A versão três volumes do Focus acaba de ganhar as modificações visuais apresentadas em junho no hatchback. E sua principal novidade não está no visual nem na mecânica, mas sim em seu nome: ele passa a ser chamado de Focus Fastback, evocando a mais famosa versão do Mustang, maior ícone esportivo da Ford. Mas não se engane com o sugestivo e pomposo nome – ele é o mesmo Focus Sedan apresentado em 2013 que ganha as atualizações da reestilização.
No visual, a principal mudança está na dianteira, incorporando a nova grade ao estilo Aston Martin, como no hatch. Na traseira, as mudanças são bem mais sutis, com nova disposição de luzes nas lanternas e uma sutil mudança na tampa do porta-malas na área ao redor da placa. Fora isso, ele mantém o design interessante, com carroceria repleta de vincos marcantes no capô e nas laterais, além da charmosa caída suave do teto em direção à traseira.
Essa última característica, aliás, foi a deixa para a adoção do nome Fastback. A intenção é, obviamente, associar a imagem do carro com esportividade e atingir um público-alvo mais específico do segmento dos sedãs médios. A Ford chegou a conclusão que é perda de tempo ir atrás do consumidor clássico de Toyota Corolla e Honda Civic, mais conservador, e quer, “atrair um consumidor que seja entusiasta de automóveis, deseje uma pegada e design esportivos, além de tecnologia embarcada”, nas palavras do gerente de marketing Oswaldo Ramos.
Além disso, a Ford parece ter se tocado de uma antiga falha na versão sedã: o baixo investimento em marketing. “Sabemos que temos um produto adequado para essa proposta, tanto em design como em mecânica”, diz Ramos. “Mas também sabemos que é preciso comunicar isso adequadamente ao consumidor”. A versão três volumes terá uma campanha publicitária exclusiva e milionária, estrelada por um ator de Hollywood, além de várias ações envolvendo três pilotas e promoções que levarão potenciais clientes para dirigir o carro em cenários mundialmente conhecidos, sob o mote: “Um carro que exige um test-drive maior que uma voltinha no quarteirão.”
Ao volante – O conjunto mecânico do Fastback não sofreu alterações e manteve o motor 2.0 bicombustível de injeção direta, com 178/175 cavalos (etanol/gasolina) de potência e 22,5/21,5 mkgf de torque máximo a 4 500 rpm – com 88% já disponíveis a partir de 2750 rpm, o que lhe garante um bom fôlego nas acelerações e retomadas, com pronta resposta ao acelerador. O câmbio automatizado de dupla embreagem também colabora, oferecendo trocas rápidas, realizadas em apenas 2 décimos de segundo, mas de forma suave.
A suspensão é bem ajustada, com um bom equilíbrio entre conforto e estabilidade. As irregularidades do solo são bem absorvidas, sem chacoalhar os passageiros, mas por outro lado o motorista não fica alheio ao que se passa debaixo dos pneus. A suspensão traseira multilink oferece uma ótima dirigibilidade e, junto com a direção elétrica com respostas diretas, agrada a quem gosta de uma tocada esportiva. No fim das contas, a conclusão é que a campanha segue por um rumo certo, embora tenha demorado um par de anos.
A Ford também admite que não concorre pelo consumidor que procura prioritariamente por espaço. O porta-malas carrega 421 litros, abaixo da concorrencia (Civic, o pior do restante, leva 449 l, enquanto o Sentra carrega 503 l). No banco traseiro, eu que tenho 1,69 metro não tive do que reclamar, mas quem tem mais de 1,80 não deve se sentir muito confortável. Ramos é direto nesse ponto. “Nosso carro realmente não prioriza essa questão de espaço”, avalia. “Se o consumidor tem como prioridade o espaço, seja para os passageiros ou para bagagem, creio que ele deve procurar um carro da concorrência.”
Há ainda alguns pecados na construção, repetindo alguns problemas que constatamos na avaliação do modelo lançado em 2013 – a unidade avaliada apresentava irregularidades nos vãos entre o capô e os paralamas. Por outro lado, o Focus detém avaliação de cinco estrelas no Latin NCAP, contando com aços de ultra-resistência em sua construção. E, segundo a Ford, no projeto de reestilização ela tratou de melhorar o nível de ruído, com carpetes e forração interna de melhor absorção acústica e a adoção de isoladores de ruído nas caixas de rodas dianteiras e nos retrovisores externos.
Bolso – Além da campanha publicitária, a Ford segue a política agressiva de preços adotada no lançamento do hatch. O Focus já trazia um pacote mais generoso em relação aos concorrentes e, agora, a antiga versão de entrada “S” foi descontinuada e, pelo mesmo preço, e seu posto é ocupado pela SE, sem a perda de equipamentos (veja preços e conteúdo das versões abaixo), enquanto a versão Titanium sofreu redução de 3 mil reais. Além disso, a Ford oferece, para os dois mil primeiros compradores do Focus Fastback, independente da versão, revisão a custo zero nas quatro primeiras revisões, até a de 30 mil quilômetros ou 36 meses. A marca não revelou a tabela de revisões do Fastback, mas tomando por base a da versão hatch, isso equivale a um bônus de 1820 reais.
Ford Focus Fastback SE – R$ 77 900,00
– controle eletrônico de tração e estabilidade
– assistente de partida em rampa
– controle de torque em curvas
– sistema de estabilidade preventivo
– sistema de monitoramento da pressão dos pneus
– freios a disco nas 4 rodas
– sensor crepuscular e de chuva
– retrovisor interno eletrocrômico
– LCD colorida de 4,2″
Ford Focus Fastback SE Plus – R$ 79 900,00
Além do conteúdo da SE, acrescenta:
– airbags laterais
– bancos revestidos em couro
– sensor de estacionamento traseiro
– ar-digital bizona
– piloto automático
– limitador de velocidade
– trocas de marcha no volante
Ford Focus Fastback Titanium – R$ 87 900,00
Além do conteúdo da SE Plus, acresenta:
– airbags de cortina
– sistema multimídia com tela de 8″
– painel de instrumentos com tela LCD de 4,2″
– sistema de com Sony com 9 alto-falantes
– abertura de portas e partida sem chave
Ford Focus Fastback Titanium Plus – R$ 96 900,00
Além do conteúdo da Titanium, acrescenta:
– assistente de frenagem autônomo
– faróis bi-xenon adaptativos
– sistema de estacionamento automático
– sensor de estacionamento dianteiro
– retrovisores externos com rebatimento elétrico
– ajustes elétricos do banco do motorista
– teto solar elétrico
Veredicto – Ele mudou de nome, mas com a mecânica inalterada, é o mesmo Focus Sedan de antes. A redução de preço o deixou mais atraente.