Primeiro carro híbrido flex do mundo e o sedã médio mais resiliente do mercado brasileiro, o Toyota Corolla chega à linha 2024 com mudanças muito discretas, porém importantes. As novidades se concentram, basicamente, em detalhes estéticos, tecnologia e conectividade.
Mas será que as boas, mas poucas mudanças são suficientes para manter um modelo de 2019 atualizado? O que, de fato, ficou melhor? Quais qualidades e defeitos permaneceram? Para responder a todas estas perguntas, testamos o novo Corolla Altis Premium Hybrid 2024, a versão topo de linha do sedã.
Sobre preços, o Corolla 2024 parte de R$ 148.990 e chega aos R$ 182.990 nas versões com motor 2.0 flex aspirado. As versões híbridas começam em R$ 187.790 e chegam aos R$ 198.890, como no caso da configuração aqui apresentada.
Pode passar despercebido
Você precisará ser muito detalhista para diferenciar um Corolla 2024 pelas ruas, já que as mudanças são realmente bastante discretas. A maior delas é a grade frontal, que abandona os frisos horizontais e ganha uma trama composta por losangos, com acabamento em preto brilhante. Isso só muda nas versões XEi, Altis e Altis Premium. A GLi segue com a grade antiga e, a GR-S, tem elemento exclusivo.
Já as versões Altis Premium (híbrida ou combustão) ganham também uma borda cromada nos faróis de neblina, que são de led em todas as versões. As mesmas configurações de topo têm ainda faróis full led automáticos, com facho alto adaptativo. Conte também com sensores de estacionamento dianteiros, mas tome cuidado com a parte inferior do para-choque, já que o Corolla é baixo e raspa facilmente em lombadas, valetas ou rampas.
De lado, o sedã também tem novas rodas de 17 polegadas a partir da versão XEi. No caso da testada, Altis Premium Hybrid, o acabamento é diamantado. As mesmas versões ganham também novos pneus que, segundo a Toyota, podem melhorar o consumo de combustível em até 12%. Eles são 215/50, contra os 225/45 anteriores, ou seja, mais estreitos e de perfil mais alto. Se eles realmente cumprem a promessa, você verá nos próximos parágrafos.
Ainda na lateral, as versões Altis Premium ganham um friso cromado na base das portas. Eles são oferecidos como acessórios para as demais versões, assim como as bordas cromadas dos faróis de neblina, comentadas há pouco. Nas mais caras, porém, são itens de série. Na traseira nada muda e as versões Altis seguem com lanternas em led.
Interior mais moderno
Por dentro, o acabamento do Corolla se mantém intocado – o que é bom. Há materiais de boa qualidade, emborrachados e montagem cuidadosa, tudo como mandam o segmento e a fama do modelo. Os bancos têm revestimento que imita couro e, a combinação entre cinza e creme, garantem o ar de sofisticação ao sedã. O volante, já antiquado, parece destoar.
As duas maiores novidades ficam bem evidentes. A primeira é a nova central multimídia, que passa a ter 9 polegadas e conexão sem fio com Android Auto e Apple CarPlay, além de ter o efeito “flutuante”, sem o criticado avanço atrás da tela que, no lançamento do Corolla, foi comparado a uma televisão de tubo.
A segunda é o quadro de instrumentos, que passa a ser digital a partir da versão XEi, com uma tela de 12,3 polegadas. O mostrador tem riqueza de informações, imagem de alta qualidade e com bons contrastes, e o motorista pode personalizar quais dados prefere que sejam apresentados. Não há possibilidade de mudança de layout ou cores, mas nem precisa.
Entre os equipamentos de série, a versão topo de linha tem ar-condicionado digital automático de duas zonas, carregador de celulares por indução, 7 airbags, banco do motorista com ajustes elétricos, câmera de ré, teto solar elétrico e chave presencial.
Há também o pacote Safety Sense, este presente desde a versão mais barata do Corolla 2024, a GLi. Ele inclui piloto automático adaptativo, frenagem automática de emergência, alerta de mudança involuntária de faixa, monitoramento de pontos cegos e alerta de tráfego cruzado traseiro.
É um ótimo pacote de equipamentos, mas fica devendo itens como câmera dianteira, ventilação nos bancos ou freio de estacionamento eletrônico.
Espaço de sempre, mas com mais conforto
Nada muda no que diz respeito ao espaço do Corolla, que tem 4,63 metros de comprimento e 2,70 m de entre-eixos. Atrás, duas pessoas conseguem se acomodar sem qualquer problema, com espaço de sobra para pernas, cabeça e ombros.
Um terceiro ocupante pode causar algumas intrigas, já que o túnel central é alto e o passageiro precisará viajar com as pernas levemente abertas, com os pés dividindo espaço com quem estiver ao lado. Apesar disso, outra novidade da linha 2024 é a introdução de duas saídas de ar-condicionado para quem vai atrás, além de duas portas USB do tipo C, o mais moderno.
O porta-malas do Corolla é bom, mas não impressiona. São 470 litros, muito próximos aos 466 litros do Nissan Sentra, mas bem menos que os 521 de um Volkswagen Virtus, que é de categoria inferior.
A melhor parte de um Corolla
Existem carros que podemos entender a boa fama e os altos números de vendas quando temos um contato mais próximo ou, principalmente, quando os dirigimos. O Corolla é um deles. Um dos pontos altos do sedã é estar com ele em movimento, seja como passageiro ou motorista.
A suspensão, que tem eixo traseiro multilink, tem uma rigidez necessária para que ele seja estável, não role demasiadamente em curvas e permaneça “colado” ao chão mesmo em velocidades mais altas. Porém, não há pancadas secas em imperfeições, que são repassadas aos ocupantes de forma suave, para manter o conforto. Essa combinação em estradas é imbatível, aliada ao silêncio do trabalho do conjunto.
