Fiat Toro Ultra tenta ser um sedã com porte de SUV – mas não consegue
Fiat Toro Ultra é versão topo de linha com tampão traseiro de fibra à moda antiga. Mas picape deixa claro onde precisa evoluir para a linha 2022
Tudo na Fiat Toro fugia ao que era considerado normal para uma picape na época de seu lançamento, no início de 2016. Os faróis divididos em duas peças eram impactantes. A carroceria monobloco com cabine dupla garantiu vantagens sobre as picapes compactas, enquanto a opção de motor diesel com tração 4×4 a tornou uma opção mais versátil frente às tradicionais picapes médias.
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Foi essa abordagem que, inclusive, ajudou a distanciar a Toro da Renault Duster Oroch, lançada ainda em 2015. Monobloco, suspensão traseira independente e base de um SUV são comuns às duas, mas se a Oroch está intimamente ligada ao antigo Duster, a Toro nasceu sobre a base do Jeep Renegade, mais refinado.
Enquanto a Oroch teve 61.341 unidades vendidas do seu lançamento até o fim de 2020, a Toro teve 270.125 unidades emplacadas do início de 2016 até o fim de 2020.
Isolada por seu próprio sucesso, a Fiat Toro se prepara para sua primeira reestilização. Mais que um tapa no visual, será a hora de corrigir alguns problemas do carro atual, que estão presentes mesmo na versão mais cara da picape, que é a Fiat Toro Ultra, de R$ 182.559, mostrada aqui. Neste caso, a picape quase se transforma em um grande sedã.
A principal diferença está no santoantônio e na capota de fibra de vidro cobrindo a caçamba, transformando-a em uma espécie de porta-malas gigante. Primeiro você abre as tampas da caçamba para os lados e depois levanta o enorme tampão, que bascula 40 graus com a ajuda de duas molas a gás. A hora de fechar é que exige um pouco de força para ficar bem encaixada dos lados.
Se o estilo lembra o das antigas picapes grandes modificadas pela Souza Ramos e Tropical Cabines, é fato que o tampão deixa a carga menos vulnerável a roubos. Contudo, seria mais efetiva se a tampa realmente evitasse a invasão de poeira e água no compartimento, ainda que menos do que na capota marítima.
Mas a versão ainda vem com uma sacola para a caçamba e esta, sim, quando fechada, evita que as compras, ou qualquer outro tipo de carga, fiquem sujas ou molhadas.
A Ultra tem também detalhes exclusivos, como o logo bordado nos bancos de material sintético que imita couro, espelhos externos pretos, estribos laterais, engate reboque e emblemas nas portas, na traseira e no console central. É, basicamente, o conteúdo de uma Toro Ranch (que custa R$ 180.525), que não tem as peças de fibra cercando a caçamba.
O que não muda nestas versões mais caras é o motor, sempre o 2.0 turbodiesel de 170 cv e 35,7 kgfm combinado com o câmbio automático de nove marchas e tração integral. E a Fiat não tem nenhuma intenção de fazer alterações nesse conjunto para a linha 2022. O que vai mudar é que, com a estreia do inédito motor 1.3 turboflex da família Firefly, e cerca de 180 cv e 28 kgfm de torque, estas versões mais completas não estarão disponíveis apenas nas versões diesel.
Por enquanto, o motor turbodiesel é o que entrega o melhor desempenho, mesmo que isso signifique chegar aos 100 km/h em 12,4 segundos (a 1.8 flex precisa de quase 16 segundos para fazer o mesmo). O consumo fica nos 10,6 km/l em circuito urbano e 13,8 km/l no rodoviário, e a entrega de força e o baixo ruído do motor em velocidade constante impressionam. E, mesmo após cinco anos, o acerto da suspensão da Fiat Toro se mostra mais próximo de um SUV confortável para o fora de estrada do que de uma saltitante picape média.
Onde a Fiat pode melhorar bastante o convívio do motorista com a Toro é no interior. Não há nenhum porta-objetos com fácil acesso além do pequeno porta-copos à frente da alavanca de câmbio, onde mal cabe um celular ou uma carteira. Há os níchos à frente do carona e no topo do painel, mas em qualquer um dos dois há risco de os objetos caírem, e o compartimento sob o banco do carona só é útil quando ninguém está sentado ali.
–O quadro de instrumentos tem tela colorida de 7 polegadas para o computador de bordo e é bastante completo, mas se torna ilegível pelos reflexos quando o carro está no sol. Isso, porém, é certo que vai mudar: na nova Toro o quadro de instrumentos será uma tela com mais de 12 polegadas.
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O que também vai mudar é a central multimídia. Se na linha 2021 a Fiat Toro ganhou integração sem fio com Android Auto e Apple CarPlay na tela de 7 polegadas, na linha 2022 terá duas opções de telas: uma quase quadrada, de 8,4 polegadas, e uma vertical, com mais de 12 polegadas, bem no estilo da RAM 1500.
A lista de equipamentos hoje é boa e inclui sete airbags, assistente de descidas, chave presencial, banco do motorista com regulagens elétricas e ar-condicionado bizona. A nova Fiat Toro ainda terá faróis full-led e frenagem de emergência. É bom mesmo que ela se prepare, pois Chevrolet, Ford e Volkswagen estão de olho nesse segmento, hoje exclusivo da Fiat.
Veredicto – Por ser única, a Fiat Toro não precisa ser perfeita para vender bem. Mas precisará mexer nos lugares certos para sustentar suas vendas por mais cinco anos.
Teste de desempenho – Fiat Toro Ultra 2.0 Turbodiesel
- Aceleração:
0 a 100 km/h: 12,4 s
0 a 1.000 m:
33,6 s – 154,5 km/h - Velocidade máxima: não divulgada
- Retomada:
D 40 a 80 km/h: 5,2 s
D 60 a 100 km/h: 7 s
D 80 a 120 km/h: 9,3 s - Frenagens:
60/80/120 km/h – 0 m: 16,3/28,7/63,8 m - Consumo:
Urbano: 10,6 km/l
Rodoviário: 13,8 km/l - Ruído interno:
Neutro/RPM max: 47,6/ – dBA
80/120 km/h: 59,9/68,7 dBA
Ficha Técnica – Fiat Toro Ultra 2.0 Turbodiesel
- Preço: R$ 182.559
- Motor: diesel, diant., transv., 4 cil., 1.956 cm3, 16V, 83 x 90,4 mm, 16,5:1, 170 cv a 3.750 rpm, 35,7 kgfm a 1.750 rpm
- Câmbio: automático 8 marchas, tração integral
- Suspensão: McPherson (diant.) /multibraço (tras.)
- Freios: disco ventilado (diant.)/ tambor (tras.)
- Direção: elétrica
- Rodas e pneus: liga leve, 225/60 R18
- Dimensões: compr., 494,4 cm; larg., 184,4 cm; alt., 174,3 cm; entre-eixos, 299 cm; vão livre do solo, 20,2 cm; peso, 1.871 kg; tanque, 60 l; caçamba, 820 l; capacidade de carga, 1.000 kg
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