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Impressões: novo BMW Série 1 na encruzilhada entre emoção e racionalidade

Hatch adota tração dianteira, perde manobrabilidade e fica mais previsível e menos divertido em nova geração. Mas ganha espaço

Por Joaquim Oliveira/Press-Inform
Atualizado em 2 set 2019, 18h30 - Publicado em 28 ago 2019, 07h00
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  • BMW Série 1 M135i 2020
    Nova geração do BMW Série 1 tem tração dianteira ou integral (Divulgação/Quatro Rodas)

    O BMW Série 1 passou pela mudança mais importante justamente nessa terceira geração: em vez da tração traseira, agora o hatch será movido pelas rodas dianteiras.

    Essa alteração pode desagradar potenciais clientes e ser positivo para outros. Mas é certo que alguns compradores sequer perceberão diferenças no caráter do carro.

    Tudo bem que ele ganhou mais espaço interno e está mais barato de produzir. Só que o Série 1 também perdeu a proposta exclusiva de esportividade neste segmento.

    BMW Série 1 M135i 2020
    Grade dianteira ficou maior e agora está unida (Divulgação/Quatro Rodas)

    A tradicional grade de duplo rim continua lá, só que maior e unida. Já os faróis têm aspecto zangado e o capô ficou mais curto por conta dos motores transversais.

    O tamanho continua praticamente igual antes: 1 cm menos no comprimento (4,32 m); 3,4 cm mais na largura (1,79 m); 1,3 cm mais na altura, ainda que por consequência da maior distância em relação ao solo (1,43 m) e redução de 2 cm no entre-eixos (2,67 m).

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    O ponto negativo nessa mudança de tração é que o motorista precisará meio metro a mais para dar uma volta sobre o próprio eixo: antes eram 10,9 m e agora 11,4 m.

    BMW Série 1 M135i 2020
    Motor transversal permitiu capô mais curto e mais alto (Divulgação/Quatro Rodas)

    Mas é preciso lembrar que também há argumentos racionais que justifiquem essa mudança, como 3 cm extras para pernas e 20 litros no bagageiro, que tem 380 litros.

    Agora é mais fácil entrar na cabine graças às portas maiores, ainda que o acabamento continue com materiais macios ao toque e peças bem encaixadas por todos os lados.

    E, além de central multimídia mais intuitiva, o Série 1 tem opção de comandos por gestos, quadro de instrumentos digital, head up display e teto solar panorâmico.

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    BMW Série 1 M135i 2020
    Dimensões da carroceria continuam praticamente iguais às do antecessor (Divulgação/Quatro Rodas)

    Por enquanto, a versão topo de linha do hatch é justamente esta: M135i xDrive. Com motor 2.0 turbo de 306 cv, ele briga (na Europa) com VW Golf R e Mercedes-AMG A35.

    E mais uma vez a esportividade perdeu espaço nesta terceira geração. Afinal, no finado M140i havia um propulsor de seis cilindros em linha, dois a mais que o atual.

    Uma vantagem no caso das versões com tração xDrive é o sistema integral capaz de enviar até metade do torque ao eixo traseiro sempre que foi necessário aderência.

    BMW Série 1 M135i 2020
    Cabine manteve bons materiais de acabamento e peças bem encaixadas (Divulgação/Quatro Rodas)
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    Os engenheiros alemães desenvolveram um eixo traseiro capaz de compensar a tendência para sair de frente, comum em veículos de tração dianteira e muita potência.

    O hatch também recebeu o mesmo sistema de controle de tração que estreou no elétrico i3 e que foi aplicado pela primeira vez em um BMW com motor a combustão.

    “O ARB inicia correções antes da perda de aderência e define quanto torque pode ser enviado às rodas antes que elas patinem”, diz Peter Langen, diretor de desenvolvimento dinâmico.

    BMW Série 1 M135i 2020
    Quadro de instrumentos digital será oferecido pela primeira vez no modelo (Divulgação/Quatro Rodas)

    Bom… esse era o objetivo, mas não deixamos de sentir alguma perda de tração na dianteira, especialmente em acelerações bruscas, algo natural com tanto torque a baixas rotações.

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    Depois, em estradas sinuosas e com pouca aderência (inclusive com chuva), o sistema merece elogios por sempre atuar de modo pouco intrusivo e suave, porém eficiente.

    Essa atuação discreta faz aumentar a confiança do motorista com o passar dos quilômetros, ao contrário do diferencial central, que gera “forças” no volante que não existiam no 140i.

    BMW Série 1 M135i 2020
    Câmbio automático tem oito marchas (Divulgação/Quatro Rodas)

    Agora dá para notar uma separação maior entre os modos de condução disponíveis, com mais diferenças entre os extremos opostos Comfort e Sport, por exemplo.

    Esse é um ponto muito positivo, já que alguns modelos vendidos atualmente têm alterações tão pequenas entre os modos que o motorista sequer se sentir motivado a utilizar.

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    Obviamente, é na opção mais agressiva que o M135i realmente se encontra, com direção mais direta (a relação é 14:1, contra 15:1 das opções menos potentes), suspensão mais firme (e 1 cm mais baixa na opção M) e câmbio automático de oito marchas com trocas mais rápidas.

    BMW Série 1 M135i 2020
    Espaço para pernas cresceu, apesar do entre-eixos menor (Divulgação/Quatro Rodas)

    Vale lembrar que a unidade que dirigimos estava equipada com a suspensão adaptativa, que é oferecida como opcional na Europa, o que aumenta ainda mais a mudança de personalidade.

    Quando há condições para isso, o Série 1 consegue ser um carro eficaz e com desempenho realmente impressionante, com promessa de zero a 100 km/h em menos de 7 segundos.

    Se o ronco do motor não é tão empolgante, o modelo tem alto-falantes que tentar compensar esse defeito, ainda que parece mais artificial acima dos 4.000 rpm no modo Sport.

    BMW Série 1 M135i 2020
    Porta-malas ganhou 20 litros de capacidade (Divulgação/Quatro Rodas)

    No fim das contas, dá para dizer que esse Série 1 tem comportamento esportivo igual ao do antecessor com tração traseira? Na verdade, não, já que ele não tem movimentos laterais tão valorizados por motoristas que preferirem uma condução mais agressiva.

    E há outro problema, já que a divisão de peso não é mais ideal (50/50) como antes e que foi motivo de orgulho da BMW por tanto tempo. Agora, 58% está na dianteira.

    Mas esse carro consegue ser muito competente quando se trata da dinâmica e deverá agradar pelo menos 80% dos futuros motoristas. Já os outros 20% deverão esperar pelo sucessor do Série 2 na versão mais potente, que respeitará a tradição de tração traseira da marca.

    Ficha técnica

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