Teste: o rito de passagem do BMW 750Li M Sport
BMW Série 7 antecipa conceitos de carro autônomo e cultiva os valores apreciados por quem tem prazer ao dirigir (ou de relaxar no banco de trás)
Historicamente, os carros das marcas de prestígio (leia-se, mais caros) são lançadores de tecnologias que anos depois se popularizam nos modelos dos outros segmentos. O BMW Série 7, por exemplo, foi pioneiro com o gerenciamento eletrônico do motor, em 1979, e os faróis de xenônio, em 1999.
Agora, na sexta geração, ele vem com equipamentos que cumprem diversas tarefas que até hoje estavam a cargo dos motoristas e, no futuro, serão feitas pelos carros totalmente autônomos.
O Driving Assistant Plus é uma das novidades a bordo do Série 7. Esse sistema é capaz de manter o carro em movimento, acompanhando o veículo à frente em qualquer velocidade, tanto nas estradas quanto no anda e para do trânsito urbano, sem a necessidade da intervenção do motorista.
Ele traz sensores que monitoram a distância relativa aos outros carros e controla acelerador e freio. Para acioná-lo, o motorista só precisa pressionar um botão do lado esquerdo do volante multifuncional, com a possibilidade de retomar o controle a qualquer momento.
Além disso, o Driving Assistant é capaz de frear para pedestres (detectados inclusive à noite pelos sensores do sistema Night Vision) e também realizar sozinho manobras completas de estacionamento.
Não é só pelos sistemas ativos, no entanto, que o conceito do carro autônomo surge no novo Série 7. O sedã traz vários dispositivos para tornar a vida a bordo mais interessante e desfrutável. Entre esses recursos, há um tablet embutido no descansa-braços traseiro que, entre outras coisas, roda um aplicativo fitness.
Frigobar atrás
O BMW Vitality propõe exercícios físicos para os músculos das costas e dos ombros, monitora os movimentos por meio de sensores nos bancos e gera relatórios de desempenho. Na traseira, há ainda duas telas de 10 polegadas com leitor de Blue Ray, frigobar com 15 litros de capacidade e assentos individuais.
Os quatro bancos, aliás, são um caso à parte. Elétricos, têm ventilação, aquecimento e função massagem. Sendo que o traseiro direito pode ser reclinado como uma poltrona da classe executiva dos aviões (com apoio para os pés), a partir do deslocamento do banco da frente.
Na dianteira, o motorista tem à disposição duas telas. No lugar do painel de instrumentos, existe um display de 12,3 polegadas que exibe informações do sistema de som, do GPS, além das tradicionais de velocidade, rpm, quantidade de combustível, e dos modos de condução (Sport, Comfort, Eco Pro e Adaptiv). Para cada escolha há um layout e uma hierarquia de informações específica.
No alto do console, a segunda tela (10,25 polegadas) acomoda a central multimídia com os sistemas que ela reúne, como câmeras de ré e 360 graus, internet, agenda e ajustes do carro. Essa tela é sensível ao toque, mas responde também a comandos de voz e a gestos.
O sistema de som também merece destaque. Da marca inglesa B&W, o equipamento tem amplificador de dez canais, com 1.400 watts de potência, 16 alto-falantes, equalizador de sete bandas e cinco configurações diferentes desom: Studio, Concert, On Stage, Cinema e Longe.
Conforto de Rolls-Royce
Dirigir o sedã não é nenhum sacrifício, porém. Mesmo que seja no trânsito. No modo Comfort, ele roda com uma suavidade comparável à de um Rolls-Royce (como a Rolls é uma marca do Grupo BMW, isso não é mera coincidência).
E o que dizer do motor? A versão 750Li M Sport, que está chegando ao Brasil, vem com um V8 de 450 cv e 66,3 mkgf que, por si só, é suficiente para fazer qualquer um trocar os sistemas de entretenimento pelo volante.
Mesmo no modo Comfort, o carro apresenta acelerações arrebatadoras – o que é outra característica típica dos RR. Em nosso teste, o 750Li foi de 0 a 100 km/h em 5,1 segundos.
