Mitsubishi L200 Triton e Nissan Frontier fazem parte do segundo escalão do ranking de vendas das picapes médias no Brasil. Elas venderam 14.501 e 5.778 unidades, respectivamente, ao longo de 2015. É menos da metade das líderes, Chevrolet S10 (33.330) e Toyota Hilux (32.900). Para mudar esse cenário, as duas marcas japonesas já estão preparando as novas gerações, que estreiam em 2016.
A L200 virá inicialmente importada, para conviver com a geração atual, que é fabricada em Catalão (GO). Lançada no Salão de Genebra, em março, ela será vendida no início do ano como versão topo de linha, acima da atual L200 Triton Savana, de R$ 131.900. No fim de 2016, já como linha 2017, será a vez da Frontier, vinda da Argentina (hoje ela é feita no Paraná).
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Enquanto ambas não chegam, fomos ao México para saber como elas andam. Das duas, percebe-se que a L200 é a que guarda mais semelhanças com a anterior. À primeira vista, parece que mudou bastante, com sua grade dianteira agora toda cromada e maior e os faróis mais afilados, enquanto as lanternas avançam pelas laterais. Mas o visual geral tem um quê de familiar, porque a Mitsubishi manteve sua principal característica, a linha em J que ajuda a dividir a cabine da caçamba. Segundo a empresa, 80% da picape é nova, deixando inalterado o chassi de longarinas.
A Nissan foi mais longe. A nova Frontier é completamente diferente da sua predecessora. Comparada à L200, é mais tradicional em suas formas, mas também mais elegante, com um desenho mais aerodinâmico. O capô é mais alto nas laterais do que no meio, os para-lamas estão mais salientes e a lateral ganhou um suave vinco inferior, recursos criados para que o design geral parecesse mais musculoso, robusto. Faróis de neblina, estribos, retrovisores e barras no teto também cromados a deixam com aparência mais de SUV de luxo do que de picape de trabalho.
Na Mitsubishi, o atrevimento exterior é esquecido por dentro, onde suas formas são bem conservadoras. O interior melhorou em materiais e execução. Há maior sensação de qualidade que antes, com plásticos mais agradáveis à vista e ao tato. Mas isso depende muito do lugar onde seja vendida, pois na Europa, por exemplo, o acabamento é bem diferente do da versão comercializada no México.
Como em quase todas as picapes médias, a L200 tem uma posição de dirigir que pode não ser muito confortável para os mais altos, porque os bancos dianteiros são baixos em relação ao assoalho, e isso faz os joelhos ficarem apontando para cima.
Ao entrarmos na Frontier, aumenta a sensação de requinte que já temos olhando por fora. Os materiais são superiores aos de sua rival. Os bancos mostram-se mais confortáveis e sua maior altura com relação ao piso nos permite sentar melhor, mais altos, com maior domínio da estrada.
No banco traseiro, a L200 tem espaço de sobra para pernas e cabeça para duas pessoas. Colocar três compromete um pouco o conforto geral, especialmente de quem vai no meio, porque a parte central do banco é mais elevada e o túnel da transmissão, ainda que não muito alto, rouba espaço. Andar atrás na Frontier é parecido com estar na L200, mas com ligeira desvantagem. O espaço é similar, porém, com um terceiro ocupante, o túnel é mais alto e ainda há um porta-copos no piso, junto do banco, o que limita muito o conforto.
Ao volante, como o chassi da Mitsubishi é o mesmo de antes, não há muitas diferenças. Sem carga, a L200 ainda pula muito com as imperfeições do asfalto, algo normal numa picape 4×4 com eixo rígido e molas semielípticas. O mesmo não ocorre na Frontier, porque a Nissan trabalhou bem nessa área. Seu conforto é o mais parecido possível com o de um automóvel. A suspensão traseira também usa eixo rígido, mas as molas semelípticas agora têm a ajuda de braços de controle, o que melhorou bastante o conforto e a estabilidade.
A L200 só leva realmente vantagem ao andar em terrenos difíceis, porque a Frontier não oferece opção de tração 4×4 no México – o que não ocorrerá no Brasil. A Mitsubishi conta com o sistema EasySelect, que permite engatar a reduzida mesmo com o veículo em movimento, desde que esteja a menos de 100 km/h.
Não comparamos os motores, pois os das versões mexicanas não serão vendidos no Brasil. A Frontier tinha um 2.5 a gasolina de 158 cv, mas a picape feita na Argentina deverá ganhar um diesel produzido no Brasil. Na L200, o 2.5 turbodiesel de 134 cv deverá ser substituído por um moderno 2.4 que na Europa vai de 153 a 184 cv.
Com tantas novidades à vista, não há dúvidas de que as duas picapes vão agitar o mercado das médias. O único problema é que, quando elas chegarem, já terão muito trabalho pela frente: vão encarar a nova geração da Hilux, que deve estrear em novembro. Haja trabalho!