Longa Duração passa a ser um teste de 100.000 km
O Longa Duração passa a ter 100.000 km. É mais tempo para podermos analisar a qualidade, o comportamento e o pós-venda dos carros
Uma das seções mais longevas de QUATRO RODAS, o teste de Longa Duração está se atualizando.
A partir de agora, teremos 100.000 km (e não mais 60.000 km) para viver a experiência de ter e usar, como um consumidor, os carros mais desejados do Brasil e assim antecipar problemas e situações que você poderá enfrentar caso se torne proprietário do mesmo modelo.
A ampliação da quilometragem atende a um pedido dos leitores diante da evolução dos carros. Os últimos veículos testados e desmontados nos provaram que 60.000 km se tornou apenas uma fração da durabilidade da mecânica e das peças de desgaste prevista para os veículos atuais.
E como não são apenas os veículos que são avaliados, a mudança será uma oportunidade de acompanhar por mais tempo os serviços prestados pela rede autorizada.
Não custa lembrar que o prazo de garantia das fábricas ficou maior nos últimos tempos. Se antes era de um ano, hoje, na maioria dos casos, é de três anos.
Algumas intervenções dos planos de revisão se repetirão, é verdade. Mas passar o teste dos 60.000 km para 100.000 km ajudará a conhecer o limite de mais componentes, como embreagem, amortecedores e também os pneus, que evoluíram a ponto de alguns modelos durarem mais de 60.000 km quando escapam de buracos e alinhamento, balanceamento e rodízio são feitos de acordo com a recomendação dos fabricantes, algo que sempre conferimos após as revisões.
O aumento da quilometragem vale tanto para o mais novo integrante da frota, o Jeep Compass 2022, que será apresentado a seguir (veja na página 88), quanto para a Fiat Strada Volcano e para o Chevrolet Onix Plus Premier, que já estavam em teste inicialmente previsto para 60.000 km. Para cumprir a jornada, a permanência dos carros na frota será ampliada para 24 meses.
Para não perdermos as referências das últimas décadas de teste, seguiremos com simulações de venda aos 60.000 km, para acompanhar o prestígio dos nossos carros no mercado. Também realizaremos um teste de desempenho intermediário para acompanhar a saúde mecânica.
“Aconteceu de novo. No outro teste de resistência que fizemos com um Monza 2.0 SL/E a álcool, a concessionária retificou o motor gratuitamente, na garantia, durante a revisão dos 50.000 km.
Para tirar as dúvidas, compramos logo outro Monza equivalente para o mesmo teste. Desta vez, a coisa aconteceu mais cedo, provavelmente aos 40.000 km: o motor foi parcialmente retificado.”
Começava assim o desmonte do Chevrolet Monza publicado em novembro de 1990, um dos últimos carros que rodou até 50.000 km.
Há 30 anos, estimava-se a vida útil de um motor entre 80.000 e 100.000 km e a prática de retífica fazia parte do cotidiano de quem era primeiro dono de um carro.
Com padrões construtivos muito melhores, materiais de alta tecnologia, mínima tolerância às folgas na fabricação das peças e sistemas de injeção e ignição mais avançados, os motores de hoje são projetados para durar, pelo menos, 200.000 km.
A maratona do Longa Duração começou em junho de 1972, com a compra de um VW Variant, reestilizado no ano anterior. Todas as ocorrências e os relatos foram publicados de uma só vez, em maio de 1973, quando a perua completou 30.000 km.
O teste foi ampliado para os 50.000 km em 1986, quando os carros passaram a ser desmontados e analisados ao término do teste. Só em 1990 que o Longa Duração passou aos 60.000 km (que foram seguidos até o desmonte do Caoa Chery Tiggo 5X, em julho deste ano).
Na verdade, houve atraso na atualização. Isso porque o Gol GTI, primeiro nacional com injeção eletrônica, estava com desmonte marcado para a edição de 30 anos.
Por ter ficado parado por 39 dias ao longo do ano e meio de testes, com defeitos eletrônicos, chegou ao final do prazo com 53.000 km.
Quem inaugurou os desmontes aos 60.000 km efetivamente foi o Fiat Uno, que também havia sido o primeiro carro desmontado por completo aos 50.000 km.
À época, o desgaste excessivo do motor 1.3 e do câmbio de quatro marchas ao longo de dois anos mereceu destaque. Um terceiro Uno, o então recém-lançado Mille, foi integrado à frota ao mesmo tempo.
Ele pegaria fogo em 1991, encerrando o teste aos 12.051 km.
Quando tentamos ir além
Alguns carros do Longa Duração já superaram a quilometragem prevista em missões muito especiais. O VW Santana a álcool cumpriu seus 50.000 km em 1991, mas, depois, convertemos o motor para gasolina (algo comum naqueles tempos) e ele rodou até os 75.000 km. Ainda tentamos levá-lo aos 100.000 km usando peças recondicionadas, mas o sedã quebrou aos 87.318 km, vitimado pela homocinética.
Motor 1.0 turbo, como o do atual Onix, era novidade quando resolvemos levar a Parati 1.0 16V turbo até os 100.000 km. O motor resistiu bravamente, mas o câmbio chegou ao final do teste com desgaste acentuado. Depois, o VW Fox recebeu um kit de GNV (gás natural) para rodar mais 16.000 km após completar sua primeira missão de 60.000 km. A adaptação foi reprovada.