Na pista, optamos pelo modo Sport, mas isso fez pouca diferença porque, independentemente da opção escolhida, uma vez que o motorista pisa fundo no acelerador, o motor entrega toda a força que tem disponível.
No modo Sport, o motor trabalha em um regime de cerca de1.000 rpm mais alto que no Comfort, que, por sua vez, fica cerca de 1.000 rpm acima do modo Eco Pro.
Além do motor, o Sport também ajusta a direção e a suspensão para uma condução esportiva. Mas sem exageros. Nada que possa ser comparado a um BMW M3, por exemplo.
Porque, mesmo no modo nervoso, o Série 7 não perde a pose de carro de luxo. No modo Sport, o sedã fica apenas um pouco mais sensível, com reações ligeiramente mais prontas.
No modo Eco, direção e suspensão adotam o mesmo comportamento da opção Comfort. A estratégia nesse caso é economizar energia (com o uso parcimonioso do ar-condicionado, do alternador e foco na recuperação de energia durante as frenagens, entre outras medidas).
Chave conectada
A lista de mordomias se completa com sistema aromatizador de cabine (com quatro opções de fragrâncias) e teto solar com pontos luminosos (que simulam um céu estrelado) e uma chave hi-tech que tem uma pequena tela embutida, que fornece informações como localização, autonomia e agenda deserviços. O acabamento é de qualidade superior, com couro, camurça e alumínio.
A quantidade de cores e texturas é um tanto quanto exagerada, principalmente à noite, em que a iluminação das telas se junta às luzes decabine (ao longo do painel e das portas) e dos alto-falantes.
Há reflexos por toda a parte, chegando a atrapalhar a visão do motorista em pelo menos dois momentos: quando o reflexo surge no lado esquerdo do para-brisas na altura dos olhos do motorista e no vidro lateral esquerdo, se sobrepondo ao retrovisor externo.
Por fora, o design só merece elogios. Apesar do tamanho (o Série 7 tem 5,24 m de comprimento; 2,17 m de largura e 1,48 m de altura), ele tem linhas leves que lhe conferem certa esportividade – reforçada no pacote M, com saias aerodinâmicas, saídas de ar laterais e rodas Motorsport.
O 750Li chega como um dos modelos mais caros da BMW no Brasil. Com preço de R$ 774.950, ele só fica atrás do i8, o tecnológico cupê híbrido, que sai por R$ 799.950.
Mas a BMW sabe que os compradores de um sedã assim apreciam a sofisticação e a inovação que ele traz. E não se importam em pagar por isso.
Veredicto
Ele é um dos mais caros da linha BMW, mas também é um dos que entregam mais tecnologia e desempenho, com conforto e alto padrão de acabamento.
Teste (com gasolina)
- Aceleração de 0 a 100 km/h: 5,1 s
- Aceleração de 0 a 1.000 m: 23,7 s – 233,2 km/h
- Retomada de 40 a 80 km/h: 2,2 s (em D)
- Retomada de 60 a 100 km/h: 2,6 s (em D)
- Retomada de 80 a 120 km/h: 2,9 s (em D)
- Frenagens de 60/80/120 km/h a 0: 17,2/27,4/66,1 m
- Consumo urbano: 8,23 km/l
- Consumo rodoviário: 11,8 km/l
Ficha técnica
- Preço: R$ 774.950
- Motor: gas., diant., long., V8, 32V, turbo, injeção direta, 4.395 cm3, 450 cv a 5.500 rpm, 66,3 mkgf a 1.800 rpm.
- Câmbio: automático, 8 marchas, tração traseira
- Suspensão: pneumática, multilink (diant. e tras.)
- Freios: discos ventilados (diant. e tras.)
- Direção: elétrica (eixo traseiro esterçante)
- Rodas e pneus: liga leve, 245/40 R20 (diant.), 275/35 R20 (tras.)
- Dimensões: comprimento, 523,8 cm; altura, 147,9 cm; largura, 216,9 cm; entre-eixos, 321 cm; peso, 1.990 kg; porta-malas, 515 l, tanque, 78 l