Mitsubishi L200 Savana é 4×4 feita para lama – e cobra a mais por isso
Picape traz como principal vocação o enfrentamento de terrenos fora de estrada, mas custa exatos R$ 20.000 mais caro que a versão topo de linha da L200
Dentro da categoria das picapes há uma série de subcategorias e uma das principais são as picapes com vocação off-road. A maioria das marcas quer te convencer de que a picape dela pode enfrentar qualquer terreno, mas não é bem assim. Há alguns modelos do mercado que têm atributos específicos que os colocam em outro patamar quando o assunto é lama e terra. Esse é o caso da Mitsubishi L200 Triton Savana, uma das pioneiras neste subsegmento.
Ela tem quase 20 anos de mercado e é uma versão criada para as condições off-road de nosso país, segundo a fábrica. Para quem gosta de enfrentar areia, terra e lama, a Savana é uma opção sob medida.
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Entre as principais características que tornam essa picape adequada para o fora de estrada estão os pneus Goodyear Duratrac 265/70 R17, os quais, segundo a fábrica, desenvolvidos para enfrentar situações severas tendo características como dentes de serra nos sulcos, que oferecem maior tração.
As rodas são de aço, exatamente para não estarem sujeitas a riscos como as rodas de liga leve diamantadas que equipam a L200 topo de linha, a HPE-S (com pneus para uso no asfalto).
Há ainda outros atributos interessantes para permitir o desbravamento de trilhas, como o snorkel que garante uma capacidade de transposição em trechos alagados de até 700 milímetros, 16,7% mais em relação à L200 tradicional.
E, no bagageiro do teto, que pode carregar até 50 kg extras, há uma prancha de desencalhe, bem útil em uma situação de atolamento.
Outro item, que poderia ser acessório, mas é de série na Savana, são os chamados rocksliders. São barras laterais para a carroceria, cuja função é proteger a picape e ajudar na transposição de obstáculos. Ao contrário dos estribos, que servem para facilitar o acesso à cabine, como apoio para os pés das pessoas, os rocksliders escoram e permitem que a lateral passe por locais com grande inclinação deslizando, enquanto um estribo poderia ficar enroscado e ser danificado.
Função semelhante ao rockslider tem o dispositivo batizado de skid plate, uma placa instalada sob a picape que evita danos ao motor e à parte inferior, que pode fazer contato com o solo, como um todo. O para-choque de impulsão, por sua vez, tem como missão proteger a dianteira contra impactos leves.
A capacidade de carga da Savana de 1.055 kg está na média entre as rivais e a caçamba conta com o revestimento X-Liner, um material poroso que, segundo a Mitsubishi, elimina a possibilidade de riscos. Esse acabamento também está presente no bagageiro de teto. A Savana traz também uma caixa na lateral da caçamba, para o carregamento de volumes menores, que pode ser trancada com chave.
Diante das rivais
O motor que equipa a série é o 2.4 turbo diesel de quatro cilindros com estrutura de alumínio (o que alivia o peso e ajuda a otimizar o consumo de combustível). Ele traz a tecnologia de válvulas variáveis MIVEC e turbina de geometria variável, e rende até 190 cv de potência e 43,9 kgfm de torque.
Ela é a menos potente das picapes médias e entre as focadas no fora de estrada também fica atrás. A Ranger Storm tem motor maior de 3.2 litros turbo diesel que rende até 200 cv e a Toyota Hilux GR-Sport fica bem à frente, pois traz um motor 2.8 turbo diesel desenvolvido para entregar até 224 cv e 55 kgfm.
Em nossa pista, a Savana cumpriu de 0 a 100 km/h em 13,1 segundos, enquanto a L200 HPE-S levou 12 segundos e a Hilux GR-Sport precisou de apenas 9,7 segundos. As retomadas de velocidade da Savana também foram inferiores aos da L200 convencional e da picape esportiva da Toyota.
Em relação ao consumo, era esperado que, com a nova transmissão de seis marchas, que garante mais fôlego ao motor 2.8 e faz com que ele trabalhe em faixas mais baixas de rotação, houvesse melhorias no menor consumo de combustível. Mas, em nossas medições, a Savana não se saiu bem, com médias de 8,1 km/l, na cidade, e 9,4 km/l, na estrada. A versão HPE-S consumiu menos: 8,2 km/l e 11,5 km/l. E a GR-Sport também: 10 km/l e 11,6 km/l. Sempre com diesel e respectivamente.
