Nem sempre ser o primogénito é vantajoso, que o diga o EQS, o primeiro Mercedes nascido com base na nova plataforma elétrica específica da marca alemã, cujo design exterior causou bastante indiferença na imprensa automotiva mundial.
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O Mercedes EQE melhorou essa impressão – porque as suas proporções mais compactas funcionam melhor – e agora posso garantir que o EQS SUV teve uma boa primeira impressão. O design fluido combinou bem com a carroceria mais robusta e mais alta (é 20 cm mais alto do que o EQS sedã). Essa boa impressão pode ser creditada a uma coluna C alargada e a linha de cintura mais ascendente.
Serão três versões, o SUV EQS básico é o 450+ e usa um único motor elétrico no eixo traseiro que rende até 360 cv e 57,9 kgfm. Logo acima está o 450 4MATIC que possui dois motores elétricos, um em cada eixo, que rendem os mesmos 360 cv, mas o torque é superior chegando a 81,5 kgfm. Essa versão possui ainda a vantagem de ter tração integral.
Causa estranheza o fato das duas versões terem a mesma potência mesmo que a 4MATIC seja equipada com dois motores. A explicação para isso é que a Mercedes preferiu priorizar o rendimento do conjunto de baterias. Essa “limitação” da potência combinada dos dois motores torna a recarga mais rápida e potente.
A bateria de íons de lítio tem 107,8 kWh (12 módulos de células) com autonomia máxima de 660 km na versão com tração traseira menos potente – e nesse quesito o SUV perde para o sedã que promete autonomia de 743 km.
A versão topo de linha é a 580 4MATIC que tem potência combinada de 544 cv e 87,4 kgfm. É notável que em todos os níveis de acabamento, a potência oferecida é ligeiramente superior à do sedã correspondente.
Segundo a marca, os modelos 4MATIC, têm a função Torque Shift “garante uma distribuição de torque inteligente e continuamente variável” entre os motores elétricos dianteiros e traseiros.
Tal como nos EQS e EQE, são três os níveis de regeneração de energia pela desaceleração: D+ (sem resistência ao rolamento e sem regeneração), D (normal) e D- (regeneração forte), os quais podem ser selecionados por comandos atrás do volante.
Existe ainda o modo D auto, no qual o assistente Eco vai adaptando a intensidade da regeneração de acordo com a situação do trânsito e da estrada, para a melhor eficiência possível.
A mesma plataforma
A enorme distância entre-eixos, de 3,21 metros, é igual à do EQS sedã e a arquitetura do suspensão também é muito próxima (independente nas quatro rodas, com quatro braços em cada uma das rodas à frente e multibraços atrás).
A suspensão pneumática Airmatic e o amortecimento eletrônico variável são de série em todas as versões. As 4MATIC dispõem de um programa adicional para a condução fora de estrada, além de um menu específico na instrumentação para esse tipo de utilização (com bússola, informação de altura ao solo, tração, profundidade ao cruzar a água e uma câmera especial para mostrar o que existe debaixo do SUV).
Em modo offroad, a altura do veículo sobe 25 mm até os 80 km/h e é possível ligar e desligar o controle de estabilidade. Os EQS SUV estão sempre dotados de um eixo traseiro direcional, com que as rodas traseiras giram 4,5 graus para melhorar a estabilidade em altas velocidades e a manobrabilidade em vagas apertas, sendo possível fazer um upgrade do sistema para 10 graus de rotação (disponível over the air, ou seja, remotamente).
O que muda por dentro?
Por dentro, um dos destaques é o já famoso hyperscreen MBUX (opcional que custa cerca de 8.000 euros) e a tela gigante (1,41 metros) que se estende por todo o painel.
A instrumentação atrás do volante é de 12,3”, a central multimídia tem 17,7 polegadas e há uma tela diante do passageiro – que lhe dá a possibilidade de ter a sua própria área de controle (incluindo conteúdos dinâmicos que são vedados ao condutor quando este direciona o seu olhar para essa tela, graças ao bloqueio inteligente de uma câmara que monitoriza o olhar e escurece a imagem caso detecte que o condutor está olhando “para onde não deve”).
Atrás dos encostos de cabeça dianteiros podem estar fixas duas telas para o entretenimento e há ainda um tablet portátil que está acoplado ao apoio de braços central traseiro.
Os revestimentos incluem materiais de qualidade elevada, em alumínio e madeira. Há ainda a estreia de um tipo de superfície em que pequenas estrelas em alumínio são incrustadas na madeira criando um efeito diferente de tudo o que conhecemos em interiores de automóveis Há duas bandejas de carregamento sem fios para celulares, que se junta uma terceira dentro do encosto de braços da segunda fila.
A segunda fila de bancos pode avançar/recuar eletricamente até 13 centímetros, de série, o que permite criar um amplo espaço (83 a 96 cm) para pernas para esses passageiros e os encostos podem reclinar eletricamente (14 graus para a frente e 4 para trás). Resulta que o volume do porta-malas pode ir de um mínimo de 645 litros até 880 litros.
Se o cliente optar por comprar a opcional terceira fila de bancos (dois e individuais) continuam a existir 195 litros de porta-malas quando os sete lugares estão ocupados, mas a terceira fila também pode ser rebatida.
Tive oportunidade de me sentar na segunda fila e o espaço alterna entre enorme e suficiente para um passageiro de 1,80 metros de altura (conforme a posição do assento) – sendo positivo o fato do piso ser totalmente plano, permitindo total liberdade de movimentos para pernas e pés desses passageiros.
É recomendado que os sextos e sétimos passageiros tenham até 1,70 metro em deslocamentos curtos ou até 1,60 m em viagens mais longas. A vida a bordo desses ocupantes é mais agradável por existir uma zona de climatização com regulação própria, entradas USB-C e apoios para copos/latas.
Nada se sabe sobre preços, de momento (apenas que irão começar acima do que custa o EQS sedã mais acessível, ou seja, mais de 111.000 euros), sendo necessário esperar até pouco antes das encomendas serem abertas a partir de julho, com as subsequentes entregas aos clientes acontecendo ainda antes do final de 2022.