O primeiro a dar o alerta foi o piloto de testes Eduardo Campilongo:
“Antes de iniciar a viagem, passei no posto para completar o tanque e calibrar os pneus para condição de carga máxima, afinal estávamos em cinco adultos e levávamos mais uns 30 kg de bagagem no porta-malas.
Eram quase 5 horas da manhã. Assim que peguei a estrada, recebi o primeiro farol alto de quem via no sentido contrário. Logo em seguida, outro carro fez o mesmo. Então, percebi que a exceção era o veículo que não me dirigia o facho alto.
Consultei o painel, pois imaginei que, sem perceber, pudesse estar com o farol alto fixo. Desliguei e liguei o baixo. E tome farol alto dos outros motoristas. Foi aí que olhei mais atentamente para a estrada à minha frente e me dei conta do quão alto estava o facho dos faróis do Kicks.
O verdadeiro vilão era o peso, que fazia a suspensão traseira descer demasiadamente, erguendo a dianteira e apontando os faróis para cima. Reduzi a velocidade, fui mais para o canto direito da pista, desliguei os faróis baixos, liguei os de neblina e encostei no posto seguinte, onde esperei o dia clarear para só então seguir viagem”.
Diante de tal relato, o editor Péricles Malheiros propôs: “Vamos aplicar a carga máxima do Kicks e medir o quanto a dianteira e a traseira descem em relação ao carro vazio”.
Sem encontrar no manual do proprietário a capacidade de carga, o editor entrou em contato com a Nissan, que respondeu: “O manual dos modelos produzidos no México não tem essa informação. A inclusão desse dado está prevista para os manuais dos modelos brasileiros”. Por meio da assessoria de imprensa da marca, chegamos ao número: 425 kg. E lá fomos nós e o Kicks para nossa pista de testes em Limeira (SP).
Primeiramente, medimos o carro vazio, utilizando como referência o centro do arco dos para-lamas dianteiro e traseiro em relação ao solo. Depois, lastreamos a cabine e o porta-malas, distribuindo os sacos de areia de maneira que simulasse a presença de passageiros e bagagem. Repetimos as medições e entendemos a revolta dos outros motoristas.
Como a traseira desce muito mais do que a dianteira (respectivamente, 6,8 e 2,5 cm), a frente do Kicks carregado aponta para cima. O fenômeno, claro, é comum a quase todos os carros – mas nunca havíamos acumulado tantas reclamações por parte dos motoristas no sentido contrário.
Como o Kicks não oferece ajuste interno do facho de faróis para o motorista, na concessionária Itavema, o consultor técnico explicou:”Os faróis até têm um sistema de ajuste, mas é preciso conhecimento técnico para operá-lo. O ideal é que, antes de viajar carregado, o carro receba o acerto ideal para essa condição. Só não pode esquecer de fazer uma nova visita para repor a regulagem padrão quando voltar”.
Nissan Kicks – 33.382 km
Consumo
- No mês: 8,7 km/l com 15,3% de rodagem na cidade
- Desde set/16: 8,2 km/l com 21,9% de rodagem na cidade
- Combustível: etanol
Gastos no mês
- Combustível: R$ 2.950
Ficha técnica
- Versão: SL 1.6 16V
- Motor: 4 cil., diant., transv., 1.598 cm3, 16V, flex, 114 cv a 5.600 rpm, 15,5 mkgf a 4.000 rpm
- Câmbio: automático, CVT, tração dianteira