez mais relegado ao limbo em nome da esportividade.

A J. Toledo, representante da marca no Brasil, não é uma adepta dos freios ABS, ao que parece, pois as Suzuki não oferecem o opcional, mesmo quando ele existe no exterior. Mesmo assim, seus freios são bons e progressivos.

Com chassi tubular e suspensão dianteira convencional, a Bandit não consegue acompanhar na pista as duas líderes desta prova, ambas dotadas de garfo invertido frontal. Sua ciclística, um degrau atrás das líderes, ainda teima em fazê-la sacudir e chacoalhar em curvas forçadas a velocidades maiores.

A Bandit parece ser, das concorrentes, a menos comprometida com a esportividade pura, o que em si não é um defeito, apenas uma característica de projeto e proposta. Ela opta, ao contrário do que o seu nome sugere, por ser mais pacata, mais cidadã, ideal para uso diário e para passeios com prioridade na paisagem.

TOCADA A mais confortável do comparativo é a melhor também para o garupa. Seu quatro cilindros tem excelente torque em baixa e é ágil no trânsito.

★★★★

DIA A DIA Ideal para ser usada diariamente, com o bônus de que seu seguro não é impeditivo.

★★★★★

ESTILO A recente modernização estilística a fez ganhar algum fôlego, mas falta agressividade ao conjunto.

★★★

MOTOR E TRANSMISSÃO O quatro em linha refrigerado a água tem o melhor torque útil, além de ser macio e silencioso. O câmbio é preciso e dócil.

★★★★

SEGURANÇA Seus freios são progressivos e o conjunto de chassi, suspensões e pneus, apesar de sacudir um pouco em alta, é estável.

★★★

MERCADO Há anos no mercado, a Bandit arrebanhou muitos admiradores: é fácil vendê-la e a depreciação não é das piores.

★★★

3° BMW F 800 R

Uma BMW é sempre uma BMW. Mais que uma obviedade, a frase é a constatação de que ela representa o resultado do cruzamento entre a proverbial robustez da engenharia alemã e a última palavra em gadgets de eletrônica embarcada.

Como a maior parte de suas irmãs, a F 800 R é uma moto de sonho. Não está entre as líderes do comparativo por uma razão principal, o preço, e outra secundária, o número de cilindros.

Ela custa quase 46000 reais, cerca de 50% a mais que as rivais da categoria, na média. É uma diferença e tanto. Em relação à ER-6n, a outra bicilíndrica do teste, o troco chega a 20000 reais, soma que dá para fazer uma linda viagem – ou comprar outra ótima moto. Que tal uma trilheira média novinha em folha e ainda uma carreta para levála até a trilha? Dá. Não que a alemã não valha seu preço: ela é linda, forte, moderna e traz status incomparável. No longo prazo, desvaloriza menos que as japonesas e mantém integralmente o carisma.

O outro ponto é a atração dos quatro cilindros alinhados e a capacidade subjetiva que seu ronco fundo e nervoso tem de injetar adrenalina na circulação sanguínea.

O motor da BMW, encomendado à austro-canadense Rotax, é mais que bom (tem o maior e mais útil torque do grupo: 8,7 mkgf a 6000 rpm), mas não é instigante como o ronronar de um quatro em linha nem tão potente em alta. Além disso, vibra bem mais que os motores multicilíndricos.

É a mais confortável do comparativo, com sua ergonomia bem dimensionada e seu bom banco. Também é equilibrada e tem um projeto de chassi e suspensões atual e eficiente. Apesar de imponente, permite uso urbano.

TOCADA A F 800 R é muito confortável, com posição bem relaxada. Tem boa manobrabilidade e o motor empurra bem, mas vibra mais que as de quatro cilindros.

★★★★

DIA A DIA Boa e gostosa de dirigir, sem cansar. O porte avantajado não representou empecilho no trânsito urbano.

★★★★

ESTILO Tem de sobra e lembra sua irmã K 1300 R. As linhas retas e agressivas chamam atenção.

★★★★

MOTOR E TRANSMISSÃO O Rotax de dois cilindros responde com ímpeto e o câmbio curto transmite a sensação de maior potência.

★★★★

SEGURANÇA A BMW é ponta de lança em tecnologia motociclística. A moto é estável e o ABS funciona bastante bem.

★★★★

MERCADO A mais cara do teste é rara nas ruas: o status que oferece, a fama de sofisticação, a qualidade e a robustez da marca justificam o preço.

★★★★

2° HONDA CB 600F HORNET

Quase, quase mesmo a Hornet ganhou este comparativo. A decisão foi pela diferença de preço entre ela, uma 600, e a Z, uma 750… Os 150 cc extras fazem diferença – mais no status que no desempenho -, e custam apenas 730 reais, um pechincha por centímetro cúbico. Nas versões com ABS (as testadas), o troco é ainda menor: 710 reais. Está certo que o ABS da Honda é melhor: é o C-ABS, que distribui a frenagem entre a frente e a traseira, independentemente do modo como é acionado. Os freios da Hornet são superiores aos da Kawasaki.

