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Novo Jeep Wrangler Rubicon tem motor 2.0 turbo, mas não renega as origens

Na atual geração, o Jeep Wrangler incorporou as últimas tecnologias, mas não abriu mão de sua essência de jipe

Por Paulo Campo Grande Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 14 ago 2021, 18h58 - Publicado em 26 fev 2021, 15h46
Confortável, mas está sempre pronto a enfrentar os obstáculos.
Confortável, mas está sempre pronto a enfrentar os obstáculos. (Fernando Pires/Quatro Rodas)

A primeira reação que tive assim que arranquei com o Wrangler foi de euforia. Gostei do impulso que senti, assim que pisei no acelerador, da direção leve e, principalmente, da visão do capô inteiro à minha frente, coisa típica do Wrangler.

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Mas achei que deveria inclinar o encosto do banco um pouco mais para trás e aí me frustrei: cadê o botão ou a alavanca do encosto? Não há acesso para a mão do lado esquerdo, porque a porta do carro fica colada ao banco e, do lado direito, há o apoio de braço.

jeep wrangler
Jeep é uma das poucas que poderá passar ilesa a mudanças (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Parei e desci do carro. Achei o dispositivo. Por falta de espaço, a fábrica adotou uma alça do mesmo material do cinto, que deve ser puxada para liberar o encosto. Pensei: os projetistas erram.

A porta colada ao ombro do motorista é outra característica dos jipes desde o primeiro Willys 1941. Mas cadê o airbag? Hoje, as portas ficam distantes das pessoas justamente para haver espaço para os airbags inflarem, se necessário. Como será que a FCA homologou esse carro, principalmente nos EUA, que tem a legislação mais rigorosa que a nossa?

Atrás, o ângulo de saída é de 37º. Na frente, o de entrada é de 44º.
Atrás, o ângulo de saída é de 37º. Na frente, o de entrada é de 44º. (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Deve ter se favorecido pelo fato de sua estrutura ser de aços de alta e ultrarresistência e a suspensão elevada, o que faz com que a zona de impacto seja no chassi do carro. Dirigi mais um pouco e tomei consciência de como a cabine do Wrangler é apertada para o motorista e o passageiro da frente. Atrás, experimentei depois, é tranquilo.

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Fita libera o ajuste do encosto.
Fita libera o ajuste do encosto. (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Dá até para cruzar as pernas. Mas na frente: mal cabe meu antebraço na distância que existe do console ao descanso de braço. E a posição de dirigir, como era antigamente, é levemente desalinhada, de modo que o motorista fica virado para o centro do carro.

Porta-malas tem capacidade de 498 litros, sem rebater os bancos.
Porta-malas tem capacidade de 498 litros, sem rebater os bancos. (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Entendi. A FCA manteve as características típicas do Wrangler, para agradar os clientes tradicionais. Revendo minha posição de achar que os projetistas erraram, concluí que eles fizeram o carro assim porque esse era o plano. Depois que compreendi o que estava acontecendo, relaxei e consegui curtir o Wrangler como o Wrangler é. Não há dúvidas de que o projeto é moderno.

Alavanca menor seleciona os modos de tração.
Alavanca menor seleciona os modos de tração. (Fernando Pires/Quatro Rodas)

A versão mostrada aqui é a Unlimited Rubicon, de quatro portas, que chega ao Brasil importada dos EUA ao preço de R$ 432.590.

Jeep Wrangler Rubicon Quatro Rodas Jan 2021 (5)
(Fernando Pires/Quatro Rodas)

Além da estrutura de aços especiais, seu motor T4 Hurricane 2.0 de quatro cilindros em linha gera 272 cv e 40,7 kgfm graças a recursos como injeção direta e turbocompressor, o câmbio automático tem oito marchas, com a opção das trocas manuais na alavanca, e não faltam equipamentos de assistência ao motorista, como detector de pontos cegos, alerta de colisão frontal e freio de emergência autônomo.

