Kia Carnival é o carro familiar que nenhum SUV consegue substituir
Com características que só as minivans possuem e outros atrativos, a Kia Carnival tem a receita para satisfazer motoristas com famílias grandes
Quem disse que o segmento de minivans acabou? Apesar do tsunami dos SUVs, ainda há mercados onde existem minivans com bom volume de vendas.
No Brasil, o exemplo por excelência é a Chevrolet Spin, de fabricação local. Mas a Kia Carnival brilha entre os importados e só não vende mais porque suas remessas são limitadas. Neste momento, a Kia não tem previsão de chegada de um novo lote por aqui e a razão para isso, segundo a empresa, é que praticamente toda a produção da Coreia é destinada aos Estados Unidos, país onde as minivans sempre tiveram boa aceitação.
Por lá, a Carnival briga com nomes conhecidos como Chrysler Pacifica, Honda Odyssey e Toyota Sienna.
A Carnival é uma minivan grande. Ela mede 5,15 m de comprimento, 1,99 m de largura e 1,77 m de altura. A distância entre-eixos é de 3,09 m. Sua cabine oferece lugar para oito ocupantes. Todos, com exceção de quem vai na posição central da terceira fileira de bancos, viajam com conforto. E ainda sobram 627 litros de espaço no porta-malas – com a terceira fila recolhida (com cinco lugares), o volume aumenta para 2.827 litros.
Essa capacidade típica de minivan é um atributo que os SUVs não entregam. Comparando o porta-malas da Carnival com o de dois SUVs de oito lugares vendidos em nosso mercado, eles apanham feio. O Caoa Chery Tiggo 8 leva 193 litros de bagagem, com oito lugares, e 889 litros, com cinco lugares. E o Defender 130 leva 389 l e 1.232 litros, respectivamente.
Mas essa vocação de carro para famílias grandes não é a única característica que mantém as minivans e a Carnival, em particular, vivas. À primeira vista, a minivan da Kia impressiona pelo design com aspecto monolítico, reforçado pelas linhas retas e cintura elevada, e também por elementos de estilo bem cuidado como o formato estreito de faróis e lanternas, as barras longitudinais do teto e o aplique 3D na coluna lateral.
Por dentro, o destaque vai para as duas telas LCD de painel e central multimídia com 12,3” cada, e o acabamento preto brilhante na parte superior do painel, um arco que se prolonga nas laterais das portas, e também no console.
Além de espaço, não faltam mimos a bordo. A central reconhece os sistemas Apple CarPlay e Android Auto (via cabo, mas há um carregador para celular por indução, no console). Em todas as posições há saídas de ar-condicionado (digital, automático, de três zonas e com ionizador), iluminação, porta-copos, portas USB e cintos de três pontos. Todas as janelas laterais possuem cortinas. E as portas traseiras corrediças têm acionamento elétrico, assim como a tampa do porta-malas.
O sistema de som hi-end foi projetado pela Bose, com 12 alto-falantes e efeito surround sound. Os assentos dianteiros têm ajustes elétricos, aquecimento e ventilação. E os da segunda fila são reversíveis, isto é, podem ser instalados de modo que as pessoas se sentem voltadas para a traseira da cabine. A operação manual não é simples e os bancos são pesados. Mas é uma forma de transformar a cabine em uma sala de estar. O revestimento dos bancos usa Altaica, material que imita couro, mas é fabricado com fibras de eucalipto, segundo a Kia.
Com 2.099 kg , a Carnival é um carro pesado. Mas seu motor 3.5 V6 dá conta do recado. Ele gera 272 cv de potência e 33,2 kgfm de torque. A relação peso/potência é de apenas 7,7 kg/cv. Minivans não são carros para ser dirigidos esportivamente. E, com 2 toneladas, a Carnival pede atenção aos limites de velocidade em curvas, por exemplo. Em nossa pista de testes, a Carnival acelerou de 0 a 100 km/h em 10,4 segundos e retomou de 60 a 100 km/h em 6 segundos.
