Mercedes GLS 450 é SUV de 7 lugares à prova de buracos e atolamentos
Com câmeras, radares e inteligência artificial a disposição, o Mercedes GLS 450 leva o conforto e os mimos a bordo a outro patamar
Você pode até não perceber, mas sistemas que usa todos os dias estão aprendendo seus costumes e sua rotina. É o e-mail que prevê um cumprimento, o navegador que aprendeu os dias que você passa na cafeteria antes de ir para o trabalho ou a loja que sabe a época do mês que você compra ração para o cachorro.
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Nada disso é coisa de filme sci-fi. É realidade. E é o tipo de coisa que você encontra a bordo do Mercedes GLS 450, o maior e mais tecnológico SUV da fabricante alemã. Custando a partir de R$ 875.900, é o SUV mais caro da marca sem motor AMG.
Especificações mecânicas não são exatamente o que mais chama atenção no GLS, devo dizer. Seu motor é o novo seis-cilindros 3.0 a gasolina, extremamente suave e que entrega 367 cv e 51 kgfm a meros 1.600 rpm.
Mas tem o apoio moral de um motor-gerador de 22 cv e 25,5 kgfm que trabalha em um circuito de 48 V fazendo as vezes de motor de partida e alternador, além de ajudar o motor a gasolina em acelerações ou permitir que ele possa ser desligado quando em velocidade constante — em descidas ou no final de uma frenagem.
Então não, essa mecânica não é fraca para os 2.460 kg de peso do GLS 450. Em nosso teste, o SUV de sete lugares acelerou de 0 a 100 km/h em bons 6,5 segundos e os consumos urbano (7,5 km/l) e rodoviário (11,8 km/l) são até melhores do que se espera de um carro desse porte.
O mais legal é sentir a mão invisível da tecnologia atuando e isso vai muito além do motor desligando na estrada. Por exemplo, na foto que abre este teste o GLS está em uma curva íngreme. Nessa condição o sistema de controle automático da carroceria atua na suspensão pneumática para compensar, de forma independente para cada uma das rodas, a inclinação do veículo.
Também é possível fazer o carro literalmente balançar, para cima e para baixo, para sair de situações de baixa aderência no off-road, ou variar a altura de cada roda, de forma independente, em até 10 cm.
Quer mais? Câmeras na dianteira interpretam imperfeições e buracos na via e preparam a suspensão para o impacto iminente. O chamado “Road Surface Scan” é muito exigido no Brasil, mas tem efeito. O rodar do GLS 450 é muito suave.
O carro testado ainda permitiu ter o gostinho de tecnologias indisponíveis para a linha 2022 por falta de semicondutores. É o caso do sistema de navegação com realidade aumentada, que usa a imagem de uma câmera dianteira para exibir nela, projetada na central multimídia ou no quadro de instrumentos, as indicações do caminho a seguir.
O grande head-up display, o uso de comandos por voz para controlar a cabine, os sensores de aproximação da tela, o pacote Energyzing (que altera som, iluminação ambiente, massagens, fragrância, ionização e filtragem do ar de acordo com o humor do motorista) e até o carregador sem fio para smartphones saíram de cena. Não à toa, os carros da linha 2021 custam R$ 954.990, R$ 79.090 mais caros.
Outros mimos foram mantidos. Todos os bancos trazem ajustes elétricos e até o rebatimento da terceira fila é elétrico. Mas só o motorista pode ter seu assento ajustado à sua estatura por meio da central multimídia.
Quem viaja na segunda fila, porém, pode erguer (eletricamente) persianas para maior privacidade e a turma do fundão senta-se na melhor terceira fila de assentos entre todos os carros de sete lugares que conheço.
O acesso é facilitado, a altura é boa e o ângulo dos joelhos não cansa. Há bancos traseiros de compactos que são mais apertados. O GLS é carro para sete adultos viajarem com conforto. Contudo, ao esconder a terceira fila de bancos no assoalho, o porta-malas revela a capacidade aumentada de 355 litros para 890 litros.
Ninguém passa frio ou calor no Mercedes GLS. E não é só porque na parte de cima do painel há seis saídas de ar. São quatro zonas de temperatura e quem vai atrás recebe vento do console central e da coluna das portas. Para a terceira fila, o sopro sai do teto.
O sistema ainda tem filtragem de partículas e pode dissipar a fragrância escolhida pelo proprietário, cujo frasco é colocado em compartimento especial no porta-luvas. Os vidros contam com isolamento térmico e de luz infravermelha. Na falta de uma geladeira, o porta-copos no console pode gelar ou aquecer as bebidas.
Não se engane pelo design, que mais parece o de um GLB em tamanho GGG, ou pela proposta de carro familiar com sete lugares, que quase sempre resulta em carros enfadonhos. O Mercedes GLS é uma das formas mais tecnológicas e confortáveis de se levar a família para viajar. Uma pena que seja uma das mais caras.
Teste – Mercedes-Benz GLS 450:
Aceleração
0 a 100 km/h: 6,5 s
0 a 1.000 m: 26,6 s – 201,8 km/h
Retomadas
D 40 a 80 km/h: 3,2 s
D 60 a 100 km/h: 3,8 s
D 80 a 120 km/h: 4,6 s
Frenagens
60/80/120 km/h a 0: 15,6/27,1/58,6 m
Consumo
Urbano: 7,5 km/l
Rodoviário: 11,8 km/l
Ruído interno
Neutro/RPM máx. 37,7/64,6 dBA
80/120 km/h: 59,9/65,3 dBA
Ficha técnica do Mercedes-Benz GLS 450:
Preço: R$ 875.900
Motores: gas., diant., long., 6 cil., 24V, turbo, injeção direta 2.999 cm³, 367 cv a 5.500 rpm, 51 kgfm entre 1.600 e 4.500 rpm + elétrico, 22 cv, 51 kgfm
Câmbio: automático, 9 marchas, tração integral
Suspensão: duplo A com molas pneumáticas (diant. e tras.)
Direção: elétrica
Rodas e pneus: liga leve, 275/45 R21 (diant.) e 315/40 R21 (tras.)
Dimensões: comprimento, 520,7 cm; largura, 215,7 cm; altura,182,3 cm; entre-eixos, 313,5 cm; peso, 2.460 kg; porta-malas, 355 l; 890 l; 2.400 l; tanque, 90 litros