Neo 115 x Smart 125 x Prima 150 x Burgman 125 x Lead 110
Foi-se o tempo em que scooter tinha de ser amarelo... Comparamos cinco opções de marcas e indicamos a melhor
Figurinhas cada vez mais fáceis nas cidades brasileiras, eles são ágeis, econômicos e uma ótima opção ao trânsito carregado e ao transporte coletivo caro e ineficiente. Por sua característica urbana, os scooters são avaliados sob um olhar diferenciado em relação ao que lançamos sobre motos convencionais. Conforto, nível de ruído, consumo, autonomia, capacidade de armazenamento de carga, segurança e estilo seguiram critérios técnicos específicos para esse tipo de veículo.
Para isso, nada como a convivência com cada um deles. Apenas para aferir o consumo de combustível foram mais de 100 km com cada scooter, sempre em um mesmo percurso e em condições de uso idênticas. E olha que, nesses veículos, uso econômico significa trafegar dezenas de quilômetros a velocidades próximas dos 30 km/h… Um verdadeiro teste de resistência e paciência.
O resultado desse esforço vale a pena e nos dá tranquilidade para ordenar, por critérios claros, as melhores opções.
5º YAMAHA NEO AT115
Unanimidade não existe. O Neo chegou a ser apontado como o melhor por um de nossos pilotos, mas o argumento defendido por ele não convencia: “É o de tocada mais esportiva”. Por mais sedutor que pareça, vamos combinar: estamos testando scooters.
É o mais caro entre os cinco modelos. Atrai aqueles que almejam características mais “motociclísticas”. Apesar do motor traseiro, ele foi inspirado nas cub. O estilo é esportivo, as rodas de aro 16 garantem segurança nos buracos. Mas…
Há muito o modelo pede uma revitalização. A marca dos diapasões, pioneira no uso de injeção eletrônica no país, esquiva-se desse item em seus modelos de entrada. Sua performance é regular e a autonomia, pouca. Na forma econômica, roda só 138 km. Torcendo mais o cabo, o Neo roda menos que 100 km.
É, o retrovisor é simples, sem revestimento plástico da cor da carenagem, como os que equipam os demais scooters; não tem bagageiro traseiro, nem porta-objetos com tampa e chave; o tanque de combustível fica sob o banco, onde cabe só um capacete; o painel analógico é dos mais espartanos. Não é de todo ruim, mas perde na comparação.
TOCADA
Esse é seu ponto forte. As rodas grandes e a geometria herdada das cubs permitem um estilo de pilotagem bem mais alegre.
★★★★
DIA A DIA
Baixa autonomia, pouco espaço para capacete ou objetos, falta de bagageiro e abastecimento sob o banco não ajudam.
★★
ESTILO
Se por um lado a pegada mais esportiva agrada, o novo grafismo, confuso e rebuscado, deixou-o pior que a versão anterior.
★★★
MOTOR E TRANSMISSÃO
Saída lenta, mas desenvolve bem. Está na hora de receber uma versão com injeção eletrônica.
★★★
SEGURANÇA
As rodas grandes são um importante apoio nas ruas mais esburacadas. A suspensão é firme, mas nos buracos alcança o fim do curso.
★★★
MERCADO
A marca tem prestígio e o modelo, tradição. Mas é a mais cara e o consumidor sabe que longevidade sem mudança é sinal de modelo novo à vista.
★★★
4º DAFRA SMART 125
Uma surpresa repleta de pontos positivos, em um modelo que deve evoluir. O belo conjunto óptico frontal triplo tem piscas integrados à carenagem frontal e dá imponência ao Smart. Seu generoso porta-objetos frontal com chave é útil e o painel de instrumentos é dos mais completos, com velocímetro e marcador de combustível analógicos, além de hodômetros (parcial e total) e relógio digitais.
Causa boa impressão de pilotagem, com bom torque inicial e respostas rápidas. Tem freios e suspensões eficientes, apesar de macias demais.
