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Fiat Toro Ranch: as versões a diesel da picape ainda fazem sentido?

Motorização a diesel sofre com o maior custo de manutenção e menor desempenho, mas é mais robusto e faz a picape levar até 1 tonelada de carga

Por Guilherme Fontana Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 14 out 2021, 13h52 - Publicado em 19 ago 2021, 17h00
Fiat Toro Ranch
Grade “bocão” é exclusiva das versões Ranch e Ultra; na Ranch, acabamento é cromado (Fernando Pires/Quatro Rodas)

A estreia da moderna e eficiente motorização 1.3 turbo flex na Fiat Toro 2022 colocou em dúvida o sentido do motor a diesel na picape, já que a novidade passou a entregar números de desempenho superiores. Só que além de ajudar na imagem do modelo, o motor turbodiesel também possui uma legião de fãs e defensores.

Confira o vídeo da Toro Ranch, que parte de R$ 191.990 e só fica abaixo da Ultra, versão a diesel topo de linha:

Em relação às versões a diesel mais baratas, a Ranch tem como diferencial a dianteira mais agressiva, marcada pela grade com borda cromada e o enorme logo da Fiat no centro, tudo inspirado nas RAM. Há quem veja exagero no desenho e na quantidade de cromados, mas a intenção é justamente essa, assim como acontece com as versões topo de linha das picapes médias. Todo o conjunto de iluminação dianteiro tem LEDs.

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De lado, há mais cromados nos retrovisores, nos frisos da janela e da porta, e nas maçanetas. Isso sem contar o estribo na base das portas (que vai contra a sua função e atrapalha na hora de entrar no carro) e o santantonio. As rodas são exclusivas, de 18 polegadas, com acabamento diamantado escurecido. A traseira não tem diferenças.

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Fiat Toro Ranch
Lateral tem vários itens cromados, mas a traseira segue sem novidades (Fernando Pires/Quatro Rodas)

O interior da Toro evoluiu muito em comparação com o anterior. O acabamento melhorou, apesar de não ter nenhum material emborrachado, o número de porta-objetos aumentou e a tecnologia ficou mais presente – o quadro de instrumentos digital de 7 polegadas e a enorme central multimídia vertical com 10 polegadas, e Android Auto e Apple CarPlay sem fio, são provas disso.

No acabamento, a Ranch tem painel com apliques que simulam madeira e bancos de couro marrom com aspecto manchado, tudo para dar um ar mais rústico e do campo. Porém, a parte superior do painel é toda em plástico rígido. Não há materiais emborrachados nem mesmo nas portas.

Fiat Toro Ranch
Interior da Toro ficou mais refinado; central multimídia se destaca (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Mecânica robusta

Debaixo do capô está um motor 2.0 turbodiesel de 170 cv de potência e 35,7 kgfm de torque. É o mesmo dos Jeep Renegade e Compass, com uma construção robusta. Como em todo bom motor a diesel, ele foca na entrega de torque, que vem cedo, a 1.750 rpm. Em comparação com o 1.3 turbo flex, são 15 cavalos a menos e 8,2 kgfm a mais. 

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Assim como o torque, a taxa de compressão também é maior, de 16,5:1, já que esse tipo de motor não precisa de velas – a ignição é feita pela compressão dentro da câmara de combustão. O câmbio das Toro a diesel é sempre automático de 9 marchas e a tração é integral com reduzida.

Fiat Toro Ranch
Motor 2.0 turbodiesel é o mesmo do Jeep Compass, com 170 cv (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Mas, apesar da robustez, os custos pesam contra. A manutenção de um modelo a diesel costuma ser bem mais cara, e isso já é visível no próprio plano de revisões da Fiat. As seis primeiras revisões da Toro flex custam, ao todo, R$ 4.436, enquanto as seis primeiras da diesel saem por R$ 7.972.

O volume da caçamba, de 937 litros, e a carga rebocável, de 400 kg, são exatamente os mesmos das versões com motor turbo flex. O que muda é a capacidade de carga na caçamba. Enquanto nas flex você pode levar até 670 kg, aqui o limite sobe pra 1 tonelada. São só 108 kg a menos do que uma S10 High Country pode levar. E esse é um atributo que contribui (e muito) para que a picape seja um sucesso de vendas.

Como é andar?

A Toro diesel mantém a boa dirigibilidade das outras configurações, como a flex. A direção tem o ajuste voltado para o conforto e as mudanças de trajetória são feitas com suavidade, sem qualquer pretensão esportiva.