A Honda tem conjunto redondinho e é quase uma supersport descarenada – e com menos cavalaria. Seu motor prefere as altas rotações e tem elevado potencial de diversão para quem gosta de tocar em alta. Pequena e compacta, é também muito boa na cidade e nas curvas fechadinhas em sucessão.

A posição de dirigir é confortável e equilibrada, assim como acolhe bem o motociclista, especialmente se não tiver estatura superior a 1,80 metro. Pilotos mais altos começam a sobrar na moto, que lhes parece diminuta.

O design é sóbrio, compacto, e mantém o encanto, apesar de o número de Hornet nas ruas torná-lo comum, conhecido. O fato é que a moto, apesar de suas qualidades, já não chama mais atenção e não tem o apelo da novidade – e esses foram alguns dos fatores que a levaram ao vice-campeonato.

O outro dos raros fatores que a denigrem é vergonhoso. Chega a dar medo rodar de Hornet nos centros urbanos. Mesmo que se tenha um bom seguro (imprescindível), a sensação de ser ameaçado não é das melhores. Assim, por falta de segurança, uma das melhores motos do segmento perde combatividade diante da concorrência.

TOCADA Sem dúvida, uma de suas maiores virtudes é a dirigibilidade com respostas previsíveis, que a torna estável nas mudanças de trajetória em qualquer condição.

★★★★

DIA A DIA Muito boa para o uso diário – não fosse seu seguro quase impraticável, ficaria perto da perfeição neste quesito.

★★★

ESTILO Ainda se mantém moderna, apesar da frequente presença nas ruas. Suas concorrentes estão bastante arrojadas, mas a Honda mantém fôlego para mais alguns confrontos.

★★★★

MOTOR E TRANSMISSÃO O motor é do tipo que pede gás, deixando seu regime de baixa um pouco chocho: depois dos 7500 rpm, começa a diversão. O câmbio é suave e tem engates precisos.

★★★★

SEGURANÇA A unidade testada com o sistema ABS/CBS de freios mostrou sua eficiência. Inclusive por ajudar o motociclista menos experiente nas frenagens súbitas.

★★★★

MERCADO A Hornet é uma moto que tem muitos admiradores e a procura é boa, inclusive pelos gatunos.

★★★★★

1° KAWASAKI Z 750

O design das novas Kawasaki naked dá um show de agressividade e atualidade. A moto se impõe visualmente diante das demais, compondo com a BMW e a ER-6n a trinca das motos de desenho realmente vanguardista deste sexteto.

Além disso, tem maior porte, maior cilindrada, maior velocidade final na pista (embora tenha sido superada pela Hornet na aceleração até 100 km/h, por décimos de segundo) e o status de novidade – que atrai toda a atenção da rua, fatores que definiram sua escolha como a vencedora deste comparativo.

O preço, apenas ligeiramente superior, definiu a decisão, bem como a oferta de ABS (embora não seja distributivo da frenagem como na Hornet), elemento vital de segurança ativa.

Motor, quadro e suspensões tendem à esportividade. Seu quatro em linha se enfurece para valer a partir de 7000 rpm e tem boa elasticidade, com o pico de torque (de ótimos 8 “quilos”) a muito úteis 8300 rpm.

A posição de dirigir é relaxada, confortável, mas o banco é um pouco duro, coisas da tal esportividade. Seu pequeno ângulo de esterçamento prejudica um pouco as manobras urbanas, principalmente em baixa velocidade e em espaços apertados. Apesar da suspensão invertida e do chassi de última geração, tende a chacoalhar um pouco nas curvas de pista já ondulada, muito perto do limite.

O freio é potente e pilotos mais radicais precisam acostumar-se com o ABS, que impede o travamento, liberando a roda parcialmente ao detectar o início de uma derrapagem. Mas o ganho de segurança sobre piso escorregadio compensa enormemente a eventual necessidade de ter que se habituar ao processo de frenagem com ABS.

TOCADA Apesar do porte, dá para usar no trânsito; seu pequeno ângulo de esterçamento dificulta manobras apertadas. O motor elástico compensa as dificuldades.

★★★★

DIA A DIA A posição de pilotagem, um pouco inclinada sobre o tanque, pode tornar o uso diário um pouco cansativo.

★★★

ESTILO Tem o design mais agressivo deste comparativo: é moderna e chama muito a atenção.

★★★★

MOTOR E TRANSMISSÃO O motor é uma delícia e empurra forte. É o mais potente entre as motos testadas e empolga ao girar o punho.

★★★★

SEGURANÇA A unidade testada também estava com o sistema ABS, o que ajuda nas frenagens emergenciais.

★★★★

MERCADO A quantidade de unidades novinhas vistas pelas ruas da capital paulista mostra que a Z 750 caiu no gosto do freguês.

★★★★

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