Se apenas houvesse elogios, ele deveria avançar algumas páginas, mas o Smart tem lá seus problemas. As minúsculas rodas com aro de 10 polegadas são um problema: ou muda o nosso asfalto ou mudam as rodas! Há dois problemas ainda maiores para um veículo urbano: o conjunto motor/escapamento leva o título de o mais barulhento, algo indesejado nos tempos atuais. A opção do projeto de manter o tanque de combustível sob o assento sacrifica a capacidade de acomodar bagagem. É também o único a não ter pedaleiras retráteis para o garupa, o que é bem desconfortável.
TOCADA
Vai bem em pisos mais lisos. Tem força para avançar nas aberturas de farol, respostas prontas e se defende bem no trânsito das grandes cidades.
★★★★
DIA A DIA
O alto nível de ruído do motor, o pequeno espaço sob o banco e a falta de pedaleiras para o garupa anulam a vantagem dos melhores instrumentos.
★★★
ESTILO
Segue a linha clássica dos scooters chineses, com certo jeitão meio “jaspion”. Não é um problema, mas talvez lhe falte identidade.
★★★
MOTOR E TRANSMISSÃO
O motor tem bom torque e boa velocidade final para a categoria. Se não fosse o tal nível de ruído, iria bem melhor.
★★★
SEGURANÇA
As rodas pequenas são sempre um problema. A suspensão é macia demais e os freios dão conta do recado.
★★★ MERCADO
A marca vem crescendo e seus produtos estão cada vez mais bem cuidados. É o mais barato entre os modelos testados.
★★★
3º KASINSKI PRIMA 150
Desculpe o chavão, mas, se beleza não é fundamental, ela ajuda um bocado. O Prima, desenvolvimento conjunto da Zongshen e da italiana Piaggio, é, disparado, o mais bonito dos cinco modelos testados.
Mas não é só o belo e encorpado estilo que atrai. As rodas aro 13 polegadas, a colocação do tanque de combustível no assoalho e o bocal de abastecimento na parte interna do escudo frontal, assim como motor silencioso e bom espaço sob o banco, são pontos favoráveis.
Dinamicamente, foi o segundo mais rápido do teste, com velocidade final de 94,9 km/h. O duplo amortecedor traseiro, recuado, é estranho, e a calibragem macia faz com que o final do curso se torne constante. O painel analógico tenta ser completo, mas chega a ser confuso: o velocímetro traz indicações de milhas e de quilômetros, nenhuma com clareza. O conta-giros vive na faixa “vermelha” . Para que serve mesmo um conta-giros em um veículo automático?
O freio é borrachudo e o banco macio faz o piloto escorregar para a frente. Recém-lançado, seria esperado que viesse com injeção eletrônica. Estruturalmente é bom e deve evoluir.
TOCADA
Apesar das suspensões muito macias, que batem no fim do curso constantemente, tem uma tocada firme e gostosa.
★★★
DIA A DIA
Baixíssimo nível de ruído do motor, boa capacidade do tanque e bom espaço sob o assento são pontos favoráveis.
★★★★
ESTILO
Imponente, com tons pastéis bem combinados, é o mais bonito entre os scooters testados. Tem um dedinho dos designers italianos.
★★★★
MOTOR E TRANSMISSÃO
Um pouco lento nas arrancadas e retomadas, desenvolve bem em velocidades mais elevadas. Falta injeção eletrônica.
★★★
SEGURANÇA
As rodas com aro 13 lhe caíram muito bem. Os freios são borrachudos demais e não inspiram confiança.
★★★
MERCADO
Tem presença, é imponente e estiloso. Um 150 cc pelo preço dos menores, mas ainda é carburado.
★★★
2º SUZUKI BURGMAN 125i
Abriu o caminho e mostrou que o uso de pequenos scooters era viável em nossas cidades. As “burgmanzinhas”, em especial as amarelas, deram um colorido especial às ruas. Mas o modelo parou no tempo, abriu as portas para a concorrência e sentenciou o Burgman à perda da liderança.