Essa diferença pode ser explicada pelos pneus escolhidos para a Savana, que são de uso off-road, combinados a acessórios que agregam peso e pioram a aerodinâmica (como snorkel etc.).
O motor trabalha mais silencioso com a transmissão de seis marchas e o ruído invade menos a cabine, a questão é que o barulho de rolagem dos pneus fora de estrada no asfalto incomoda bastante e ainda gera vibração tanto no banco quanto no volante. Na nossa medição de ruído interno pudemos constatar que, a 120 km/h, o barulho chega a 75 decibéis, enquanto a versão HPE-S (com pneus de uso no asfalto) emite 69,8 decibéis.
A dinâmica ao volante é favorecida por amortecedores hidráulicos com boa calibração e a ergonomia beneficiada pelo controle de altura do banco e de altura e profundidade do volante.
Bloqueio do diferencial
A Savana conta ainda com um modo de condução off-road, no qual é possível escolher quatro tipos de terreno: Cascalho, Lama/Neve, Areia e Pedra – otimizando a tração para cada tipo de piso. O sistema altera de forma automática a entrega de torque e potência ajustando a transmissão e os controles eletrônicos de estabilidade e tração.
O HDC (controle de descida em rampas) também está disponível e pode ser acionado por meio de um botão no console central. Com esse recurso, a picape é capaz de descer ladeiras íngrimes, mesmo com baixa aderência, sem que o motorista precise pisar no freio.
Para situações em que uma ou mais rodas estão destracionadas, a picape conta com o Sistema Ativo de Controle de Tração (ATC), que monitora a rotação das rodas e atua desacelerando a roda que tem menos aderência, enviando a tração para a roda mais bem apoiada ao solo.
O sistema de tração também conta com o Bloqueio do Diferencial Traseiro, que permite que as duas rodas do eixo de trás recebam tração de forma idêntica, o que é muito útil em uma situação de atolamento em uma subida, por exemplo, permitindo que as duas rodas traseiras girem ao mesmo tempo.
A L200 Savana custa R$ 309.990 e por mais que ela seja uma picape robusta e com verdadeira vocação fora de estrada fica devendo em tecnologias semiautônomas. A picape só traz a frenagem autônoma de emergência, enquanto a principal rival, Hilux GR-Sport, traz o pacote completo, com piloto automático adaptativo, alerta sonoro pré-colisão e sistema de alerta de saída de faixa. Além de ter um desempenho e consumo melhores que os da Mitsubishi. Porém, a picape da Toyota custa bem mais caro, R$ 372.890, exatos R$ 62.900 mais cara. O valor pode assustar, mas nessa faixa de preço essa é uma diferença relativamente tolerada pelo consumidor.
Em relação a versão “convencional” da L200 Triton a diferença de preço é ainda maior ao considerarmos a versão topo de linha HPE-S. Ela custa R$ 289.990, portanto exatos R$ 20.000 mais barata que a Savana.
De qualquer forma, a Mitsubishi L200 se defende bem e é reconhecida por desbravar trilhas desafiadoras: há anos é o modelo mais utilizado no Rally dos Sertões. Exatamente por isso é necessário frisar que é uma picape feita para quem quer ou precisa trilhar terrenos rurais. E ela mostra que sabe fazer isso bem, com a experiência de uma picape de 20 anos de mercado.
Veredicto
Savana tem como vantagem a capacidade off-road, mas não vai tão bem no asfalto e peca na tecnologia embarcada.
Ficha Técnica – Mitsubishi L200 Triton Savana 2024
Motor: diesel, diant., transv., 4 cil., 16V, 2.442 cm³, 190 cv a 3.500 rpm, 43,9 kgfm a 2.500 rpm
Câmbio: automático, 6 marchas, tração 4×4
Direção: hidráulica, 11,8 m
Suspensão: indep., braços sobrepostos (diant.), feixe de molas (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.), tambor (tras.)
Pneus: 265/70 R17
Dimensões: compr., 537,9 cm; larg., 187,7 cm; alt., 193 cm; entre-eixos, 300 cm; peso, 1.376 kg; caçamba, 1.046 l; capacidade de carga, 1.055 kg; ângulo de entrada, 33°; ângulo de saída, 24°; ângulo de rampa, 26°; altura livre do solo, 23,3 cm