O mundo do automóvel vive uma verdadeira epidemia: praticamente não há comprador de carro imune à febre do SUV. E também não há, claro, fabricante disposto a deixar passar uma oportunidade dessa. Inclusive os de carros premium – ou melhor, principalmente eles. Na Mercedes-Benz, por exemplo, os executivos justificam a empolgação com números: “Em 2015, o mundo comprou 26% mais SUVs da nossa marca do que em 2014. No Brasil, o segmento também está aquecido. Fechamos 2015 com os SUVs respondendo por 33% do volume de vendas e tudo indica que essa participação subirá ainda mais”, diz Holger Marquardt, diretor-geral da Mercedes-Benz no Brasil.Explicações e dados de venda à parte, o atual momento da marca alemã é o que melhor ilustra a alta dos SUVs: em uma só tacada, estreiam no Brasil o GLC e o GLE Coupé.
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Os nomes causaram estranheza? Pois bem, eles seguem a nova regra de batismo dos utilitários esportivos da Mercedes, pela qual todos começam com GL e a terceira letra se refere à família da qual deriva: no caso, o GLC é baseado nos sedãs da Classe C e o GLE, na versão cupê da Classe E.
GLC 250
A nova nomenclatura dos jipões de luxo aproveitou ainda uma virada de geração e, assim, o velho GLK se transformou em GLC e está pronto para encarar os conterrâneos Audi Q5 e BMW X3. Por enquanto, haverá uma única opção de motor, um quatro-cilindros turbo com 211 cv, o mesmo que equipa o sedã C 250 — não por acaso, o nome completo do SUV é GLC 250. Na tampa traseira, você ainda vê o nome 4Matic, alusivo ao sistema 4×4 da Mercedes, com distribuição eletrônica da tração entre os eixos – em condições normais, 45% na dianteira e 55% na traseira.
O câmbio automático 9G-Tronic, com conversor de torque e nove marchas, dá um show à parte. Não é tão rápido quanto uma caixa com dupla embreagem, mas vamos combinar: um SUV dispensa esse tipo de tecnologia. Rápido o suficiente para operar as trocas sem vacilos durante uma tocada esportiva e inteligente a ponto de notar que o piloto voltou a dirigir economicamente, o câmbio é um dos principais responsáveis pelos bons números de consumo de combustível obtidos em nosso campo de provas: 9,4 km/l na cidade e 13,3 na estrada.
Construído sobre a plataforma modular MRA, herdada do Classe C, o GLC tem mais presença do que o aposentado GLK. Com 4,65 m de comprimento, 1,89 m de largura, 1,64 m de altura e com 2,87 m de entre-eixos, o lançamento é maior em tudo: respectivamente, 11 cm, 5 cm, 0,7 cm e 11,6 cm a mais. Segundo a Mercedes, mesmo assim, o GLC é até 80 kg mais leve, por conta da vasta aplicação de aços de alta e ultrarresistência e de alumínio na carroceria (capô, portas e para-lamas) e na mecânica (capa do diferencial, cabeçote e componentes da suspensão).
O GLC 250 será ofertado em dois níveis de equipamentos, básico e Sport. Mas calma: entenda como básico um pacote recheadíssimo, com sistema multimídia, rodas aro 18, freio de estacionamento elétrico, start-stop, seletor de modo de condução, câmera de ré, ar digital de duas zonas, acionamento automático de faróis e limpadores de para-brisa, piloto automático e assistente de partida em rampa. Tudo por R$ 222.900. O Sport, de R$ 264.900, como o que aparece nas fotos desta reportagem, traz mais: kit visual interno e externo AMG (com volante, suspensão, soleira, tapete, rodas aro 19, grade e pedaleiras), banco do motorista elétrico e com memórias, teto solar panorâmico, GPS, faróis de led e porta-malas com acionamento elétrico. Estranhamente, a chave presencial não permite a abertura das portas, apenas a partida do motor.
