O Santa Fe não é xará de uma cidade americana por acaso. A Hyundai sempre esteve de olho no mercado de SUVs daquele país, um dos maiores segmentos dos Estados Unidos, e queria ter um veículo para agradar a esse público. Para isso nasceu o Santa Fe. Em sua terceira geração, ele é agora o SUV mais americano que a Coreia já viu. E isso pode ser um elogio ou um defeito, dependendo do ponto de vista.
O modelo atual substitui a geração anterior e ao mesmo tempo o SUV grandalhão Veracruz, de sete lugares. Para suprir essa ausência, a Hyundai trouxe ao Brasil duas versões, de cinco e sete assentos, ambas com o motor V6 3.3 – fora do país há um 2.4 turbinado e até uma versão diesel, mas não veremos nenhuma delas por aqui.
Nas fotos você vê a versão encarregada de substituir o Veracruz. Com uma terceira fileira de assentos, o novato carrega sete, mas aceita pouca bagagem quando os bancos estão armados. A capacidade volumétrica do porta-malas cai de 585 para 178 litros. Amigável com os ocupantes, a versão top é luxuosa e espaçosa. Mesmo na última fileira a área é satisfatória, embora seja adequada apenas para quem tem menos de 1,65 metro. Há saídas de ar exclusivas para quem viaja atrás e tomadas de 12V. Isso não compensa a falta de um sistema de entretenimento traseiro, mas permite a conexão de equipamentos portáteis. A segunda fila está instalada sobre trilhos elevados, o que permite regular o espaço para as pernas ou dar folga para quem vai na terceira fila.
O banco do motorista é o mais legal. É largo, tem regulagem elétrica com memória e vista privilegiada para um painel repleto de comandos. Embora o design seja moderno e limpo, a quantidade de botões e informações das telas complica a operação. Mesmo assim, faltam funções relevantes nesta faixa de preço. O Veracruz foi aposentado e levou para o retiro a bem-vinda tampa elétrica do porta-malas. Há a função ECO, que amansa o mapa do acelerador, mas faz falta o start-stop para desligar o motor em paradas longas e um detector de presença em pontos cegos.
Embora o desempenho seja animador, o SUV favorece o conforto. A combinação de couro tingido com plásticos texturizados nos bancos e painel emborrachado dá uma sensação de qualidade acima da média.
O volante elétrico tem três ajustes de rigidez, mas todos leves em excesso – configuração que tira boa parte do feedback da suspensão. A direção leve, somada ao ajuste macio da suspensão, mais o V6 silencioso e suave, americaniza o comportamento do Hyundai. Para completar os trejeitos de ianque, conta com traços opulentos e uma dianteira imponente. É tudo o que o americano quer – e que o antigo Santa Fe não tinha.
O sistema de navegação com monitor de 8 polegadas sensível ao toque é um dos melhores do mercado. Tem navegação semelhante à de smartphones e tablets. Para escolher uma estação de rádio, por exemplo, arrasta- se a página deslizando o dedo pela tela, como se faria num iPad. Há ainda Bluetooth, USB e GPS embutido.
Os 20 000 reais que separam o Santa Fe de sete lugares da versão de cinco incluem airbags laterais, teto solar, faróis de xenônio direcionais, couro, bancos dianteiros elétricos e aquecidos, sensor de chuva, freio de estacionamento elétrico e lanternas de led.
A tração integral funciona sob demanda. Atua primariamente na dianteira e divide a força em até 50% de acordo com as condições do terreno. É do sistema AWD parte dos créditos pelo comportamento dinâmico elogiável. E isso apesar da maciez das regulagens mais americanizadas.
VEREDICTO
Apesar do alto nível de conforto, o Veracruz oferecia mais espaço. Quem usa sete lugares com frequência vai notar o aperto.