Honda City e Toyota Yaris revivem a velha rivalidade entre Civic e Corolla
O sedã da Toyota chega a linha 2023 com alterações no design e na calibração do motor 1.5, já o Honda mudou de geração e tem motor mais potente e eficiente
Quem tem um irmão ou primo mais velho sabe que é natural que os mais novos os tomem como modelo e sigam os seus passos. Esse fenômeno também pode acontecer no mundo dos automóveis, onde as referências são os carros consagrados pelo mercado.
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Esse é o caso dos “irmãos mais velhos” Honda Civic e Toyota Corolla, que serviram de base e inspiração para os menores City e Yaris.
E a pretensão de seguir os mesmos passos nesses dois casos tem uma razão adicional, que é o fato de os novatos chegarem com a missão de substituir as versões de entrada dos irmãos maiores.
No caso do Honda ele realmente ocupa o espaço do Civic, afinal o sedã já não é mais fabricado no Brasil e será oferecido em versão importada, mais cara. Já o Toyota tem a vontade de ser considerado alternativa à versão de entrada do Corolla, a GLI.
Seguindo a tradição da rivalidade entre Civic e Corolla, City e Yaris são inimigos declarados. O Honda mudou de geração em dezembro do ano passado e já em janeiro o Toyota recebeu um facelift para fazer frente ao concorrente.
Alinhamos aqui as versões topo do Yaris (XLS) e intermediária do City (EXL), que se equiparam em conteúdo e em preço para um duelo.
O Toyota renovado recebeu mudanças estéticas sutis. A frente foi assumidamente inspirada no Corolla, com bastante semelhança nas entradas decorativas laterais. A grade também é nova, em formato trapezoidal e acabamento tipo colmeia.
Os faróis continuam afilados, mas agora são de led com luzes de rodagem diurna integradas na mesma peça – atributo presente apenas na topo de linha.
O City mudou de geração e, portanto, o esperado era uma alteração mais significativa em visual, mas não foi bem isso que aconteceu. O design segue a identidade visual da marca, que é mais conservadora.
As linhas são predominantemente horizontais e em relação à geração anterior ele está mais baixo e largo. Na frente, o destaque é a nova grade, que consiste em uma régua cromada que, por sua vez, une os faróis, formando uma peça única.
E, na versão EXL, as lâmpadas são halógenas, enquanto o rival tem faróis de led. Apenas a topo de linha Touring traz faróis com tecnologia full-led.
Economia é prioridade
Não é segredo que ambos os sedãs têm foco na economia de combustível e suas respectivas engenharias trabalharam em seus motores para proporcionar o máximo de desempenho possível com o mínimo de consumo.
E o objetivo não foi somente poupar os clientes na hora de abastecer, mas também se adequar às novas regras de emissões de poluentes mais rígidas que entraram em vigor este ano em nosso mercado.
Assim, toda a linha Yaris passou a contar com motorização única: 1.5 Dual VVT-i de 110 cv e 14,9 kgfm.
Esse motor, que traz duplo comando de válvulas variável, recebeu nova calibração e melhorias no sistema de alimentação, notadamente na construção do tanque de combustível, para reduzir a emissão de poluentes por evaporação.
Já a Honda renovou por completo o propulsor do City (que tem o mesmo deslocamento e também é aspirado, assim como o Toyota).
O novo 1.5 traz cabeçote com duplo comando de válvulas variável e injeção direta, e ganhou um incremento de 10 cv. Agora são 126 cv contra 116 cv do antecessor.
Ambos são motores modernos e que oferecem bom desempenho, porém foi o City que se saiu melhor na nossa pista de testes. Ele fez de 0 a 100 km/h em 10,5 s, enquanto o Yaris cumpriu o ensaio em 13,2 s.
Nas retomadas o Honda também foi superior, em especial na de 80 a 120 km/h, que executou em 7,7 s, enquanto o rival precisou de 9,4 s. Essa diferença pode ser atribuída ao fato de o motor 1.5 do City ser 16 cv mais potente que o do Yaris – uma diferença significativa.