A direção de respostas rápidas e a suspensão firme dão ao motorista a chance de esquecer que está no comando de um jipão. Obediente, o GLC 250 oscila pouco mesmo após uma sequência de golpe e contragolpe no volante, manobra muito comum ao desviar repentinamente de um objeto ou buraco na via. É perceptível o quanto a suspensão bem acertada dá folga aos controles eletrônicos de estabilidade e tração, que são convocados somente quando o piloto ultrapassa demais os limites de aderência da curva.
GLE 400 COUPÉ
Ele também pode ser chamado de anti-X6. Para fazer frente ao rival da BMW, vem munido com um design e proporções notadamente inspirados no… X6. Por mais que o pessoal da Mercedes não goste, o apelido “X6 da Mercedes” vem colando no GLE Coupé pelo mundo. Basta uma breve pesquisa na internet.
Ainda que pouco exclusivo, o desenho é a grande arma do GLE Coupé. A ideia de cruzar carrocerias cupê e SUV foi respeitada ao extremo. No andar superior, as colunas A e C são unidas por uma linha de teto extremamente longa e em arco. Ela é que define o perfil esportivo, com a tampa traseira abrindo em conjunto com o vidro. Nas laterais, o contorno das janelas lembra o CLA, o sedã-cupê da marca. Para imprimir coerência e unidade à linguagem de design de seus carros, a Mercedes adotou um padrão: todos os seus cupês têm lanternas traseiras horizontais.
Para-choque frontal com aberturas gigantescas, grade com uma enorme estrela da Mercedes, saída dupla de escapamento. Por mais marcantes que sejam, não há elemento capaz de chamar mais atenção do que o descomunal conjunto de rodas e pneus — na frente, um par de 275/45 e na traseira um de 315/40, ambos com aro de 21 polegadas.
Ao contrário do que a nova lógica de batismo da marca leva a crer, o GLE não utiliza a plataforma da Classe E, mas uma especificação atualizada da que servia de base ao antigo ML, o qual substituiu. Isso explica a cabine com o layout básico do velho ML. O painel, por exemplo, tem basicamente a mesma disposição, trazendo apenas a área da tela, no topo da região central, redesenhada.
O motor do GLE é um V6 biturbo de 333 cv, coordenado pela mesma caixa 9G-Tronic. Na pista, deu a lógica: números melhores que os do GLC nas provas de desempenho e piores nas de consumo. Dotado de suspensão pneumática, o GLE tem uma dinâmica diferente da do GLC: não chega a escapar, mas é menos na mão, com maior tendência à rolagem. Mas também é mais macio, apesar dos pneus que mais parecem rolos compressores de borracha.
O GLE 400 chega por R$ 415.900. De opcional, só pintura preta dos retrovisores e da barra que sustenta a estrela na dianteira, por R$ 10.000.
AVALIAÇÃO DO EDITOR
Motor e Câmbio – O 2.0 do GLC é exemplar, dando ao SUV pegada de esportivo com consumo comedido. O V6 do GLE, por sua vez, tem mais foco no desempenho.
Dirigibilidade – A suspensão do GLE é do tipo pneumática e inteligente, que se adapta ao estilo de condução. A do GLC, convencional, é mais conectada ao piloto.
Segurança – Ambos carregam um pacote completo de dispositivos de segurança ativa e passiva.
Seu bolso – Tanto o GLC quanto o GLE têm preço compatível com o da concorrência.
Conteúdo – No GLC, alguns itens interessantes, como GPS e teto panorâmico, só partindo para a versão mais cara. No GLE, o único pacote de opcionais inclui uma mera pintura preta de detalhes externos.
Vida a bordo – Acabamento primoroso e muitos itens de luxo, entretenimento e conforto estão presentes em ambos. No GLE, porém, há uma sensação de déjà vu, uma vez que a decoração da cabine é uma versão atualizada da que se via no aposentado ML.
