Renault Captur 2022 1.3 turbo anda como Sandero R.S. e parte de R$ 126.690
Motor 1.3 turbo deixou o Captur mais rápido do que o Sandero R.S., mas o Duster, mais moderno, teria recebido melhor a novidade
“É turbo?” Essa é a pergunta que tenho ouvido com mais frequência, quando ao volante de algum lançamento. Muitas vezes, o interesse por esse dispositivo é maior até mesmo que o preço do carro. Por isso, a bordo do Renault Captur 2022, eu já estava preparado.
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O SUV chega com novo motor 1.3 turbo flex, além de retoques no visual e no conteúdo. Mas será que essa novidade tão procurada pelas pessoas bastará para dar mais expressão ao modelo no mercado brasileiro?
O Captur chega em três versões: Zen, Intense e Iconic, da mais simples à mais completa. Foi lançado com preços entre R$ 124.490 e R$ 138.490 e agora os preços variam entre R$ 126.690 e R$ 140.690. Um aumento baixo para o período de quatro meses.
A motorização 1.3 TCe, com turbo e injeção direta, está no Brasil desde 2019 equipando o Classe A Sedan, já que a unidade é fruto de uma parceria entre Renault e Mercedes-Benz.
Agora, no SUV, por ser flex, a potência é maior: são 170 cv com etanol e 162 cv com gasolina, contra 163 cv do sedã alemão. O torque é sempre de 27,5 kgfm a 1.600 rpm. Para acompanhar, o câmbio é um automático CVT (Xtronic, de origem Nissan) com oito marchas simuladas.
Combine esses números ao baixo peso de 1.366 kg. Assim, o Captur ganha uma nova alma, com acelerações rápidas e precisas. Tudo isso mesmo com o câmbio de relações contínuas, tido como um “matador” de desempenho. Aqui, a transmissão faz um belo trabalho, sem deixar a condução monótona ou fazer o motor gritar.
Prova da boa performance é que o Captur foi de 0 a 100 km/h em 10 segundos em nossos testes, realizados com gasolina. Ou seja, é 0,1 segundo mais rápido do que o esportivo Sandero R.S. O antigo Captur CVT cumpria a mesma prova em 14,4 s.
Ainda na condução, apesar da performance quase esportiva, o modelo não deixa o motorista esquecer que está em um SUV. A posição de dirigir é alta e contrasta com a posição baixa do volante. A direção tem boas respostas, mas amortecidas, e a suspensão é voltada ao conforto, absorvendo bem as irregularidades do solo – sem que a estabilidade seja prejudicada.
Outro ponto alto do Captur é o isolamento acústico, tanto para ruídos externos quanto para barulhos vindos do motor. Mesmo em acelerações fortes. Porém, o mesmo não se pode falar dos ventos, que passam pelas frestas das portas, fazendo ruídos que incomodam.
Por dentro, a Renault tentou promover melhorias no acabamento, mas elas ainda contrastam com graves escorregões e não conseguiram atingir o objetivo. O painel passou a ter a parte superior de material emborrachado, macio ao toque. Há também apliques que imitam aço escovado e partes em preto brilhante – estas em quantidade exagerada, o que atrai reflexos, poeira e riscos.
Porém, mesmo as melhores intenções, como as partes macias, ficam ao lado de plásticos de baixa qualidade, com texturas simples e peças com rebarbas aparentes. A prática se repete nos painéis de porta.
Também vale falar do desenho do painel, que não mudou e permaneceu visualmente mais antigo em relação ao irmão Duster. O que mais incomoda, no entanto, é o quadro de instrumentos com telas digitais monocromáticas. Ficou devendo ao menos o mostrador central colorido.
A Iconic é equipada com ar-condicionado automático (não é digital), sensores de estacionamento, monitoramento de pressão dos pneus, piloto automático, sensor de chuva, faróis automáticos, luzes de neblina de led, sistema com quatro câmeras ao redor do veículo para ajudar em manobras, bancos de couro, sensores de ponto cego, partida remota do motor, start-stop e duas portas USB para o banco traseiro.
A central multimídia Easylink tem tela de 8 polegadas, Android Auto e Apple CarPlay, mas o sistema de som Bose, com seis alto-falantes, subwoofer e equalizador digital, é opcional. Entre os itens de segurança, há assistente de partida em rampas, controles de estabilidade e tração e luz diurna de led.
Apesar da boa lista de equipamentos, o Captur oferece apenas quatro airbags. Além disso, a chave-cartão presencial é antiquada e ocupa mais espaço no bolso do que uma chave comum. Também destoam os comandos do sistema de áudio, posicionados em um satélite atrás do volante. Seria mais prático no próprio volante.