E no consumo o Honda continuou soberano com médias de 13 km/l na cidade e 17,4 km/l na estrada, ante 12,9 km/l e 15,4 km/l do Toyota, respectivamente.
No dia a dia, os dois sedãs apresentam acelerações progressivas e lineares, comportamento que transmite confiança aos motoristas. E, no que diz respeito à transmissão, graças aos câmbios CVT com sete marchas simuladas nos dois carros, as trocas são suaves e sem trancos.
O que incomoda é o ruído elevado do motor que invade a cabine, principalmente nas acelerações.
Esse problema ocorre nos dois sedãs, porém no City o ruído interno é maior. Em rotação máxima do motor, medimos 71,1 dBA no Honda contra 65,5 dBA do Toyota.
Os sedãs privilegiam o conforto e seus conjuntos de suspensão (Mcpherson e eixo de torção) enfrentam bem as imperfeições do piso.
Prós e contras
Na linha 2023 o Yaris ganhou a central multimídia de 7”, sensível ao toque com acesso a Android Auto e Apple CarPlay com fio.
Sua operação é intuitiva, mas os grafismos poderiam ser mais atrativos e a sensibilidade ao toque, mais responsiva.
A tela poderia ser maior, uma vez que a do City tem 8”. Mas, de todo modo, ela merece um elogio porque sua resolução é superior à do rival e isso pode ser facilmente percebido ao acionar a câmera de ré.
Já a central do City peca na resolução, ganha pontos em todos os outros quesitos, além do tamanho. Sua tela é mais responsiva e o espelhamento com smartphones se faz sem fio e, após o primeiro pareamento por Bluetooth, a identificação é automática, o que torna a vida a bordo mais confortável.
Só uma ressalva: a central do City incorpora a função de exibir a imagem lateral do carro quando a seta é acionada para a direita, o que é bom. Mas, se o motorista estiver usando a tela com um recurso como o Waze, a orientação do aplicativo some de vista e só volta após a manobra de mudança de faixa ou conversão ter sido concluída.
No acabamento, o Honda pontua mais uma vez. Há variedade de texturas e materiais, e mesmo o plástico rígido tem bom tratamento. O quadro de instrumentos traz uma tela em TFT de 7” (mas, curiosamente, o ponteiro do velocímetro é físico!!!).
Seus bancos são revestidos de material que imita couro, assim como os do Yaris, que têm revestimento parcial de imitação de couro. Mas os bancos do City apoiam melhor o corpo porque têm espuma de maior densidade e apoios laterais que cumprem melhor sua função.
Já no Toyota, o acabamento não tem tanta qualidade percebida. Nele, predomina plástico rígido escuro sem texturas e as partes emborrachadas se resumem aos apoios de braço nas portas e no porta-objetos central. O quadro de instrumentos é analógico com tela digital de 4,2”.
A lista de equipamentos dos dois é parecida. A diferença é que o Yaris apresenta sete airbags (contra seis do City), teto solar, sistema pré-colisão (que detecta uma situação de emergência e prepara os freios para entrar em ação) e alerta de mudança de faixa.
Por sua vez o City, em sua versão intermediária EXL, traz o LaneWatch (câmera lateral do lado direito) e conexão sem fio para celulares como itens exclusivos.
Apenas a versão topo de linha do Honda é equipada com tecnologias semiautônomas como piloto automático adaptativo, monitoramento para saídas involuntárias de faixa e frenagem autônoma de emergência – mas todos esses itens não estão presentes nem como opcionais no Toyota.
No tamanho, o Honda também leva a melhor por oferecer mais espaço interno. Ele é maior em todas as dimensões e proporciona 8 cm a mais para as pernas dos ocupantes traseiros em relação ao Yaris.
A questão é que seu assoalho tem um ressalto que deixa os pés do passageiro central desconfortavelmente elevados. E, no Yaris, o assoalho é totalmente plano. O porta-malas do City leva 519 litros, enquanto o do Yaris carrega 473 litros.
