O primeiro SUV nacional da Toyota foi lançado em março de 2021, com a responsabilidade de carregar o nome do carro mais vendido da marca e ainda superá-lo em vendas, assim como o rival, Jeep Compass, conseguia.
Passados exatos três anos, é possível afirmar que o Corolla Cross teve êxito no mercado, pois praticamente empatou em vendas com o sedã em 2023 e, no primeiro trimestre de 2024, está em vantagem. Já em relação ao rival, o SUV da Toyota não ultrapassou em nenhum mês as vendas do Compass, que se mantém como SUV médio mais vendido do país.
Como já era esperado, e se tornou hábito na indústria automotiva, o Toyota recebe agora seu primeiro facelift de meio de geração. O Corolla Cross 2025 ficou irreconhecível na dianteira ao adotar um novo conjunto óptico mais afilado com uma assinatura em led no meio da peça.
Na parte superior há quatro lâmpadas de led que servem tanto como luzes diurnas (DRLs) como setas sequenciais – que fazem um movimento ascendente na cor laranja aos comandos dos indicadores de direção ou de pisca-alerta. Na parte inferior, está o farol de led em uma parábola.
O para-choque frontal também foi renovado com entradas de ar laterais maiores. A grade em preto foi substituída por uma textura em forma de colmeia diretamente na carroceria.
Na lateral, o que o SUV da Toyota tem de diferente são as rodas, com novo desenho, e um aplique prateado na parte superior dos vidros, ele começa na coluna dianteira e se estende até a traseira, após a vigia – uma solução que dá efeito de amplitude, causando a impressão de que o SUV é maior do que realmente é.
Já na traseira, o para-choque continua o mesmo e é acompanhado logo abaixo pelo polêmico abafador do escapamento. E a solução para disfarçá-lo é a mesma que foi adotada na linha 2023, após uma enxurrada de reclamações dos clientes: pintar de preto.
As lanternas, por sua vez, têm uma nova disposição na parte transparente e continuam de led.
Toda atualização de estilo segue o modelo lançado na Tailândia, porém por lá o SUV traz teto solar panorâmico e por aqui o Corolla Cross continua com o tradicional, que só cobre a primeira fileira de bancos.
O interior muda para melhor ao passar a oferecer o mesmo quadro de instrumentos digital do Corolla com 12,3 polegadas – o modelo anterior tinha 7”, mas continua disponível na linha na versão de entrada (XR 2.0). O mostrador traz riqueza de informações, imagem de alta qualidade e bons contrastes, e o motorista pode personalizar quais dados prefere que sejam apresentados.
A central multimídia acompanha a evolução do sedã, que na linha 2024 recebeu essa atualização no interior. Ela passa a ter 9 polegadas e conexão sem fio com Android Auto e Apple CarPlay. Perde todos os botões físicos na moldura, inclusive os giratórios, e passa a ter apenas quatro clicáveis e integrados ao design da peça.
A multimídia flutuante não está completamente integrada ao painel, o que passa a impressão de ser um acessório, meio postiço, mas evoluiu e está mais moderna – inclusive pela adoção do carregador de indução no console.
No acabamento, o SUV traz uma nova padronagem de bancos e o painel frontal exibe costuras aparentes. Há a combinação de materiais macios ao toque com plástico rígido, mas a manufatura é elogiável, sem rebarbas e com peças bem encaixadas. O painel das portas continua com revestimento emborrachado e os puxadores receberam uma moldura em preto brilhante.
Motor menos potente
A linha 2025 continua oferecendo versões híbridas, equipadas com o motor 1.8 flex que trabalha no eficiente ciclo Atkinson para gerar 101 cv e dois motores elétricos instalados dentro da transmissão com 72 cv. A potência combinada foi mantida em 123 cv.
Já as mais baratas, de entrada, continuam restritas a apenas um único motor: o 2.0 aspirado com injeção direta e indireta, que agora perdeu 2 cv tanto abastecido com etanol quanto com gasolina e 0,5 kgfm de torque. Sem mudar os regimes de potência e torque máximos. Antes, o motor oferecia 177 cv com etanol e 169 cv com gasolina, além de 21,4 kgfm, com ambos os combustíveis.
Agora, são 175 cv (na gasolina) e 167 cv (no etanol) a 6.600 rpm e 20,8 kgfm a 4.400 rpm. E ele segue casado com o câmbio CVT de dez marchas, sendo a primeira delas por engrenagem – que oferece arrancadas mais rápidas.
Essa mudança na potência e torque é para se adequar às novas regras de emissões do Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores) na fase L8, que entra em vigor no fim de 2025.
Outra atualização no motor 2.0 foi a adoção do sistema ORVR (Onboard Refueling Vapor Recovery). Ele é composto por um conjunto de filtros para controlar os gases (nocivos ao meio ambiente e à saúde) provenientes do tanque de combustível em duas situações: durante o abastecimento e em longos períodos de estacionamento diurnos. Esse sistema já equipa o Corolla 2024 e também outros SUVs compactos nacionais como Hyundai Creta e Renault Duster.
A unidade testada, mostrada aqui, é uma versão XRX, topo de linha entre as equipadas com motor 2.0 aspirado. Na aceleração de 0 a 100 km/h, não houve alteração, na comparação com o modelo anterior. Enquanto o novo cravou 10,4 segundos, o antigo fez em 10,5 segundos.
As retomadas foram muito próximas também e o SUV atualizado foi no máximo 0,4 segundos mais lento, na retomada de 40 a 80 km/h, em Drive.