A direção vai pelo mesmo caminho, sem ser direta como em um esportivo, mas sem ser imprecisa como um SUV compacto. É no ponto certo para não cansar e, de quebra, proporcionar prazer ao dirigir e evitar esforços extras. Ou seja, todos podem encarar longas viagens sem se cansar.
Com esse conjunto, o Corolla 2024 pode ter duas personalidades diferentes: uma com melhor desempenho e, outra, focada na economia de combustível e sem qualquer pretensão esportiva. Em ambas, ele vai muito bem.
O sedã segue oferecido com motor 2.0 aspirado flex nas versões mais baratas. Na linha 2024, esta motorização perdeu 2 cv e, agora, entrega sempre 175 cv e 21,3 kgfm, independentemente do combustível. Antes, com etanol, ele chegava aos 177 cv.
Por agora, porém, o foco é no híbrido, que não teve alterações mecânicas. Ou seja, permanecem o motor 1.8 aspirado flex de 101 cv e 14,5 kfgm, e os dois motores elétricos que, juntos entregam mais 72 cv e 16,6 kgfm. A potência combinada entre os três motores é de 122 cv e o câmbio é CVT.
Esses motores têm um gerenciamento automático. O elétrico pode funcionar sozinho em velocidades mais baixas e com pouca carga no pedal do acelerações, ou seja, no anda e para das cidades, situação em que um motor a combustão mais consumiria combustível.
Ele é alimentado por uma pequena bateria de 1,3 kWh – como comparação um elétrico como o BYD Dolphin, em sua versão mais barata, tem uma bateria de 44,9 kWh. No Corolla, a bateria é carregada pelo próprio sistema, seja pela energia gerada pelo motor a combustão ou pelas frenagens e desacelerações, que convertem a energia cinética gerada em energia elétrica.
Quando há necessidade de mais desempenho, o motor flex entra em ação. Seu funcionamento pode ocorrer junto ao elétrico ou sozinho, a depender da demanda. Além disso, ele pode funcionar para tracionar o veículo ou para recarregar a bateria, quando houver necessidade. Tudo, novamente, é feito de forma automática.
Até há um modo EV, que foca na condução elétrica. Porém, basta uma aceleração um pouco mais forte para que ele seja desativado. Também não é possível ativá-lo em altas velocidades, onde o motor a combustão é quem manda, já que esta é uma situação em que ele tem menor consumo de combustível.
Em resumo, cada motor funciona mais em suas faixas de melhor rendimento e onde o consumo de combustível for menor.
Não espere, porém, um desempenho emocionante do Corolla híbrido – mesmo com os três motores em funcionamento. Em nossos testes, feitos com gasolina, o sedã foi de 0 a 100 km/h em 13,4 segundos, pior que os 13,2 segundos de um Chevrolet Onix 1.0 aspirado.
Por outro lado, a vantagem está no consumo. Nos nossos testes, obtivemos as médias de 18,1 km/l na cidade e 15,7 km/l na estrada. Vale lembrar, diferente de modelos puramente a combustão, os híbridos têm melhor consumo na cidade pelo maior uso de eletricidade.
São ótimos números, mas que não refletem os 12% de economia prometidos pela Toyota. No último teste realizado com um Corolla híbrido, as médias foram até melhores, de 20 km/l na cidade e 18,4 km/l na estrada.
Veredicto Quatro Rodas
O Corolla 2024, especialmente em sua versão Altis Premium Hybrid, é caro. Porém, não é por acaso que ele vende tanto e tem um público tão fiel: é um excelente carro, que une conforto, espaço, economia de combustível e ótima dirigibilidade, embora tenha algumas questões que já sentem o peso da idade. De qualquer forma, é um alento que ele, um sedã médio, permaneça vivo entre tantos SUVs no mercado.
Ficha Técnica – Toyota Corolla Altis Premium Hybrid
Motor: flex, dianteiro, 4 cilindros, 16V, 1.798 cm³, 101 cv a 5.200 rpm, 14,5 kgfm a 3.600 rpm. Elétrico(s): dois, 72 cv, 16,6 kgfm; potência combinada, 122 cv
Bateria: íon-lítio; 1,3 kWh;
Câmbio: automático CVT, tração dianteira
Direção: elétrica
Suspensão: McPherson (diant.) e multilink (tras.)
Freios: a disco (tras.) e disco ventilado (diant.)
Pneus: 215/50 R17
Dimensões: comprimento, 463 cm; largura, 207,9 cm; altura, 145,5 cm; entre-eixos, 270 cm; peso, 1.450 kg; porta-malas, 470 litros
TESTE QUATRO RODAS – Toyota Corolla Altis Premium Hybrid
Aceleração
0 a 100 km/h: 13,4 s
0 a 1.000 m: 34,4 s – 156,1
Velocidade máxima: n/d
Retomadas
D 40 a 80 km/h: 6,9 s
D 60 a 100 km/h: 8,8 s
D 80 a 120 km/h: 11,2 s
Frenagens
60/80/120 km/h a 0: 14,2/25,6/59,5 m
Consumo
Urbano: 18,1 km/l
Rodoviário: 15,7 km/l
Ruído interno
Neutro/RPM máx.: 37,5/— dBA
80/120 km/h: 57,2/61,2 dBA
Aferição
Velocidade real a 100 km/h: 98 km/h
Rotação do motor a 100 km/h em D: —
Volante: 2,5 voltas
Seu Bolso
Preço: R$ 169.990
Garantia: 5 anos
Condições de teste: alt. 660 m; temp., 34 °C; umid. relat., 58%; press., 759 kPa