Novo Honda City enfrenta o conterrâneo Nissan Versa e o líder Onix Plus
Três sedãs com bom nível de tecnologia e acabamento, visual moderno e espaço de sobra. Qual é o melhor sedã compacto?
Mesmo sufocado pelos SUVs, o segmento dos sedãs compactos ainda busca se manter atualizado e com um bom volume de modelos em oferta. Mais do que isso, os representantes da categoria têm crescido em tamanho e nível de tecnologia para cativar o público.
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O mais recente a passar por esse processo é o Honda City, que chega às lojas neste mês de janeiro com a missão de suprir a lacuna deixada pelo Civic, com produção já encerrada no Brasil. Por isso, reunimos o modelo com dois de seus principais concorrentes igualmente renovados para um comparativo de suas versões topo de linha, para mostrar o que cada um tem de melhor.
Assim, o City Touring, que custa R$ 123.100, encara o Nissan Versa Exclusive, que sai por R$ 121.190, e o Chevrolet Onix Plus Premier, vendido a R$ 107.840.
Além da mesma origem japonesa, o Nissan mira no Honda pelas semelhanças mecânicas e tecnológicas, já que ambos são equipados com motores aspirados e câmbio automático do tipo CVT. O Onix, por sua vez, entra na briga como o líder da categoria, mas com credenciais totalmente diferentes por ter um motor turbinado acompanhado de um câmbio automático convencional.
O Volkswagen Virtus foi considerado para o comparativo, mas ficou de fora, já que a fábrica ainda não possui o modelo atualizado, na linha 2022, em sua frota de testes. Recentemente, o sedã ganhou o start-stop, que afetará o consumo. No fim, os três mostram ser excelentes alternativas aos SUVs, cada um a sua maneira. Mas com escolas e preços tão diferentes quem ganha?
3º – Onix Plus Premier | R$ 107.840
A virada de Prisma para Onix Plus deu ao sedã mais do que apenas um novo nome. Ele também cresceu e passou a ter o espaço como um de seus trunfos: quem vai atrás não se preocupa com inconvenientes apertos e com a carga do celular, pela presença de duas portas USB. Quem for viajar também não se queixará do porta-malas. Apesar de ser o menor do trio, tem bons 469 litros.
Seu conjunto mecânico merece elogios por ter a concepção mais moderna. Ele combina um motor 1.0 turbo de três cilindros, de 116 cv de potência e até 16,9 kgfm de torque, a um câmbio automático de seis marchas.
Esse conjunto deu a ele os melhores números de desempenho em nossos testes, feitos com gasolina. O Onix Plus foi de 0 a 100 km/h em 10,2 segundos – embora seja possível notar a falta de fôlego do turbo em altas rotações, já que sua passagem pelos 1.000 metros não foi a mais veloz.
Tal comportamento também é notado no dia a dia. Nas medições de consumo, ele se saiu bem, conseguindo 12,8 km/l, na cidade, e 16,4 km/l, na estrada.
A mecânica que ajuda também atrapalha, porém. Apesar de entregar agilidade, ela torna o Onix mais áspero. Isso acontece desde o ronco mais evidente dos três cilindros à entrega de torque, que causa um efeito elástico a cada aceleração e incomoda. Ainda em movimento, o modelo tem uma direção bem direta, que dá prazer ao dirigir, e suspensão com ajuste mais firme.
O inconveniente vem do barulho causado pelo trabalho da suspensão. Outro problema é a altura da dianteira, que raspa com facilidade em rampas e valetas.
Por dentro, o Onix Plus tem desenho atual, mas o acabamento de seu painel é o mais simples do trio, sem revestimento além do plástico rígido. Entre os equipamentos, há central de 8 polegadas com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, seis airbags e alerta de pontos cegos.
Sistema de estacionamento semiautônomo e carregador de celulares por indução são suas exclusividades diante dos rivais aqui presentes. Mesmo assim, fica devendo itens como frenagem automática, alertas de colisão e faróis mais eficientes, já que os projetores com lâmpadas halógenas são fracos.
Mesmo com suas qualidades, o Onix Plus mostra porque é o mais barato dos três modelos: ele é o mais simples e faltam muitos itens de tecnologia e segurança.
Por isso, fica em terceiro lugar no comparativo.
Ficha Técnica – Onix Plus Premier
Motor: flex, diant., transv., 3 cil., turbo, 999 cm³, 116 cv a 5.500 rpm, 16,3/16,9 kgfm a 2.000 rpm
Câmbio: aut., 6 m., tração dianteira
Suspensão: McPherson (diant.), eixo de torção (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.), tambor (tras.)