Câmbio de oito marchas tem opção das trocas manuais na alavanca.
Câmbio de oito marchas tem opção das trocas manuais na alavanca. (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Os faróis são full-led e a central multimídia com tela touch de 8,4”, o GPS é compatível com os sistemas Apple CarPlay e Android Auto, tem um aplicativo Off-Road Pages, que informa coisas como altitude, inclinação lateral e longitudinal da carroceria e o tipo de tração em uso.

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O sistema de tração tem a opção de modos de uso 4×4, 4×4 auto, 4×4 part-time e 4×4 reduzida (por alavanca), além do sistema que permite o bloqueio eletrônico independente dos diferenciais dianteiro e traseiro. E a suspensão dianteira conta com barra estabilizadora com desconexão eletrônica para aumentar a sua articulação na hora de vencer obstáculos.

É possível bloquear eletronicamente os diferenciais.
É possível bloquear eletronicamente os diferenciais. (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Para quem não tem pretensões tão esportivas assim, o Rubicon oferece conforto, tendo recursos como bancos com revestimento que imita couro, ar-condicionado bizona com saídas traseiras e sistema de som Alpine. O recurso mais interessante, porém, é a possibilidade de transformar o jipe em um conversível, com a retirada do teto, ou em um veículo de recreação, removendo as portas e rebatendo o para-brisa.

Jeep Wrangler Rubicon Quatro Rodas Jan 2021 (36)
(Fernando Pires/Quatro Rodas)
Retirado o teto, resta uma estrutura de proteção dos ocupantes.
Retirado o teto, resta uma estrutura de proteção dos ocupantes. (Fernando Pires/Quatro Rodas)

O Wrangler é um carro confortável, seja no asfalto ou na terra. A direção é lenta nas respostas, mas esterça bem. E a suspensão garante um rodar macio. Às vezes, o motorista desavisado pode se sentir inseguro com os movimentos da carroceria. Mas, uma vez acostumado, a confiança no controle direcional do carro retorna.

Na pista de testes, o Rubicon demonstrou outra qualidade que eu já suspeitava no roteiro de impressões ao dirigir: que ele é econômico. Saí de casa preparado para abastecer o tanque na volta ou no meio do caminho. Mas fui e voltei sem paradas. Nas medições, o Wrangler ficou com as médias de 7,4 km/l de gasolina na cidade, e 9,1 km/l na estrada. E isso com um desempenho bem interessante, uma vez que o Jeep, que pesa 2 toneladas, fez o tempo de 7,8 segundos nas acelerações de 0 a 100 km/h.

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Depois da diversidade de sentimentos que tive em relação ao carro durante a avaliação, confesso que terminei o dia gostando do Wrangler.

Teste

  • Aceleração: 0 a 100 km/h: 7,8 s;  0 a 1.000 m: 29,6 s – 155,7 km/h
  • Velocidade máxima: 195 km/h*
  • Retomada: D 40 a 80 km/h: 3,3 s; D 60 a 100 km/h: 4,8 s; D 80 a 120 km/h: 5,6 s
  • Frenagens: 60/80/120 km/h – 0 m: 16,4/30,6/66,2 m
  • Consumo: urbano 7,4 km/l; rodoviário 9,1 km/l

*dado de fábrica

Ficha técnica

Preço: R$ 432.590
Motor: gasolina, dianteiro, longitudinal, 4 cilindros, 16V, turbo, injeção direta, 1.995 cm3
Potência: 272 cv a 5.250 rpm
Torque: 40,7 kgfm a 3.000 rpm
Câmbio: automático, 8 marchas, 4×4
Suspensão: eixos rígidos com molas helicoidais
Freios: disco ventilado (dianteiro), disco sólido (traseiro)
Direção: eletro-hidráulica, 12,3 (diamêtro de giro)
Rodas e pneus: liga leve, 255/75 R17
Dimensões: comprimento, 478,5 cm; largura, 187,5 cm; altura, 186,8 cm; entre-eixos, 300,8 cm; peso, 2.031 kg; tanque, 81 l; porta–malas, 498 l; ângulo de ataque, 44º, ângulo de saída, 37º; vão livre, 27,4 cm

Veredito

Algumas soluções tradicionais podem parecer estranhas hoje em dia. Mas o Wrangler continua agradando quem gosta de um jipe.

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