Tudo na Fiat Toro fugia ao que era considerado normal para uma picape na época de seu lançamento, no início de 2016. Os faróis divididos em duas peças eram impactantes. A carroceria monobloco com cabine dupla garantiu vantagens sobre as picapes compactas, enquanto a opção de motor diesel com tração 4×4 a tornou uma opção mais versátil frente às tradicionais picapes médias.
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Foi essa abordagem que, inclusive, ajudou a distanciar a Toro da Renault Duster Oroch, lançada ainda em 2015. Monobloco, suspensão traseira independente e base de um SUV são comuns às duas, mas se a Oroch está intimamente ligada ao antigo Duster, a Toro nasceu sobre a base do Jeep Renegade, mais refinado.
Enquanto a Oroch teve 61.341 unidades vendidas do seu lançamento até o fim de 2020, a Toro teve 270.125 unidades emplacadas do início de 2016 até o fim de 2020.
Isolada por seu próprio sucesso, a Fiat Toro se prepara para sua primeira reestilização. Mais que um tapa no visual, será a hora de corrigir alguns problemas do carro atual, que estão presentes mesmo na versão mais cara da picape, que é a Fiat Toro Ultra, de R$ 182.559, mostrada aqui. Neste caso, a picape quase se transforma em um grande sedã.
A principal diferença está no santoantônio e na capota de fibra de vidro cobrindo a caçamba, transformando-a em uma espécie de porta-malas gigante. Primeiro você abre as tampas da caçamba para os lados e depois levanta o enorme tampão, que bascula 40 graus com a ajuda de duas molas a gás. A hora de fechar é que exige um pouco de força para ficar bem encaixada dos lados.
Se o estilo lembra o das antigas picapes grandes modificadas pela Souza Ramos e Tropical Cabines, é fato que o tampão deixa a carga menos vulnerável a roubos. Contudo, seria mais efetiva se a tampa realmente evitasse a invasão de poeira e água no compartimento, ainda que menos do que na capota marítima.
Mas a versão ainda vem com uma sacola para a caçamba e esta, sim, quando fechada, evita que as compras, ou qualquer outro tipo de carga, fiquem sujas ou molhadas.
A Ultra tem também detalhes exclusivos, como o logo bordado nos bancos de material sintético que imita couro, espelhos externos pretos, estribos laterais, engate reboque e emblemas nas portas, na traseira e no console central. É, basicamente, o conteúdo de uma Toro Ranch (que custa R$ 180.525), que não tem as peças de fibra cercando a caçamba.
O que não muda nestas versões mais caras é o motor, sempre o 2.0 turbodiesel de 170 cv e 35,7 kgfm combinado com o câmbio automático de nove marchas e tração integral. E a Fiat não tem nenhuma intenção de fazer alterações nesse conjunto para a linha 2022. O que vai mudar é que, com a estreia do inédito motor 1.3 turboflex da família Firefly, e cerca de 180 cv e 28 kgfm de torque, estas versões mais completas não estarão disponíveis apenas nas versões diesel.
Por enquanto, o motor turbodiesel é o que entrega o melhor desempenho, mesmo que isso signifique chegar aos 100 km/h em 12,4 segundos (a 1.8 flex precisa de quase 16 segundos para fazer o mesmo). O consumo fica nos 10,6 km/l em circuito urbano e 13,8 km/l no rodoviário, e a entrega de força e o baixo ruído do motor em velocidade constante impressionam. E, mesmo após cinco anos, o acerto da suspensão da Fiat Toro se mostra mais próximo de um SUV confortável para o fora de estrada do que de uma saltitante picape média.
Onde a Fiat pode melhorar bastante o convívio do motorista com a Toro é no interior. Não há nenhum porta-objetos com fácil acesso além do pequeno porta-copos à frente da alavanca de câmbio, onde mal cabe um celular ou uma carteira. Há os níchos à frente do carona e no topo do painel, mas em qualquer um dos dois há risco de os objetos caírem, e o compartimento sob o banco do carona só é útil quando ninguém está sentado ali.
–O quadro de instrumentos tem tela colorida de 7 polegadas para o computador de bordo e é bastante completo, mas se torna ilegível pelos reflexos quando o carro está no sol. Isso, porém, é certo que vai mudar: na nova Toro o quadro de instrumentos será uma tela com mais de 12 polegadas.
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O que também vai mudar é a central multimídia. Se na linha 2021 a Fiat Toro ganhou integração sem fio com Android Auto e Apple CarPlay na tela de 7 polegadas, na linha 2022 terá duas opções de telas: uma quase quadrada, de 8,4 polegadas, e uma vertical, com mais de 12 polegadas, bem no estilo da RAM 1500.
A lista de equipamentos hoje é boa e inclui sete airbags, assistente de descidas, chave presencial, banco do motorista com regulagens elétricas e ar-condicionado bizona. A nova Fiat Toro ainda terá faróis full-led e frenagem de emergência. É bom mesmo que ela se prepare, pois Chevrolet, Ford e Volkswagen estão de olho nesse segmento, hoje exclusivo da Fiat.
Veredicto – Por ser única, a Fiat Toro não precisa ser perfeita para vender bem. Mas precisará mexer nos lugares certos para sustentar suas vendas por mais cinco anos.
Teste de desempenho – Fiat Toro Ultra 2.0 Turbodiesel
- Aceleração:
0 a 100 km/h: 12,4 s
0 a 1.000 m:
33,6 s – 154,5 km/h - Velocidade máxima: não divulgada
- Retomada:
D 40 a 80 km/h: 5,2 s
D 60 a 100 km/h: 7 s
D 80 a 120 km/h: 9,3 s - Frenagens:
60/80/120 km/h – 0 m: 16,3/28,7/63,8 m - Consumo:
Urbano: 10,6 km/l
Rodoviário: 13,8 km/l - Ruído interno:
Neutro/RPM max: 47,6/ – dBA
80/120 km/h: 59,9/68,7 dBA
Ficha Técnica – Fiat Toro Ultra 2.0 Turbodiesel
- Preço: R$ 182.559
- Motor: diesel, diant., transv., 4 cil., 1.956 cm3, 16V, 83 x 90,4 mm, 16,5:1, 170 cv a 3.750 rpm, 35,7 kgfm a 1.750 rpm
- Câmbio: automático 8 marchas, tração integral
- Suspensão: McPherson (diant.) /multibraço (tras.)
- Freios: disco ventilado (diant.)/ tambor (tras.)
- Direção: elétrica
- Rodas e pneus: liga leve, 225/60 R18
- Dimensões: compr., 494,4 cm; larg., 184,4 cm; alt., 174,3 cm; entre-eixos, 299 cm; vão livre do solo, 20,2 cm; peso, 1.871 kg; tanque, 60 l; caçamba, 820 l; capacidade de carga, 1.000 kg
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