Carro “mil” não é mais o mesmo. Aquele propulsor franzino, apático e incapaz de enfrentar uma ladeira com quatro adultos a bordo está ultrapassado. A rotina de desligar o ar-condicionado para ganhar velocidade em ultrapassagens praticamente não é mais necessária. No entanto, a ideia de que automóvel com motor 1-litro precisa custar pouco porque pertence a um segmento de entrada permanece viva como nunca. Mas isso vai ter que mudar.
O Fiesta EcoBoost 1.0 anda mais que seu equivalente 1.6. Não tem medo de ladeira, nem passa vergonha ao visitar o posto de gasolina. Produz 125 cavalos (mesma potência do Sigma 1.6) e faz 16,1 km na estrada com apenas um litro de gasolina (ele não é flex). Nada parecido com o já aposentado (e beberrão) Fiesta 1.0 Supercharger. Dessa vez, o novo motor da Ford está à frente de algumas concepções – ou seja, a gente vai ter que repensar o mundo dos 1-litro.
Em primeiro lugar, esse motor equipa a versão Titanium Plus, configuração mais cara da linha, por R$ 71.990. E nada de câmbio manual: trabalha em conjunto com a caixa automática de seis marchas e dupla embreagem PowerShift. O constrangimento de não conseguir ultrapassar o VUC dos Correios também acabou: em nosso teste publicado na edição de julho de QUATRO RODAS, o Fiesta Turbo foi de 0 a 100 km/h em meros 9,5 s. No ranking de hatches e sedãs compactos mais rápidos testados por QUATRO RODAS, a novidade é também o atual líder, à frente do Hyundai HB20 1.6 manual. O terceiro é o VW Up! TSi – também 1.0 e equipado com turbocompressor.
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Uma das vantagens mecânicas do novo Fiesta é a suavidade de rodagem. Mesmo em altas rotações, o pequeno 1-litro de três cilindros não vibra como um trem de força com essa configuração – característica comum no Ka, Up! e HB20. E esse efeito foi conseguido por meio de um retrabalho nos pistões e virabrequim, bem como a revisão nos coxins.
Desde a apresentação oficial do Fiesta Turbo, o principal foco de críticas tem sido o preço (R$ 71.990). E realmente o valor é insano para um carro dessa categoria. Porém, a Ford afirma que essa quantia é justificada pelas tecnologias adotadas no propulsor. Importado da Romênia, o pequeno 1.0 conta com duplo comando de válvulas com abertura variável, coletor de escape integrado ao cabeçote (de alumínio), correia banhada em óleo, injeção direta de combustível, turbina e intercooler. Além disso, a única opção de transmissão disponível é o PowerShift de seis velocidades.
No entanto, a antiga versão mais cara (Titanium 1.6 AT) era vendida por R$ 69.490. Com a chegada do 1.0 turbinado, a Ford promoveu um reescalonamento das versões e passou a oferecer o Titanium Plus 1.6 por R$ 70.690. Ou seja, são apenas R$ 1.300 a mais. Na prática, isso significa que o preço estratosférico não é exclusividade do lançamento. A nova motorização tirou do catálogo o Fiesta S (versão mais em conta) e todas as opções equipadas com motor 1.5. Essa motorização não estará mais disponível no site da montadora, mas poderá ser adquirido por frotistas.
Ao volante, o EcoBoost 1.0 anda melhor que o 1.6, e oferece a sensação de que é mais ágil. E isso tem explicação: a curva de torque e potência do turbo é mais plana entre 1.400 e 4.000 giros, o que amplia a disponibilidade de força já em baixas rotações. No 1,6-litro, é necessário trabalhar o acelerador para manter o giro elevado a fim de obter alto desempenho. Na prova de 0 a 100, inclusive, o 1.6 teve performance inferior – marcou 10,5 segundos.
O Fiesta Titanium Plus (tanto o 1.0 turbo quanto o 1.6) vem equipado com 7 airbags, partida por botão, rodas de liga de 16 polegadas, sensor crepuscular e de chuva, piloto automático e bancos de couro. São equipamentos que, até bem pouco tempo, eram impensáveis para um “carro mil”. Também não era possível imaginar que os 1.0 teriam mais fôlego que um 1.6 (ou os antigos 1.8), com consumo ainda melhor que os demais modelos com mesma cilindrada. Mas também ninguém esperava que essa categoria pudesse custar o mesmo que um V6 – um Hyundai Azera 3.0 2012, por exemplo, sai por volta de R$ 73.000 no mercado de seminovos.