O Suzuki Jimny Sierra carrega uma série de títulos no mercado brasileiro, entre eles o de menor SUV, de carro 4×4 mais barato e o de off-road mais raiz à venda por aqui. Mesmo com credenciais tão voltadas ao fora-de-estrada, porém, a quarta geração do jipinho (agora importada do Japão) está mais apta aos centros urbanos do que nunca.
Para atestar todas as suas capacidades, levamos o modelo para a pista, enfrentamos o trânsito do dia-a-dia e nos aventuramos por trilhas e lama. A versão testada foi a topo de linha, 4Style, que parte de R$ 183.990. Aqui, vale um adendo: mesmo sendo o 4×4 mais barato do país, o modelo começa em R$ 160.990 na versão de entrada, 4You, com câmbio manual.
O Jimny Sierra busca inspiração visual em seus antepassados com o formato de caixote da carroceria, o para-brisa quase vertical (que também ajuda a não acumular sujeira) e a grade com fendas. Os conjuntos de iluminação também tendem ao retrô.
Na dianteira, faróis e luzes de seta são redondos – a versão 4Style tem faróis automáticos de led com lavadores. A traseira tem lanternas em posição baixa, como no antigo Samurai, o que as deixa expostas em caso de colisão, mesmo com o estepe pendurado na tampa traseira.
Por falar em colisão, o modelo fica devendo sensores de estacionamento traseiros, já que a câmera de ré, posicionada acima do vidro, acaba distorcendo a realidade.
De lado, o Suzuki tem alargadores de para-lamas e destaca os conjuntos de pneus (195/80) e rodas (15 polegadas). Por falar em pneus, eles são o único alvo mais crítico de donos em relação ao Jimny Sierra: muitos trocam os originais por outros mais parrudos e voltados ao off-road, já que os originais não acompanham situações mais extremas.
A cabine do jipinho é mais uma mistura de presente e passado. O desenho tem ares de anos 90 e certo despojamento, mas é caprichado nos materiais utilizados e na montagem, e tem elementos que nos trazem aos dias de hoje. Entre eles, a central multimídia de 7 polegadas da JBL (com Android Auto e Apple CarPlay via cabo), o ar-condicionado digital e o volante, de aspecto moderno.
O quadro de instrumentos, com acabamento diferenciado e falsos parafusos aparentes, destaca os mostradores analógicos nas extremidades e tem uma pequena tela digital ao centro, que deve um mostrador de velocidade. De qualquer forma, a leitura é simples e fácil, sem a necessidade de grandes artifícios tecnológicos.
Por falar em tecnologia, a lista de equipamentos do Jimny Sierra é contida. Além dos itens já citados, como faróis de led, multimídia, câmera de ré e ar digital, o modelo tem assistente de partida em rampas, piloto automático, airbag duplo, ESP, Isofix e vidros elétricos.
Quem também é contido, ainda na cabine, é o espaço do SUV. O porta-malas tem apenas 85 litros e mal comporta mochilas por ser estreito. A justificativa da marca é de que não é um modelo com foco em levar bagagens ou grandes compras. Para isso, é possível deitar os bancos traseiros. Por falar neles, os bancos traseiros comportam apenas duas pessoas com espaço razoável.
TÃO CAPAZ QUANTO UM DEFENDER?
Sim, não se engane pela aparência “fofa” e carismática: o Jimny Sierra é capaz de enfrentar trilhas ao lado de modelos muito mais caros, como Jeep Wrangler e Land Rover Defender.
Além de uma boa estrutura mecânica, o modelo é um off-road raiz com três modos de tração: 4×2 (traseira), 4×4 (que pode ser acionado a até 100 km/h) e 4×4 com reduzida. Eles são acionados por uma alavanca próxima ao câmbio, à moda antiga mesmo, sem qualquer modo de condução eletrônico.
Há também o assistente de descida e o LSD, que detecta quando duas rodas perdem tração na diagonal e distribui mais torque para as rodas que têm mais contato com o solo.
As dimensões compactas, equivalentes às de um Fiat 500, a altura de 21 cm em relação ao solo e os ângulos de ataque (37°), saída (49°) e transposição (28°) também elevam as capacidades do Sierra. Uma inédita versão de quatro portas foi apresentada e deve chegar ao Brasil. As maiores medidas, porém, devem atrapalhar algumas aventuras.
Porém, mesmo que o foco dele seja no fora-de-estrada, ele está mais urbano do que nunca. A quarta geração do Jimny está muito mais amigável e fácil de se conduzir nas cidades, com uma direção mais leve e uma suspensão mais confortável. A suspensão, vale dizer, faz o Jimny parecer invencível na buraqueira da cidade. Enfrenta sem qualquer constrangimento, apenas com alguns pulos.
Só é preciso ter cuidado com curvas mais fechadas, já que o SUV inclina bastante a carroceria e tem uma tendência a sair de dianteira. Porém, convenhamos, desempenho e esportividade não é a proposta desse carro. Equipado com motor 1.5 a gasolina aspirado, com 108 cv e 14,1 kgfm, ele vai de 0 a 100 km/h em 15 segundos. As médias de consumo ficam em 12,9 km/l na estrada e 12,3 km/l na cidade.
VEREDICTO
O Suzuki Jimny nunca esteve tão urbano, mas isso não significa que ele tenha deixado suas capacidades off-road de lado. Muito pelo contrário. É para quem quer se divertir sabendo que não terá luxos – mesmo que tenha pagado (bem) caro por isso.
Ficha técnica – Suzuki Jimny Sierra 1.5 4Style
- Preço: R$ 183.990
- Motor: gas., diant., long., 4 cil., DOHC, 16V, 1.462 cm3; 10:1, 108 cv a 6.000 rpm, 14,1 kgfm a 4.000 rpm
- Câmbio: automático, 4 marchas, 4×4
- Suspensão: eixo rígido com molas helicoidais (diant. e tras.)
- Freios: disco sólido (diant.), tambor (tras.)
- Direção: elétrica, do tipo esferas recirculantes
- Rodas e pneus: liga leve, 195/80 R15
- Dimensões: comprimento, 364,5 cm; largura, 164,5 cm; altura, 172,5 cm; entre-eixos, 225 cm; peso, 1.135 kg; tanque, 40 l; porta-malas, 85 l
Teste – Suzuki Jimny Sierra 1.5 4Style
Aceleração
0 a 100 km/h: 15 s
0 a 1.000 m: 36,3 s – 136,4 km/h
Velocidade máxima
Não divulgado
Retomada (D)
40 a 80 km/h: 6,4 s
60 a 100 km/h: 8,9 s
80 a 120 km/h: 13,2 s
Frenagens
60/80/120 km/h – 0 m: 17,8/31,7/68,7 m
Consumo
Urbano: 12,3 km/l
Rodoviário: 12,9 km/l