A nomeclatura dos SUVs da Mercedes-Benz sempre foi meio confusa. Como esse tipo de veículo está cada vez mais presente nas garagens, a marca resolveu por um fim à bagunça. Os alemães decidiram, então, que o nome iniciaria sempre com GL, para indicar que se trata de um utilitário esportivo, seguido pela letra referente à plataforma. Assim ficou fácil. Começaram em 2014 com GLA, portanto um herdeiro do Classe A, continuaram com o GLE (antigo ML) e agora apresentam na Europa o GLC, feito sobre a base do sedã Classe C.
Na verdade, ele é a segunda geração do velho GLK, que ficou tão diferente que em nada lembra o predecessor. Perdeu as formas quadradas e tornou-se o que o mercado pede hoje: um utilitário esportivo de traços arredondados e ótima aerodinâmica (o Cx passou de 0,34 para 0,31 – o melhor do segmento). Por isso, ficou tão parecido com o irmão menor GLA.
Com a meta de melhorar o espaço interno, o modelo está 12 cm maior (quase tudo foi usado no entre-eixos, esticado em 11,8 cm) e 4 cm mais largo, o que deu uma bela folga às pernas dos passageiros traseiros. O porta-malas foi outro grande favorecido: cresceu entre 80 e 110 litros, dependendo da versão.
Mesmo com o aumento das dimensões, o GLC pesa menos do que antes (em média 80 kg), graças a uma aplicação mais extensa de alumínio e aços de elevada rigidez. Essa dieta, somada à nova transmissão automática de nove marchas, reduziu os número de consumo em até 19%.
A suspensão é independente nas quatro rodas, com eixo multilink na traseira, sempre na configuração 4×4. Para quem quer abusar do GLC na terra, há pacote Off-Road, que estreia uma novidade: a suspensão pneumática Air Body Control. Ela é capaz de levantar a carroceria em até 50 mm, para superar obstáculos difíceis, ou baixá-la em 40 mm, para facilitar a operação de carga e de descarga. O recurso ainda melhora a estabilidade numa tocada mais esportivo ou privilegia o conforto no dia a dia. O que a torna única é contar com três câmaras de ar separadas, permintindo ajustar ainda a rigidez das molas, o que não é possível nas suspensões a ar com uma câmara.
Jipeiro eletrônico
O pacote Off-Road inclui ainda cinco programas de ajuste de motor, câmbio e suspensão, capazes de transformar qualquer motorista em um jipeiro experiente: Slippery (pisos de pouca aderência), Off-road (trechos de cascalho ou areia), Incline (subir ou descer rampas íngrimes), Rocking Assist (escalar pedras) e Trailer (uso de reboque).Durante nosso test-drive na região da Alsácia, na França, pudemos conferir como o GLC realmente se dá bem no fora-de-estrada. Rodamos por estradas de terra cheias de obstáculos difíceis e em nenhum momento o SUV apresentou dificuldade para passar.
Apesar de o modelo ficar à vontade em ambiente off-road, a Mercedes sabe que ele vai rodar basicamente no asfalto, onde ele se revelou um parente genuino do Classe C. A versão GLC 250, única disponível por enquanto, mostrou muito conforto, baixo nível de ruído e, graças aos diferentes modos de condução, a habilidade de evitar que a carroceria oscile demais em rodovias mais sinuosas.
O novo motor é um 2.0 turbo, que ajuda bastante no ambiente urbano. Não porque ele seja muito potente: são razoáveis 211 cv para empurrar 1 735 kg. Mas a diferença está no torque: 35,7 mkgf, que são entregues todos a míseros 1 200 rpm e se mantêm assim até os 4 000 rpm. Combinado às nove marchas do câmbio, ele impressiona com uma aceleração de 0 a 100 km/h em 7,3 segundos (dado de fábrica) e um consumo que no test-drive ficou próximo a 12,5 km/l.
Com o lançamento do GLC (que deve estrear no Brasil no primeiro semestre de 2016), a Mercedes dá mais um passo na reorganização dos seus SUVs. Agora só resta esperar a chegada do enorme GLS (atual GL), em novembro, para os alemães terminarem de arrumar a casa em Stuttgart.