O City vence o embate pelo conjunto da obra mesmo em sua versão menos equipada. Afinal, é melhor em desempenho e consumo, bem acabado, maior, mais conectado e mais barato.
O City EXL é exatos R$ 3.670 mais em conta que o Yaris XLS. E se considerarmos o City Touring, o placar não muda, mesmo sendo R$ 4.630 mais caro que o Toyota, pois traz de série tecnologias que justificam a diferença de valor.
Veredicto
O Toyota Yaris teve um facelift leve em visual e equipamentos e essas pequenas mudanças não foram suficientes para se equiparar ao Honda City, que chegou à quinta geração mais moderno, tecnológico, equipado e com motor mais potente e econômico. Esses atributos o tornam um dos melhores sedãs compactos do mercado.
Testes feitos por QUATRO RODAS
Honda CIty | Toyota Yaris | |
0 a 100 km/h | 10,5 s | 13,2 s |
0 a 1.000 m | 31,8 s – 170,3 km/h | 34,7 s – 156,4 km/h |
Velocidade máxima | n/d | n/d |
Retomadas | ||
D 40 a 80 km/h | 5 s | 5,5 s |
D 60 a 100 km/h | 6 s | 7,1 s |
D 80 a 120 km/h | 7,7 s | 9,4 s |
Frenagens | ||
60/80/120 km/h a 0 | 14,9/26,6/61,6 m | 15/25,4/62 m |
Consumo | ||
Urbano | 13 km/l | 12,9 km/l |
Rodoviário | 17,4 km/l | 15,4 km/l |
Ruído interno | ||
Neutro/RPM máx. | 39,5/71,1 dBA | 39,8/65,5 dBA |
80/120 km/h | 64,1/69,7 dBA | 68,2/71,9 dBA |
Aferição | ||
Velocidade real a 100 km/h | 96 km/h | 94 km/h |
Rotação do motor a 100 km/h em 5a marcha |
1.800 rpm | 1.750 rpm |
Volante | 2,7 voltas | 3,2 voltas |
Seu Bolso | ||
Preço básico | R$ 112.500 | R$ 116.170 |
Concessionárias | 212 | 216 |
Revisões até 50.000 km | R$ 4.678 | R$ 3.364 |
Condições de teste: alt. 660 m; temp., 29/31 °C; umid. relat., 44/67,5%; press., 1.012,5/1.033 mmHg
Ficha Técnica – Honda CIty Sedã
- Motor: 1.5 DOHC VTEC, flex, diant., transv., 4 cil.; 16V; injeção direta, 126 cv a 6.200 rpm, 15,8/15,5 kgfm a 4.600 rpm
- Câmbio: automático, CVT, 7 marchas simuladas
- Direção: elétrica
- Suspensão: McPherson (diant.), eixo de torção (tras.)
- Freios: disco ventilado (diant.), sólido (tras.)
- Pneus: 185/55 R16
- Peso: 1.167 kg
- Dimensões: comprimento, 454,9 cm; largura, 174,8 cm; altura, 147,7 cm; entre-eixos, 260 cm; tanque, 44 l; porta-malas, 519 l
Ficha Técnica – Toyota Yaris Sedã
- Motor: 1.5 Dual VVT-i, flex, diant., transv., 4 cil., 16V, 110/105 cv a 5.600 rpm, 14,9/14,3 kgfm a 4.000 rpm
- Câmbio: automático, CVT, 7 marchas simuladas
- Direção: elétrica
- Suspensão: McPherson (diant.), eixo de torção (tras.)
- Freios: disco ventilado (diant.), tambor (tras.)
- Pneus: 185/60 R15
- Peso: 1.150 kg
- Dimensões: comprimento, 425,5 cm; largura, 173 cm; altura, 149 cm; entre-eixos, 255 cm; tanque, 45 l; porta-malas, 473 l