Jeep Grand Cherokee L mostra o que esperar do SUV híbrido no Brasil
Apagado nos últimos anos, o Jeep Grand Cherokee renasce mais capaz dentro e fora da estrada, mais luxuoso e com inédita opção de sete lugares
Um Jeep Grand Cherokee L esperava por mim no estacionamento do Aeroporto Internacional Benito Juárez, na Cidade do México, México. Apinhado sobretudo de modelos americanos (portanto, nada compactos), o lugar mais parecia uma versão de Onde Está Wally? da vida real.
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Pois o tal “L” no sobrenome foi o que nos permitiu encontrar o carro, lá longe. “L” vem de LWB, Long Wheel Base (em tradução livre do inglês, entre-eixos longo). Pintado na cor Velvet Red, o SUV era o único na extensa fileira de carros em 45 graus a ultrapassar o território da vaga.
Pela primeira vez em quase 30 anos o Grand Cherokee chega em dois tamanhos, standard e longo, este equipado com dois bancos extras.
Essa ousadia poderia até ser um movimento arriscado para um ícone com papel tão bem definido no mercado. Mas, para quem se apresentou ao mundo estilhaçando uma parede de vidro em pleno Salão de Detroit, levar dois ocupantes a mais é moleza.
Esta quinta geração talvez marque a maior ruptura de um Grand Cherokee. Baseada na arquitetura WL, a nova encarnação do SUV tem apenas 29% de sua estrutura monobloco de aço convencional, servindo-se mais de aços de alta resistência e alumínio.
Resultado: o Grand Cherokee L é apenas 31 kg mais pesado que o Grand Cherokee de duas fileiras da geração anterior.
O modelo ficou maior. Sobrepondo o atual e o antigo, ambos com cinco lugares, o novo tem 4,91 metros de comprimento, 2,96 m de entre-eixos e 1,80 m de altura, ante 4,82 m, 2,91 m e 1,76 m, respectivamente.
Quando a comparação é com o L, então… Aí são 5,20 m de comprimento e 3,09 m na distância entre-eixos, espaço suficiente para estacionar um Fiat Mobi, que mede 3,60 m. E ainda assim a carroceria está 13% mais resistente a torções, de acordo com a fábrica.
Apenas os motores conhecidos há tempos – o Pentastar 3.6 V6 de 297 cv e o Hemi 5.7 V8 de 362 cv – parecem intrusos num carro que praticamente manteve apenas o nome do anterior.
Ninguém desce de um voo de quase nove horas e atormentado por incessantes turbulências impune. Cansado e ainda tenso, fui acolhido pelo SUV com altas doses de conforto e luxo. A tal ruptura da quarta para a quinta geração não se limita a questões de tamanho: sair do antigo e entrar no novo é como fazer check-out em um hotel três-estrelas e em seguida check-in num de cinco.
A versão avaliada foi a versão Summit (uma antes do topo da pirâmide de seis opções: Laredo, Altitude, Limited, Overland, Summit e Summit Reserve).
A bordo, havia frenagem autônoma de emergência, assistente de manutenção de faixa, airbags frontais inteligentes (a força da explosão varia de acordo com a intensidade do impacto), piloto automático adaptativo, câmera 360o, câmera de visão noturna, Apple CarPlay e Android Auto sem fio e tela multimídia de 10,1”, e sistema de som McIntosh, com seus 19 alto-falantes e 835 watts de potência.
Massagem? Sim, de quatro tipos, para motorista e passageiro da frente, os quais ainda contam com bancos aquecidos e ventilados.
O acabamento é impecável, misturando materiais que imitam metal, couro e madeira. Sobra, claro, espaço para todos. Para o motorista a ergonomia é irretocável. A segunda fileira pode receber três ou dois ocupantes (estes em bancos individuais, opcionais).
E a terceira acomoda dois adultos. O sistema de acesso para os fundos é simples, mas exige esforço. Com tanto luxo a bordo, poderiam ter providenciado acionamento elétrico.
Terminei o primeiro dia de convivência com o Grand Cherokee L crente que sob o capô estava o motor V6. A frente leve (para um carro dessas proporções) e a suavidade no rodar me enganaram. No dia seguinte, recuperado do voo, fui destrinchar o carro e então descobri que se tratava do V8.
A transmissão é sempre automática de oito marchas, cujas trocas são aveludadas desde que o acelerador seja tratado com carinho. Se o motorista for mais enérgico, as passadas mostram que o câmbio responde à altura.
A tração é 4×4 sob demanda, do tipo AWD (All-Wheel Drive). Há o sistema Quadra-Trac II com caixa de transferência de duas velocidades e o Quadra-Drive II com reduzida e diferencial traseiro de deslizamento limitado controlado eletronicamente.
Com esse conjunto mecânico, só não se pode esperar um rendimento econômico: segundo a agência responsável pela aferição de consumo dos EUA, a EPA, a média do Grand Cherokee L é de 7,2 km/l.
A suspensão a ar e a direção leve e precisa são os arremates de uma dirigibilidade que pode ser extremamente confortável numa tocada mais serena, ou mais empolgante quando não há ninguém por perto nas sinuosas e bem pavimentadas estradas mexicanas. Mas e no Brasil?
“Não temos previsão de chegada do Grand Cherokee L”, diz a Jeep. Faz sentido: ele enfrentaria o fogo amigo do recém-lançado Commander, com o qual se parece bastante. Mas, quanto ao modelo de cinco lugares, a fábrica já confirmou o lançamento do novo Grand Cherokee, a versão de cinco lugares, em versão híbrida. Será o segundo carro híbrido da Jeep no Brasil, depois do Compass 4XE.
O Grand Cherokee 4xe tem cinco lugares (enquanto o Grand Cherokee L tem sete) e sistema híbrido plug-in com funcionamento semelhante ao do Compass. O motor 2.0 turbo Hurricane T4 gera 274 cv e tem acoplado a ele o câmbio automático de oito marchas.
Um dos motores elétricos é, na verdade, um motor gerador de alta tensão com refrigeração líquida que substitui o alternador e o motor de partida e é conectado à polia do virabrequim por uma correia. O outro motor elétrico é mais potente (tem cerca de 136 cv) e é capaz de impulsionar o veículo sozinho. Este, aparentemente, será o melhor caminho para manter o Grand Cherokee vivo no Brasil.
Veredicto
Nunca um Jeep Grand Cherokee foi tão bom de dirigir, tão luxuoso, tão espaçoso e tão equipado
Ficha Técnica – Jeep Grand Cherokee L Summit
- Preço: 56.995 dólares
- Motor: gasolina, dianteiro, V8, longitudinal, 32V, 362 cv a 5.150 rpm, 53,9 kgfm a 4.250 rpm
- Câmbio: automático, 8 marchas, tração 4×4 AWD
- Direção: elétrica
- Suspensão: multilink nos dois eixos
- Freios: disco ventilado nas quatro rodas
- Pneus: 275/45 R21
- Peso: 2.395 kg
- Dimensões: comprimento, 520,4 cm; largura, 214,9; altura, 181,6 cm; entre-eixos, 309,1 cm; tanque, 87 litros; porta-malas, 1.328 litros (duas fileiras) / 487 (três fileiras)
- Desempenho: consumo urbano, 5,9 km/l, rodoviário, 9,3 km/l, misto, 7,2 km/l (EPA)