Qualidade – Carros premium são naturalmente analisados com lupa. Nem com ela detectamos algo na montagem ou pinturaque maculasse a excelência destes SUVs.
VEREDICTO QUATRO RODAS
Audi Q5 e BMW X3 que se cuidem: o GLC é um concorrente com muitos predicados. A BMW também não pode vacilar com o seu X6. É verdade que ele inaugurou o segmento, mas o GLE Coupé chega com um estilo mais atual.
GLC 250 | GLE 400 | |
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ACELERAÇÃO | ||
de 0 a 100 km/h: | 7,9 s | 6,4 s |
de 0 a 1.000 m: | 28,9 s – 181 km/h | 26,6 s – 200,3 km/h |
VELOCIDADE MÁXIMA: | 222 km/h | 247 km/h |
RETOMADAS | ||
de 40 a 80 km/h (em D): | 3,5 s | 2,9 s |
de 60 a 100 km/h (em D): | 4,5 s | 3,4 s |
de 80 a 120 km/h (em D): | 5,6 s | 4,3 s |
FRENAGENS | ||
60 / 80 / 120 km/h a 0: | 16,1 / 27,4 / 61,1 m | 16,7 / 29,3 / 67 m |
CONSUMO | ||
urbano: | 9,4 km/l | 7,6 km/l |
rodoviário: | 13,3 km/l | 10,2 km/l |
RUÍDO INTERNO | ||
neutro / RPM máximo: | 40,3 / 67,2 dBA | 36,8 / 67,8 dBA |
80 / 120 km/h: | 58,9 / 66,8 dBA | 59,4 / 64,4 dBA |
AFERIÇÃO | ||
velocímetro real a 100 km/h: | 98,4 km/h | 97,6 km/h |
rotação do diferencial a 100 km/h em D: | 1.700 rpm | 1.500 rpm |
SEU BOLSO | ||
preço: | R$ 222.900 | R$ 415.900 |
garantia: | 2 anos | 2 anos |
concessionárias: | 47 | 47 |
GLC 250 | GLE 400 | |
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Motor: | gasolina, diant., long., 4 cilindros em linha, 16V, injeção direta, turbo, 1.991 cm³, 83 x 92 mm, 9,8:1, 211 cv a 5.500 rpm, 35,7 mkgf 1.200 rpm | gasolina, diant., long., V6, 24V, injeção direta, biturbo, 2.996 cm³, 88 x 82,1 mm, 10,5:1, 333 cv a 5.250 rpm, 48,9 mkgf a 1.600 rpm |
Câmbio: | automático, 9 marchas, tração integral | automático, 9 marchas, tração integral |
Direção: | elétrica, 11,8 m (diâmetro de giro) | elétrica, 11,8 m (diâmetro de giro) |
Suspensão: | duplo A (diant.), multilink (tras.) | duplo A (diant.), multilink (tras.) |
Freios: | discos ventilados nas quatro rodas | discos ventilados e perfurados nas quatro rodas |
Pneus: | 235/55 R19 (diant.) | 275/45 R21 (diant.), 315/40 R21 (tras.) |
Peso: | 1.735 kg | 2.180 kg |
Peso/potência: | 8,22 kg/cv | 6,55 kg/cv |
Peso/torque: | 48,6 kg/mkgf | 44,58 kg/mkgf |
Dimensões: | comprimento, 465,6 cm; largura, 189 cm; altura, 163,9 cm; entre-eixos, 287,3 cm; tanque de combustível, 66 l | comprimento, 490 cm; largura, 200,3 cm; altura, 173,1 cm; entre-eixos, 291,5 cm; tanque de combustível, 93 l |
Equipamentos de série: | sistema multimídia, freio de estacionamento elétrico, start-stop, seletor de modo de condução, câmera de ré, piloto automático, sistema de auxílio de partida em rampa, ar digital bizona | ar-condicionado automático bizona, sistema multimídia, GPS, rodas aro 21, couro, controle de estabilidade e tração, bancos elétricos, câmera de ré |