O CLA é o novo Mercedes de uma nova Mercedes. Na sua apresentação, executivos da marca afirmaram que, dentro da empresa, ele é chamado de “o Mercedes que seu pai nunca dirigiria”. Discordo. Meu pai, fã da marca, dirigiria qualquer fusca que eles viessem a lançar, se não estivesse aposentado do volante. E é justamente esse afastamento de seus clientes mais velhos que preocupa a estrela de três pontas. Por isso, o sedã compacto CLA tem que brilhar forte para chamar a atenção de quem não costuma olhar para o céu.
Ele tem dianteira imponente, com dois ressaltos no capô e uma grade cravejada de pontos brilhantes que nem o CLS possui. As janelas das portas não têm as molduras, detalhe que realça sua luxuosidade. A silhueta esguia e esportiva não é só um exemplo de design bem-sucedido: dá ao modelo o título de carro mais aerodinâmico da marca (Cx 0,23). Até a parte inferior, que os olhos não veem, foi tratada para “escoar” melhor a passagem de ar sob a carroceria.
Esse sedã com ares de cupê é o terceiro fruto da plataforma NGCC, sigla para “Nova Geração de Carros Compactos”, da qual partem o Classe A, Classe B e, no final do ano, o utilitário esportivo GLA. Rico em atributos, é um carro gostoso de guiar, silencioso e confortável. Na frente e atrás, os ocupantes encontram conforto de categorias de cima. Isso se, claro, quem for atrás tiver menos de 1,60 metro. Acessar o banco traseiro requer alguma ginástica por causa do teto rebaixado na coluna C.
A Mercedes optou por fazer a estreia com uma versão completa (e cara) a 150 500 reais. Se é com base no Classe A, deveria custar menos que o C, certo? Sim. E isso irá acontecer quando a nova geração do sedã chegar. Mas o curioso é que, na tentativa usar o CLA para se aproximar dos jovens, ela começa justamente com uma versão que tende a afastá-los, por conta do alto preço. Por ora, essa estratégia foi adotada para não atrapalhar o Classe C. Assim, a versão CLA 200 1st Edition é recheada: rodas aro 18, GPS, teto de vidro, faróis bixenônio e borboletas atrás do volante. O motor 1.6 turbo de 156 cv faz boa dupla com o câmbio automatizado de sete marchas, mas não é uma referência em desempenho. O sedã é mais afeito ao conforto e à suavidade.
Ainda em 2014, estreará um CLA mais barato (e menos equipado), adequando seu posicionamento. Se você estiver animado a pagar o que a Mercedes pede hoje, pelo menos reclame da falta de sensor de estacionamento e câmera de ré.