A popularização dos sistemas multimídia nos últimos anos trouxe a reboque uma sensível melhoria no conjunto de áudio dos automóveis.
Notamos esse efeito em 2014, quando, pela primeira vez, submetemos os carros da frota de Longa Duração (àquela época, composta por Mercedes A 200, Corolla, Golf, C4 Lounge, Peugeot 208 e Up!) à análise de dois especialistas em som automotivo, os irmãos Thelly e Willy Leandrini, da Leandrini, uma das mais tradicionais lojas paulistanas do setor.
Repetimos a dose agora, com Mobi, Kicks, A3 e Cruze. Analisados pelos ouvidos treinados dos técnicos, a atual frota foi meticulosamente estudada pela dupla convidada.
Assim como na primeira ocasião, a grata surpresa foi o bom desempenho do modelo 1.0. Se antes o Up! saiu elogiado, desta vez o Mobi é que fez bonito. Felizmente, a média geral também está mais alta.
Fiat Mobi
Nos bancos da frente, os irmãos Leandrini fazem o pareamento do celular com o sistema Bluetooth do rádio – em todos os carros, a audição foi feita da mesma maneira.
Assim que a música de referência (rica em sons com variadas frequências) começou a sair pelos alto-falantes, eles se entreolharam com ar surpreso. “Bom, hein?!”, disse Thelly.
“O equilíbrio é o grande destaque. Bem posicionados e com qualidade acima do esperado para o segmento popular, os falantes têm potência satisfatória. Não gostei da resposta tátil dos botões giratórios do rádio. Os cliques são facilmente percebidos, mas muito sensíveis. É difícil avançar de um em um”, diz Willy Leandrini.
Nissan Kicks
O Kicks toca mais forte que o Mobi e tem uma distribuição muito boa na cabine, mas falta brilho nos agudos. Willy explicou: “Isso se evidencia quando a faixa apresenta, por exemplo, o som da vibração de um prato de bateria. Os falantes do Kicks não passam a sensação de uma baqueta no metal. O som fica opaco, sintetizado”.
A ausência de subgraves foi criticada por Thelly: “Essas frequências são aquelas que dão peso à música. No Kicks, elas são pouco presentes. Isso é um erro de projeto. Mesmo os SUVs compactos têm uma cabine volumosa, o que pede um sistema de som com especial atenção às baixas frequências”.
Audi A3
“Potente, bem definido e com grave intenso. Audi é sempre um problema para as lojas de som. O áudio original é tão forte e agradável que o dono precisa estar disposto a investir pesado para ter, de fato, um upgrade”, confessa Thelly.
Mas nem tudo foi elogio. “Há duas falhas com relação aos tweeters montados nas colunas dianteiras. Estão em posição muito baixa e apontados um para o outro”, critica Thelly.
“A cúpula do painel obstrui o som do tweeter esquerdo. Se estivessem voltados para os ocupantes dos bancos ou para o para-brisa, não teríamos essa sensação de som separado em quatro zonas. A cabine é bem preenchida, mas falta envolvimento”.
Chevrolet Cruze
O som do Cruze foi o mais elogiado pelos especialistas. “Não conhecia o sistema, mas o acesso aos recursos de equalização é tão lógico que, intuitivamente, cheguei de primeira nos comandos que buscava”, disse Willy, enquanto operava o rádio.
Feitos os ajustes, mais elogios: “O conjunto do Cruze é o melhor da atual frota de Longa Duração. Perde para o do A3 em potência, mas compensa com uma excelente distribuição sonora. O motorista fecha os olhos e tem a impressão de que está diante de um palco, com o somdos instrumentos vindo da base do para-brisa. Bons equipamentos e posicionamento correto”.