O câmbio automático de oito marchas faz sua parte com um escalonamento correto e com trocas rápidas (e silenciosas). Nas medições de consumo, considerando o peso e o motor, as médias foram boas: 7,2 km/l, na cidade, e 10,8 km/l, na estrada. E, na hora de parar, os números também foram bons para a categoria. Vindo a 80 km/h, a Carnival precisou de 29,6 m para frear.
As frenagens ocorreram de forma equilibrada. Graças ao sistema de freios bem equalizado, a van para sem desvios de trajetória. E seu chassi é cumpridor. A Carnival roda bem assentada, apoiada na suspensão McPherson, na dianteira, e multilink, na traseira, e nos quatro pneus 235/55 R19.
Em resumo, apesar do porte e do peso, a minivan é um carro seguro e gostoso de dirigir. Há quatro modos de condução: Eco, Normal, Sport e Smart. Na prática, as mudanças no funcionamento do carro são pouco perceptíveis – a Smart deixa os ajustes de direção, motor e câmbio por conta do sistema que se adapta ao estilo do condutor.
De modo geral, a Carnival roda macio e exige pouco esforço do motorista, na direção. A alteração mais evidente quando se troca o modo de condução fica por conta do painel de instrumentos, que muda de cor de acordo com a opção selecionada. Se torna predominantemente azul, no Eco; branco, no Sport; e azul mais discreto nos demais modos.
No que diz respeito à segurança, a Carnival é completa: há sete airbags (frontais; laterais; de cortina, nas três fileiras; e de joelhos, para o motorista), ESP e pacote completo de dispositivos de assistência ADAS (sensor de fadiga, alerta de mudança de faixa, sensor de colisão traseira, alerta de ponto cego, câmera 360o e cruise control adaptativo).
Há também um recurso incomum nos automóveis, que é o assistente de saída da cabine, que bloqueia a porta lateral, em caso de risco para os passageiros. E outra curiosidade: toda vez que o motorista aciona a seta, a imagem de câmeras, instaladas nos retrovisores, são projetadas no painel de instrumentos (no conta-giros ou no velocímetro, dependendo do sentido).
A Carnival custa R$ 554.990, em versão única. Mas o preço pode subir até a chegada do novo lote.
Veredicto Quatro Rodas
Para quem precisa de oito lugares, a Carnival é um carro que não pede sacrifícios pelo que entrega. É gostosa de dirigir e trata bem todos a bordo.
Ficha Técnica – Kia Carnival
Motor: gas., diant., long., V6, DOHC, 24V, 3.470 cm3, 272 cv a 6.400 rpm, 33,2 kgfm a 5.000 rpm
Câmbio: automático, 8 marchas; tração dianteira
Suspensão: McPherson (diant.)/multilink (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.), sólido (tras.)
Direção: elétrica
Rodas e pneus: liga leve, 235/55 R19
Dimensões: compr., 515,5 cm; largura, 199,5 cm; altura, 177,5 cm; entre-eixos, 309 cm; peso, 2.099 kg; tanque, 72 l;
porta-malas, 627/2.827 l; carga, 711 kg
Teste – Kia Carnival
Aceleração | |
0 a 100 km/h | 10,4 s |
0 a 1.000 m | 31 s – 176,7 km/h |
Velocidade máxima | n/d |
Retomadas | |
D 40 a 80 km/h | 4,5 s |
D 60 a 100 km/h | 6,0 s |
D 80 a 120 km/h | 7,3 s |
Frenagens | |
60/80/120 km/h a 0 | 16,3/29,6/67,7 m |
Consumo | |
Urbano | 7,2 km/l |
Rodoviário | 10,8 km/l |
Ruído interno | |
Neutro/RPM máx. | 43,7/66,6 dBA |
80/120 km/h | 58,9/68 dBA |
Aferição | |
Velocidade real a 100 km/h | 97 km/h |
Rotação do motor a 100 km/h | 1.600 rpm |
Volante | 2,7 voltas |
Seu Bolso | |
Preço básico | R$554.990 |
Garantia | 5 anos |