Pneus: 195/55 R16
Dimensões: compr., 447,4 cm; largura, 173 cm; altura, 147 cm; entre-eixos, 260 cm; peso, 1.117 kg; porta-malas, 469 l
2º – Versa Exclusive | R$ 121.190
O atual Versa chegou há pouco mais de um ano para deixar a fama de patinho feio no passado, sem perder as qualidades do antigo. E conseguiu.
O principal dos predicados está no amplo espaço interno, com dimensões próximas às do Onix Plus – ou seja, dá até para cruzar as pernas no banco traseiro. Também para quem vai atrás, mas em uma posição ruim, entre os bancos dianteiros, há duas portas USB para recarregar celulares, mas falta saída de ar-condicionado.
O porta-malas tem tamanho intermediário entre os rivais, com bons 482 litros, e um generoso vão de abertura.
Assim como o City, o Nissan mantém uma receita garantida na mecânica, com motor 1.6 aspirado de 114 cv de potência e 15,5 kgfm, e câmbio CVT. São os piores números de potência e desempenho, já que, em nossos testes, o Versa foi de 0 a 100 km/h em 11,9 segundos.
Porém, em circuitos urbanos, ele mostra agilidade, já que sua potência e seu torque são entregues em rotações mais baixas do que no City – some a isso o menor peso do Nissan. O câmbio, eficiente, ajuda na missão – inclusive em rodovias. O consumo também é o pior, mas longe de ser ruim. As médias ficaram em 12 km/l na cidade e 16,2 km/l na estrada.
A sensação de agilidade é reforçada pela direção, a mais leve entre os três, dando ao Versa uma condução, de certo modo, divertida. A suspensão chega mais perto da maciez do City do que da rigidez do Onix, como um ajuste intermediário. O rodar é suave, mas buracos serão sentidos com média intensidade pelos ocupantes.
Em equipamentos e acabamento, o Versa está, mais uma vez, em um degrau intermediário. Há faróis de led, alerta de colisão, frenagem automática, alerta de tráfego cruzado traseiro, quadro de instrumentos parcialmente digital e seis airbags. Suas exclusividades ficam nas câmeras em 360º, úteis para manobrar e não ralar as rodas de 17 polegadas, as maiores do trio.
Porém, deve carregador por indução, luz diurna, alerta de pontos cegos e um sistema mais moderno na multimídia, com 7 polegadas, Android Auto e Apple CarPlay (apenas com fio). O acabamento é bom, com muito plástico, mas áreas com revestimentos macios e contrastantes.
O Versa tem defeitos, mas um nível de tecnologia, segurança e acabamento mais próximo do City. O nível de refinamento ligeiramente menor, assim como o preço recém-reajustado (veja box no final), porém, definiram seu destino. Assim, ele conquista a segunda colocação tendo o equilíbrio como mérito.
Ficha Técnica – Nissan Versa
Motor: flex, diant., transv., 4 cil., 1.598 cm³, 114 cv a 5.600 rpm, 15,5 kgfm a 4.000 rpm
Câmbio: CVT, 6 m. simuladas, tração dianteira
Suspensão: McPherson (diant.), eixo de torção (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.), tambor (tras.)
Pneus: 205/50 R17
Dimensões: compr., 449,5 cm; largura, 174 cm; altura, 147,5 cm; entre-eixos, 262 cm; peso, 1.131 kg; porta-malas, 482 l
1º – City Touring | R$ 123.100
Sempre à sombra do Civic, o City agora tem virtudes suficientes para ter o seu protagonismo – mesmo que isso não seja o suficiente para tomar o lugar do irmão maior. O sedã traz uma nova referência de amplitude interna ao segmento, com espaço de sobra para as pernas de quem vai atrás, mesmo que os ocupantes da frente utilizem o máximo do espaço na dianteira.
Os passageiros traseiros também têm saídas de ar-condicionado (sem USB), mas pessoas acima de 1,75 metro, poderão raspar a cabeça no teto. O porta-malas também surpreende: são 519 litros, próximos dos 525 do Civic.
As críticas ao motor 1.5 aspirado, sem o auxílio de turbo, até podem fazer sentido por uma questão mercadológica. Na prática, porém, foi a melhor decisão que a Honda poderia tomar. Isso porque esse motor, agora com duplo comando de válvulas variável e injeção direta, aliado ao câmbio CVT, que simula sete marchas, traz muita suavidade ao City.
São 126 cv de potência e até 15,8 kgfm de torque. O comportamento do conjunto é linear, com ótimo nível de conforto.