Ainda no interior, espaço é uma das virtudes do Captur. Para quem vai atrás, o entre-eixos de 267 centímetros oferece bom espaço para as pernas, mas só duas pessoas vão confortavelmente. Isso porque o túnel central no piso traseiro é alto e prejudica a acomodação de um terceiro ocupante no meio.
O porta-malas do francês produzido em São José dos Pinhais (PR), com 437 litros, é o melhor entre seus concorrentes. O Nissan Kicks, por exemplo, tem 432 l, enquanto o Hyundai Creta oferece 431 l. Porém, mais uma vez o Duster se sai melhor com seus 475 litros.
As novidades externas são poucas e, certamente, passarão despercebidas pelos menos atentos. Elas estão concentradas na dianteira, que ganha uma grade maior e com novo acabamento, e para-choque redesenhado, mas que remete ao antigo, especialmente pela iluminação de led no formato de uma letra C.
A principal mudança por fora do novo Captur só está na versão Iconic: os faróis full-led. Apesar de manterem o formato externo, o desenho interior e a iluminação dão ares mais sofisticados ao modelo. Assim, na versão mais cara, todo o conjunto dianteiro tem leds.
Na traseira, a única novidade fica para o logo TCe, que indica o motor turbo. Já nas laterais, só as rodas de 17 polegadas são novas – ou quase isso, já que são as mesmas do novo Duster.
Versões, equipamentos e preços do novo Renault Captur 2022
As versões Zen e Intense também são movidas pelo motor 1.3 turbo de até 170 cv e têm boas listas de equipamentos.
Na Zen, ade R$ 124.490, há monitoramento de pressão dos pneus, volante com ajuste de profundidade e altura, sensores de estacionamento traseiros, câmera de ré, piloto automático, sistema start-stop, luz de circulação diurna em LED, assistente de partida em rampas, controles de estabilidade e tração e chave-cartão presencial.
A configuração tem os mesmos 4 airbags e a central multimídia Easylink com Android Auto e Apple CarPlay da topo de linha.
Para a Intense, de R$ 129.490, acrescenta-se ar-condicionado automático com saída para o banco traseiro, luzes de neblina em LED com função de curva, faróis automáticos, sensor de chuva, duas entradas USB para o banco traseiro e função “follow me home” nos faróis.
A Iconic custa a partir de R$ 138.490, há ainda faróis full LED, sensores de pontos cegos, sistema de câmeras ao redor do veículo e partida remota do motor.
Galeria – Fotos dos novo Renault Captur 1.3 turbo 2022
Veredicto
Em um modelo sem expressão no mercado e com poucas novidades, o ótimo conjunto mecânico, que deveria ter estreado no Duster, corre o risco de ficar escondido.
Ficha técnica – Renault Captur Iconic 1.3 TCe
- Motor: flex, dianteiro, transv., 4 cil., 16V, turbo, 1.332 cm³, 170/162 cv a 5.500 rpm, 27,5 kgfm a 1.600 rpm
- Câmbio: CVT, 8 marchas simuladas, tração dianteira
- Suspensão: ind. McPherson (diant.), eixo de torção (tras.)
- Freios: disco ventilado (diant.), tambor (tras.)
- Direção: elétrica, 10,9 (diâmetro de giro)
- Pneus: 215/60 R17
- Dimensões: comprimento, 437,9 cm; largura, 181,3 cm; altura, 161,9 cm; entre-eixos, 267,3 cm; porta-malas, 437 l; tanque de combustível, 50 l
- Peso: 1.366 kg
Teste de desempenho – Renault Captur Iconic 1.3 TCe
- Aceleração:
0 a 100 km/h: 10 s
0 a 1.000 m:
31,3 s – 166,1 km/h - Velocidade Máxima:
190 km/h* - Retomada:
D 40 a 80 km/h: 4,24 s
D 60 a 100 km/h: 5,27 s
D 80 a 120 km/h: 6,97 s - Frenagens:
60/80/120 km/h – 0 m: 14,4/25,1/54,9 m - Consumo:
Urbano: 10,4 km/l
Rodoviário: 13,1 km/l - Ruído Interno
Neutro/rpm máx.: 43,6/63,5 dBA
80/120 km/h: 67,6/69,5 dBA - Aferição
Velocidade real a 100 km/h: 98 km/h
Rotação do motor a 100 km/h: 1.750 rpm
Volante: 3 voltas - Seu bolso
Preço básico: R$ 124.490
Garantia: 3 anos - Condições do teste: alt. 660 m; temp., 27 °C; umid. relat., 58%; press., 1.013 mmHg