Impressões: Clubman e Countryman são dois Mini que de mini não têm nada
Com motor de 306 cv de potência e preços acima de R$ 200.000, esses modelos estão mais para esportivos – até no espaço interno
O novo Mini Clubman é um dos maiores carros da marca e, na verdade, só perde para o SUV Countryman – que está no fim da matéria.
Mas a perua veio ao Brasil na versão topo de linha John Cooper Works, que ficou ainda mais potente, para tentar compensar essa heresia. O preço? Nessa configuração, que será a única por aqui, R$ 219.990.
Já o irmão maior (também nessa versão esportiva e com exatamente o mesmo conjunto), desembarca no país por R$ 239.990. Ambos chegarão às lojas ainda este mês.
Nos últimos lançamentos, os próprios executivos admitiram que os modelos têm crescido para prender os fãs que, lá atrás, eram solteiros e não tinham filhos.
Só não dá para dizer que agora há espaço de sobra para todos: dois adultos viajam com certo conforto na fileira de trás.
Mais que isso e haverá reclamação na certa, principalmente pelo túnel central elevado. Ao menos o espaço para cabeça é bom. Já as saídas de ventilação e as portas USB garantem mais comodidade a todos.
Mas você não precisa ter família para se render à perua. Se for esse o caso, nem é preciso falar do porta-malas com 360 litros e fácil acesso graças à tampa traseira dividida em duas.
Basta dizer que o acabamento ficou anos-luz à frente daqueles plásticos rígidos da geração anterior e que toda a cabine está mais BMW.
Por aqui, o Clubman será sempre completo, com central multimídia, serviço de concierge, som Harman/Kardon, head-up display e teto panorâmico.
Claro que, por esse preço, há opções maiores e mais confortáveis. Só que nenhuma delas têm à disposição o 2.0 turbo com 306 cv de potência e 45,8 mkgf de torque, sempre com tração integral e câmbio automático de oito marchas.
Para você ter ideia, a marca garante que a perua chega aos 100 km/h em 4,9 segundos. E dá para escolher entre três modos de condução: Sport, Mid e Green. Pena que não haja uma opção Individual que seja configurável, por exemplo.
Para identificar o Clubman atualizado nas ruas, basta reconhecer as novas lanternas com iluminação inspirada na bandeira do Reino Unido.
Além das pequenas mudanças do lado de fora, o modelo recebeu turbina maior, sistema de injeção com mais pressão, além de pistões e virabrequim serem forjados.
O resultado das novidades? 75 cv de potência e 13 mkgf de torque a mais que a versão anterior.
Não há suspensão adaptativa, mas o conjunto é 10 mm mais baixo que nas versões civilizadas. Aliado ao bom fôlego e às dimensões contidas (para o mercado), ela garante a agilidade impecável nas curvas.
É claro que a direção de respostas rápidas, o sistema de tração e o diferencial mecânico na dianteira também fazem parte da receita.
Se o SUV (que tem a mesma motorização) tende a sair de frente, o Clubman chega ao limite apenas indicando que, na pior das hipóteses, escorregaria de lado, como um bom esportivo com força enviada às quatro rodas deve fazer.
Esse é o carro mais rápido oferecido pelo fabricante no Brasil e custa bem menos que BMW X2 com mesmo motor (que sai por R$ 313.950).
Só que, mesmo assim, a Mini prevê que apenas 100 interessados deverão levar esse carro para casa, contra as 250 previstas para o Countryman na versão esportiva John Cooper Works.
Talvez seja o declínio das peruas – a própria empresa prefere usar o termo “sportback”. Mas se você quer um esportivo purista, ainda que isso não reflita as tradições inglesas, saiba que ainda existe luz no fim do túnel.
E o Countryman?
Talvez a principal vantagem do SUV da Mini seja pertencer ao segmento mais querido do mercado na atualidade. Além disso, o Countryman é cerca de R$ 7 mil mais barato que o BMW X1 xDrive25i, modelo com o qual divide a plataforma.
Só que a novidade do fabricante (quase) inglês tem como vantagem os 75 cv de potência e 10 mkgf de torque adicionais em relação ao concorrente.
Claro que, comparado ao Clubman, há algumas desvantagens em relação à dinâmica, principalmente por conta do centro de gravidade mais alto – o acréscimo de peso é de apenas 50 kg, com 1.600 kg no total.
Para tentar resolver o problema, o modelo tem suspensão com rigidez variável de acordo com o modo de condução selecionado, também com opções Sport, Mid e Green.
O comportamento ao volante surpreende, ainda que não chegue ao mesmo nível de refinamento da perua. As acelerações empolgam graças à boa entrega de torque já a baixas rotações (45,8 mkgf vêm às 1.750 rpm).
Só que o Countryman tende a sair de dianteira quando entra rápido demais nas curvas, mesmo com as suspensões reguladas no modo mais esportivo, que garante ajuste ideal à direção.
Os pontos positivos da perua se mantêm no maior modelo da marca: o acabamento é bem melhor que na geração anterior, a lista de itens de série já vem completa, com direito a ar-condicionado de duas zonas, teto panorâmico, central multimídia e serviço de concierge.
Mas as desvantagens também se repetem: quase não há melhoria no espaço interno e o porta-malas só cresce 90 litros.
Ainda que não seja tão diferente do Clubman, o SUV está mais alinhado ao que o consumidor procura e cobra menos que o rival mais próximo (em proposta e mecânica).
Talvez a versão JCW não seja esportiva como você espera e nem tenha comportamento de Mini.
Mas se tudo que você busca é um utilitário rápido, com estilo diferente e bons equipamentos, essa é uma boa opção – desde que não precise de espaço.
Ficha técnica
Mini Clubman John Cooper Works
- Preço: R$ 219.990
- Motor: gasolina, dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 16V, turbo, injeção direta, 1.998 cm³; 306 cv a 5.000-6.200 rpm, 48,8 mkgf a 1.750-4.500 rpm
- Câmbio: automático, 8 marchas, tração integral
- Suspensão: McPherson (dianteira) /multibraço (traseira)
- Freios: disco ventilado (dianteira), disco sólido (traseira)
- Direção: elétrica
- Rodas e pneus: liga leve, 225/40 R18
- Dimensões: comprimento, 426,6 cm; altura, 144,1 cm; largura, 180,0 cm; entre-eixos, 267,0 cm; peso, 1.550 kg;
tanque, 48 l; porta-malas, 360 l
Mini Countryman John Cooper Works
- Preço: R$ 239.990
- Motor: gasolina, dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 16V, turbo, injeção direta, 1.998 cm³; 306 cv a 5.000-6.200 rpm, 48,8 mkgf a 1.750-4.500 rpm
- Câmbio: automático, 8 marchas, tração integral
- Suspensão: McPherson (dianteira) /multibraço (traseira)
- Freios: disco ventilado (dianteira), disco sólido (traseira)
- Direção: elétrica
- Rodas e pneus: liga leve, 225/45 R19
- Dimensões: comprimento, 429,9 cm; altura, 155,7 cm; largura, 182,2 cm; entre-eixos, 267,0 cm; peso, 1.600 kg;
tanque, 51 l; porta-malas, 450 l