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Fiat Toro Ranch
Bancos são confortáveis e refletem o rodar suave da Toro (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Esse conforto também acontece na suspensão, que é robusta e absorve muito bem as imperfeições do solo. Dá para passar por pequenos obstáculos sem que os ocupantes sofram com pancadas secas. Apesar disso, ela faz curvas muito bem, principalmente graças ao eixo traseiro, que é multilink, e ao chassi monobloco, e garante boa estabilidade até em velocidades mais altas. 

O que deu para sentir depois da chegada do motor turbo flex, é que o desempenho da Toro diesel ficou para trás. Nos nossos testes, a diesel foi de 0 a 100 km/h em 11,3 segundos, contra os 10,3 segundos da flex, com gasolina. Talvez parte disso seja culpa dos 213 kg a mais em relação a uma Volcano flex e do sistema de tração 4×4 permanente.

Fiat Toro Ranch
Couro dos bancos é marrom com aspecto manchado, para dar um ar mais rústico (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Mas esses números não são um problema, já que desempenho em acelerações não é a prioridade de um carro com esse tipo de motor. Aqui prevalece a força que o torque pode proporcionar em outras situações, como o fora de estrada, por exemplo.

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Uma das prioridades é o menor consumo, característica dos motores a diesel. Nos nossos testes, o modelo chegou às médias de 11,3 km/l na cidade e 14,3 km/l na estrada. A flex fez 8,9 km/l em ciclo urbano e 12,6 km/l no rodoviário, com gasolina.

Fiat Toro Ranch
Painel tem aplique plástico com imitação de madeira e plaqueta que identifica a versão (Fernando Pires/Quatro Rodas)

O câmbio de 9 marchas ajuda a chegar nessas boas médias por trabalhar em rotações mais baixas. A 100 km/h, por exemplo, já estamos em nona marcha e a só 1.500 rpm. 

O ronco e a vibração do motor são bem suavizados na Toro e passam muito longe de incomodar como acontece em picapes maiores, como a turma de Toyota Hilux e Chevrolet S10. O ronco, pelo menos, é bem bonito e dá aquela sensação de força das picapes a diesel. Acaba sendo até um atrativo a mais e, não à toa, o motor flex emite um ruído parecido.

Fiat Toro Ranch
Santantônio é item de série na Toro Ranch (Fernando Pires/Quatro Rodas)
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Ainda faz sentido?

A Toro Ranch mostra que o motor a diesel ainda faz total sentido na picape, especialmente porque as versões flex não oferecem a tração 4×4. Além disso, a faixa de preço que ela ocupa não oferece nenhuma outra opção, principalmente com esse nível de equipamentos e tecnologia. As picapes médias já estão em outro patamar de valores.

A maior robustez mecânica, o menor consumo de combustível e o maior torque passam por cima de problemas que não são prioridades para quem compra esse tipo de carro. Também pesa a favor o menor custo do litro do diesel.

Ou seja, quem sonha ou precisa de uma picape diesel, mas tem até R$ 200.000 para isso, pode começar pela Toro. Esse público existe e talvez você faça parte dele.

Teste – Fiat Toro Ranch diesel

  • Aceleração de 0 a 100 km/h: 11,3 s
  • Aceleração de 0 a 1.000 m: 32,7 s – 157,5 km/h
  • Retomada de 40 a 80 km/h: 4,9 s (em D)
  • Retomada de 60 a 100 km/h: 6,5 s (em D)
  • Retomada de 80 a 120 km/h: 8,1 s (em D)
  • Frenagens de 60/80/100/120 km/h a 0: 14,7/25,2/39,8/57,3 m
  • Consumo urbano: 11,3 km/l
  • Consumo rodoviário: 14,3 km/l

Ficha técnica – Toro Ranch diesel

  • Preço: a partir de R$ 191.990
  • Motor: diesel, dianteiro, transversal, 4 cilindros, 16V, 1.956 cm³, 170cv e 35,7 kgfm 
  • Câmbio: automático, 9 marchas, tração 4×4
  • Suspensão: McPherson (dianteira), multilink (traseira)
  • Freios: discos (dianteira), tambor (traseira)
  • Capacidade de carga: 1.000 kg
  • Dimensões: comprimento, 494,5 cm; altura, 173,4 cm; largura, 184,5 cm; entre-eixos, 299,0 cm; caçamba, 937 l; tanque, 60 l

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