Os acertos de suspensão e direção, que enfrentam bem o asfalto, reforçam o jeito manso do sedã, e fazem esquecer dos ajustes mais firmes do antigo City. Mesmo sem pretensão esportiva alguma, o modelo foi bem na aceleração de 0 a 100 km/h: com gasolina, foram 10,5 segundos, diferença mínima em relação ao Onix.
Já o consumo é, de longe, o melhor dos três, com 13 km/l na cidade e 17,4 km/l na estrada.
Em equipamentos e acabamento, o City também tem destaque. A versão Touring inclui faróis full-led com facho alto automático, faróis de neblina de led, piloto automático adaptativo, monitoramento para saídas involuntárias de faixa e câmera lateral do lado direito (acionada ao dar a seta para redução de pontos cegos), itens exclusivos no comparativo.
Além disso, há frenagem automática, seis airbags e central multimídia com 8 polegadas e Android Auto e Apple CarPlay sem fio. Fica devendo carregador de celulares por indução.
No acabamento, o Honda capricha com uma variedade de materiais e texturas, e faz um belo trabalho no quadro de instrumentos, com um mostrador analógico e uma tela de 7 polegadas. Mesma solução do Versa.
O City está um nível acima da concorrência e é o melhor produto do comparativo. Assim, mesmo sendo o mais caro do comparativo, faz valer os R$ 2.090 a mais em relação ao Versa e vence o comparativo.
Ficha Técnica – Honda City Touring
Motor: flex, diant., transv., 4 cil.; 1.497 cm3, 126 cv a 6.200 rpm, 15,8/15,5 kgfm a 4.600 rpm
Câmbio: CVT, 7 m., tração diant.
Direção: elétrica
Suspensão: McPherson (diant.), eixo de torção (tras.) Freios: disco vent. (diant.), tambor (tras.)
Pneus: 185/55 R16
Dimensões: compr., 454,9 cm; larg., 174,8 cm; alt., 147,7 cm; entre-eixos, 260 cm; peso, 1.160 kg; porta-malas, 519 l
Veredicto Quatro Rodas
Novidade da categoria no momento, o City está um nível acima da concorrência, mas cobra caro por isso. O Onix Plus vai no caminho inverso: é o mais barato, mas fica devendo em muitos pontos. Já o Versa se equilibra entre os dois, mas a pouca diferença de preço para o City não vale a pena. Assim, o Honda leva a melhor e a vitória na disputa.
Devido ao aumento de R$ 6.100 no preço do Nissan Versa entre o momento do fechamento da edição impressa e a publicação no site, Quatro Rodas adequou o resultado deste comparativo. O preço deixou de ser um atrativo para o Nissan e o City assumiu a liderança.
Testes de pista:
VERSA | CITY | ONIX PLUS | |
Aceleração | |||
0 a 100 km/h | 11,9 s | 10,5 s | 10,2 s |
0 a 1.000 m | 33,9 s – 153,4 km/h | 31,8 s – 170,3 km/h | 31,7 – 167,9 km/h |
Velocidade máxima* | n/d | n/d | n/d |
Retomadas | |||
D 40 a 80 km/h | 5,4 s | 5,1 s | 4,6 s |
D 60 a 100 km/h | 7,3 s | 6 s | 5,4 s |
D 80 a 120 km/h | 10,4 s | 7,7 s | 6,7 s |
Frenagens | |||
60/80/120 km/h a 0 | 15,4/27,3/62,9 m | 15/26,7/61,6 m | 14,3/25,9/58,1 m |
Consumo | |||
Urbano | 12 km/l | 13 km/l | 12,8 km/l |
Rodoviário | 16,2 km/l | 17,4 km/l | 16,4 km/l |
Ruído interno | |||
Neutro/RPM máx. | 42,9/67,5 dBA | 39,5/71,1 dBA | 38,4/63,5 dBA |
80/120 km/h | 63,6/69,6 dBA | 64,1/69,7 dBA | 63,4/67,5 dBA |
Aferição | |||
Velocidade real a 100 km/h | 93 km/h | 96 km/h | 96 km/h |
Rotação do motor a 100 km/h em D | 1.750 rpm | 1.800 rpm | 2.200 rpm |
Seu Bolso | |||
Preço | R$ 121.190 | R$ 123.100 | R$ 107.200 |
Garantia | 3 anos | 3 anos | 3 anos |
Concessionárias | 180 | 212 | 553 |
Condições de teste: altitude, 660 m; temperatura, 23,5/29/29,5 °C; umidade relativa, 28,5/44/37%; pressão atmosférica, -/1.012,5/1.012 kPa