A Toyota afirma que fez modificações aerodinâmicas para que a mudança no motor não afetasse o desempenho. Deu certo. Mas o objetivo de reduzir o consumo já não foi tão bem-sucedido. Enquanto o Corolla Cross 2025 fez médias de consumo de 11,3/13,3 km/l (cidade/estrada) o modelo anterior conseguiu 12/15,4 km/l. Uma diferença significativa: rodando 0,7 km/l a menos, no ciclo urbano, e 2 km/l a menos, no rodoviário.
Outro comportamento do motor observado, tanto ao volante quanto nas nossas medições, foi o aumento do ruído na cabine; o barulho do motor claramente se faz mais presente na cabine. No uso normal, o barulho ficava incômodo em situações em que se aumentava o giro do motor, em uma ultrapassagem, por exemplo.
No campo de provas, em rotação máxima, medimos 74,4 dBA no interior, enquanto no SUV anterior obtivemos 64,8 dBA. O motor ficou mais barulhento e o isolamento acústico não correspondeu, se mostrando insuficiente para filtrar os ruídos.
Suspensão multilink?
Assim que foi lançado, o Corolla Cross recebeu críticas por adotar suspensão traseira por eixo de torção, enquanto as versões vendidas no exterior saíram com sistema multilink, como o sedã vendido aqui.
A esperança era que agora a suspensão independente também fosse adotada aqui. Mas não. Menos mal que, mesmo com as limitações naturais, o eixo de torção empregado dá conta do recado, sendo eficiente para uma condução urbana ou mesmo rodoviária, no limite da via. Na pista, o conjunto de suspensões do SUV se mostrou competente ao segurar a carroceria em curvas acentuadas, sem permitir rolagem acentuada.
No conteúdo, desde a linha 2023, o Corolla Cross passou a contar com o pacote Toyota Safety Sense em toda a gama, antes restrito apenas aos modelos híbridos. O pacote inclui alerta pré-colisão, frenagem autônoma de emergência e sistema de alerta e permanência em faixa. Também há o recurso que desliga o farol alto automaticamente quando há veículos no sentido oposto (AHB) e o piloto automático adaptativo, agora disponível para todas as velocidades. O alerta de ponto cego só está disponível nas versões mais caras, com motor 2.0 ou nas versões híbridas.
Outra novidade é a adoção de mais dois sensores de estacionamento dianteiros, totalizando quatro (na parte traseira já eram quatro) e o sistema de suporte à frenagem de estacionamento (que atua nos freios nas manobras de baliza) – também restritos às versões topo de linha. E no novo modelo a abertura da tampa do porta-malas é elétrica e pode ser aberta com a aproximação dos pés abaixo do para-choque traseiro.
E, para completar a lista de comodidades na linha 2025, o freio de estacionamento é eletrônico com função autohold em substituição ao antiquado freio acionado pelo pé – típico apenas em picapes grandes e médias.
O Corolla Cross foi o Grande Campeão da pesquisa Os Eleitos 2023 e, portanto, é um modelo amado pelos seus donos. Os atributos mais elogiados foram os relacionados ao desempenho: rapidez de arranque, facilidade de ultrapassagem, consumo na estrada e design. E, diante desse fato, é compreensível que o motor tenha sido apenas atualizado (embora o consumo tenha piorado) e todos os outros componentes dinâmicos tenham se mantido inalterados. O design já pedia uma atualização.
A Toyota optou por oferecer um reajuste de menos de 1% para as versões com motor a combustão (de entrada) e manter os mesmos valores das opções híbridas. A intenção é aumentar a participação dos SUVs híbridos flex nas vendas, que atualmente representam 30% do total partindo de R$ 202.690.
Já a versão testada na linha 2025 custa R$ 191.790 – exatos R$ 5.200 mais barato que o rival Jeep Compass na versão Longitude e equipado com o motor 1.3 turbo que rende até 185 cv. A briga vai ser acirrada no mercado, mas o fato do Corolla Cross ter tido um aumento pequeno de preço e ostentar mudanças positivas no design e conteúdo o torna atrativo e competitivo.
TESTE – TOYOTA COROLLA CROSS XRX
Aceleração
0 a 100 km/h: 10,4 s
0 a 1.000 m: 31,6 s / 169 km/h
Retomadas
D 40 a 80 km/h: 4,8 s
D 60 a 100 km/h: 5,7 s
D 80 a 120 km/h: 7,2 s
Frenagens
60/80/120 km/h a 0: 18,9/27,9/68,1 m
Consumo
Urbano:11,3 km/l
Rodoviário: 13,3 km/l
Ruído interno
Neutro/RPM máx. 38,2/74,4 dBA
80/120 km/h 67,6/74,8 dBA
Velocidade real a 100 km/h: 93 km/h
Rotação do motor a 100 km/h: 1.500 rpm
Volante: 2,5 voltas
Ficha Técnica – Toyota Corolla Cross XRX 2.0 Flex
- Preço: R$ 191.790
- Motor: flex, dianteiro, transversal, 4 cilindros, 1.987 cm3, 80,5 x 97,6 mm, 16V, 175/167 cv a 6.600 rpm, 20,8 kgfm a 4.400 rpm
- Câmbio: CVT, 10 marchas, tração dianteira
- Suspensão: McPherson (diant.)/eixo rígido (tras.)
- Freios: disco ventilado (dianteira) e disco sólido (traseira)
- Direção: elétrica
- Rodas e pneus: liga leve, 225/50 R18
- Dimensões: comprimento, 446 cm; largura, 182,5 cm; altura, 162 cm; entre-eixos, 264 cm; tanque, 47 l; peso, 1.420 kg; porta-malas, 440 l