Agora a marca de Hamamatsu tenta recuperar o tempo perdido com a versão 125i, que traz mudanças estruturais no chassi e adota a injeção. O modelo chega com força. Equivale ao Lead em economia, ambos próximos da marca de 50 km/l, desde que conduzidos na ponta dos dedos. Cravou a melhor velocidade final entre os cinco modelos testados (98,3 km/h). Tem um bom conjunto de suspensões, mas que seguem a regra dos demais e encontram o fim do curso. Os freios são meio borrachudos, mas o assento é o mais confortável do grupo.
Chegou a disputar o primeiro lugar, mas dois fatores foram fundamentais na perda da liderança: as rodas de aro 10 e a menor capacidade de carga sob o assento. O modelo europeu já deslocou o tanque de combustível para o assoalho, liberando maior volume para carga sob o assento.
TOCADA
É o que atinge a maior final. Em compensação, é o que mais balança em velocidades altas. Tem o assento mais confortável.
★★★★
DIA A DIA
Tem o lastro de quem já foi líder. Peca ao seguir utilizando o tanque de combustível sob o assento, reduzindo a capacidade de acondicionamento de bagagem.
★★★
ESTILO
Fez escola e, no Brasil, foi o responsável pela consolidação desse nicho. Merece todo o crédito e prestígio que conquistou.
★★★★★
MOTOR E TRANSMISSÃO
Demora um pouco para responder, mas depois vai que é uma beleza, até atingir a melhor velocidade máxima entre todos.
★★★★
SEGURANÇA
O velho discurso sobre as rodas com aro 10. Já o chassi tem boa geometria e as suspensões são firmes nas curvas.
★★★
MERCADO
Durante muito tempo foi sinônimo desses veículos no país. Demorou para introduzir a injeção eletrônica e abriu espaço para a concorrência.
★★★
1º HONDA LEAD 110
Os números desse scooter chegam a impressionar: logo ao ser lançado, em 2009, assumiu a liderança com incrível folga. Vendeu mais de 20000 unidades em 2010. É claro que a gigante japonesa tem a maior rede autorizada, a força do nome e tudo o mais. Mas, verdade seja dita, o Lead é um belíssimo veículo urbano.
Registrou, junto com o Burgman, as melhores marcas de consumo. Em autonomia, foi o melhor, com capacidade para percorrer 318,7 km, quase o suficiente para cumprir a distância entre o Rio de Janeiro e São Paulo, e isso com só 6,5 litros de gasolina. O modelo tem ainda o mais bem calibrado conjunto de suspensões (é o único a não conhecer o fim do curso) e freios eficientes.
O bocal e o tanque de combustível estão no assoalho, permitindo o maior espaço sob o assento entre todos. Cabem dois capacetes. O porta-objetos no escudo frontal tem tampa e chave, além de gancho para pendurar sacolas.
Mas, como perfeição não existe, ele segue adotando um irritante limitador de velocidade que provoca cortes constantes, impedindo que o ágil motor consiga avançar além de 88,3 km/h.
TOCADA
O melhor chassi, permitindo uma tocada firme e segura. Suspensões eficientes, as únicas a não bater no fim do curso com frequência.
★★★★★
DIA A DIA
A maior capacidade sob o assento é o seu maior diferencial. Acondiciona dois capacetes ou uma boa quantidade de bagagem.
★★★★★
ESTILO
É um dos mais neutros de que se tem notícia. Você nunca ouvirá alguém dizer que é lindinho, tampouco que deixou de comprá-lo por ser feio.
★★★★
MOTOR E TRANSMISSÃO
Arranca rápido, tem muita energia, mas a Honda teima em manter um irritante limitador que o impede de passar de 88 km/h.
★★★
SEGURANÇA
Aro de 12 polegadas na frente e o melhor conjunto de suspensões e freios do grupo, aliado a uma boa geometria. Nota máxima no quesito.
★★★★★
MERCADO
Assumiu a liderança em 2010 e está alavancado pela maior rede de revendas e assistência técnica. De quebra, baixou seu preço.
★★★★★