Teste: Audi A3 Sedan foge do conservadorismo para sobreviver aos SUVs
Com mudanças visuais discretas, mas muita eletrônica, modelo será vendido no Brasil, só que ainda não tem data para chegar
A vida de sedãs como o Audi A3 nunca foi fácil na Europa porque eles sempre enfrentaram a concorrência das peruas, muito procuradas naquele continente. Com o advento dos SUVs, a coisa complicou (para sedãs e peruas), porque os europeus passaram a preferir os utilitários.
Os hatches médios se mantêm firmes, pelo menos até agora, ao contrário do que ocorre no Brasil. São poucos os modelos do segmento C que continuam a dispor de carroceria de três volumes.
E os que ainda seguem fiéis a esse perfil é porque encontram compradores em países como a Espanha e a Turquia. Ou são exportados para mercados como o do Brasil, por exemplo.
Por aqui, embora os SUVs também tenham provocado baixas, o problema é outro: o preço. Desde agosto de 2019, quando começaram a surgir as primeiras imagens do novo A3, a Audi do Brasil diz que está analisando a oferta do carro em nosso mercado.
Mas até agora, nada. Como uma fonte da matriz revelou que o A3 não será produzido aqui, resta esperar pela importação. Segundo um executivo da empresa no Brasil, o A3 Sedan virá, mas ainda não se sabe quando será a estreia.
O A3 chegou à quarta geração e, como nas vezes anteriores, pode se referir a essa edição como uma evolução da continuidade, quando se analisa seu visual.
No exterior, o design se apresenta com os vincos mais vivos nas laterais, na traseira e no capô, além do perfil da carroceria alongado para destacar a traseira, na comparação com o Sportback.
Na frente, voltamos a encontrar a grade hexagonal ladeada por faróis de led, de série (Matrix digitais nas versões de topo), assim como nas lanternas traseiras horizontais.
Com 4 cm a mais no comprimento, 2 a mais na largura e 1 a mais na altura, dificilmente se nota à primeira vista que o sedã ficou maior. Até porque a distância entre-eixos não mudou.
O espaço interno não sofreu alterações. Na primeira fila é o mesmo. Da mesma forma que a área para pernas, no banco de trás (é suficiente para ocupantes até 1,90 m).
O porta-malas segue com 425 litros. Face ao A3 Sportback são 45 litros a mais, mas o sedã é menos funcional porque a boca do compartimento é mais estreita.
O acabamento é de qualidade superior, como se espera de um carro do segmento premium, tanto no que se refere à montagem quanto aos materiais.
O interior respira modernidade graças aos monitores digitais tanto na instrumentação (de 10,25” e, opcionalmente, 12,3” com funções ampliadas) como na central multimídia (de 10,1”, levemente direcionada para o motorista).
A bordo, a tecnologia se destaca. Restam poucos comandos físicos, como os de ar-condicionado, sistemas de tração/controle de estabilidade e os que existem no volante multifuncional, ladeado por duas grandes saídas de ventilação.
A versão que dirigimos é a 35 TFSI MHEV, equipada com motor 1.5 de 150 cv do tipo híbrido parcial, e câmbio automatizado de sete marchas.
Além do motor térmico, ela vem com o sistema elétrico de 48 V (com alternador/motor), que pode gerar força extra de até 12 cv e 51 kgfm, além de permitir que o A3 role até 40 segundos com o motor térmico desligado, para economizar combustível (a poupança anunciada é de 0,5 litro/100 km).
Na prática, dá mesmo para sentir esse impulso elétrico em retomadas de velocidade, que até são bem mais úteis do que se o rendimento acrescido se notasse nas arrancadas: que são menos frequentes e favorecidas pela função kickdown (com a redução instantânea das marchas).
A suspensão do A3 35 TFSI é do tipo McPherson, na frente, e multibraços, atrás. Essa configuração é beneficiada também pelo sistema de amortecimento variável que tem a altura em relação ao piso 10 mm mais baixa, que permite tirar proveito dos programas de dirigir.
Isto porque o comportamento do A3 oscila de forma nítida entre mais confortável ou mais esportivo. Não só porque a sus- pensão se torna mais dura ou mais suave (mais estável no primeiro caso, mais confortável no segundo) como também a transmissão adota programas com respostas similarmente distintas, com influência direta no desempenho do motor.
Os amantes da esportividade apreciarão também a direção progressiva: quanto mais o motorista gira o volante, mais direta a sua resposta se torna.
Apesar de parecer um projeto conservador, para boa parte dos consumidores, em nosso test-drive, o novo A3 Sedan se revelou bem mais esportivo que muito SUV.
Veredicto
Bonito, bem-acabado e avançado tecnologicamente, o novo a3 teria boas chances de sucesso em nosso mercado (com preço compatível).
Ficha técnica
Preço: 32.150 euros (na Alemanha)
Motor: gas., diant., transv., 4 cil., 16V, turbo, injeção direta, 1.498 cm3, 74,5 x 85,9 mm, 150 cv a 5.000 rpm, 25,5 kgfm de 1.500 a 3.500 rpm
Câmbio: automatizado, 7 marchas, dianteira
Suspensão: McPherson (dianteira), multibraços (traseira)
Freios: disco ventilado (diant.) e sólido (tras.)
Direção: elétrica
Rodas e pneus: liga leve, 225/40 R18
Dimensões: compr., 449,5 cm; larg., 181,6 cm; alt., 142,5 cm; entre-eixos, 262,6 cm; peso, 1.395 kg; tanque, 50 l; porta-malas, 425 l
Desempenho:
0 a 100 km/h, 8,4 s;
Velocidade máxima,
232 km/h
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