VW ID.7 é sucessor elétrico do Passat com 700 km de autonomia e 286 cv
Com atenção à aerodinâmica e muito espaço interno, Volkswagen ID.7 inova em nome da autonomia e eleva nível de luxo da família de elétricos da Volks
Aos poucos, os modelos mais icônicos da Volkswagen vão saindo de cena para dar lugar aos novos elétricos, veículos com dimensões e aplicações similares, mas outros nomes. Desta vez, Passat e Arteon, que se aproximam do fim da linha, estão prestes a ser substituídos pelo ID.7, o modelo topo de linha da família ID.
A produção deste novo elétrico começa em junho, na fábrica alemã de Emden, para o mercado europeu e, a partir de 2024, para o mercado norte-americano. O mercado chinês será abastecido por uma linha de montagem da VW na China, ainda sem data para início da produção.
Visualmente, o ID7 segue a linguagem visual da linha (quebrada recentemente pelo carro-conceito ID.2 que mostra que a alemã quer recuperar os traços estilísticos de modelos que fizeram história e abandonar esta linha de design mais moderno, mas também menos identificado com a marca).
Há importantes promessas de evolução neste ID.7, a começar pela autonomia, que irá ser homologada com 700 km com uma carga completa da bateria de 86 kWh utilizáveis (91 kWh brutos) na versão Pro S, que é a maior das duas disponíveis (a outra usada no ID7 Pro é de 77 kWh (82 brutos) — e é a maior montada em um VW elétrico até hoje.
Também no que diz respeito à potência de carregamento, o ID.7 eleva o padrão da marca e chega aos 200 kW em corrente direta (DC) no caso da bateria maior, enquanto em corrente alternada (AC), a potência máxima aceita pelo sistema é de 11 kW. Igualmente novidade é o sistema de pré-condicionamento da bateria, que a permite estar à temperatura ideal para iniciar o carregamento quando o carro chega ao ponto de carga (recurso útil em países frios).
A autonomia de 700 km não se deve apenas à capacidade das baterias, porém. Para isso contribui em muito o perfil aerodinâmico do carro, com angulação correta do para-brisa, linha de teto que desce suavemente até a traseira (com uma pequena elevação ao final que, como se fosse um pequeno aerofólio, ajuda diminuir a turbulência do ar quando o carro termina) e outras benfeitorias. O coeficiente aerodinâmico (cx) do ID.7 é de 0,23 (o Porsche Taycan tem 0,22 e o Tesla Model S, 0,24).
Na dianteira, chama a atenção a faixa transversal de leds para a função de luzes diurnas e a existência de aberturas apenas na área inferior, para entrada do ar de arrefecimento. São as chamadas cortinas de ar, que direcionam o fluxo para as rodas dianteiras (para diminuir a turbulência) e para o radiador (por detrás há uma persiana que se fecha automaticamente sempre que não for necessário recebê-lo).
O ID.7 será o mais potente elétrico da VW equipado apenas com um motor, chegando a uma potência de 286 cv, fruto da adoção de uma nova geração de motor (síncrono de imã permanente) montado sobre o eixo traseiro. No que diz respeito ao torque, no entanto, seus 55,6 kgfm superam até mesmo os ID de dois motores, que não vão além dos 46,9 kgfm.
Esse novo motor recebeu um rotor com ímãs mais potentes que oferecem uma capacidade de carga térmica superior, um estator mais evoluído, um dissipador de calor de água para o exterior do estator e um novo sistema de arrefecimento combinado de óleo e água que também contribui para uma superior estabilidade térmica. O inversor (que converte a corrente contínua – DC – armazenada na bateria em corrente trifásica alternada – AC – que o motor necessita) também dá uma importante contribuição para essa maior estabilidade térmica.
No interior, a VW usou ensinamentos colhidos nos primeiros ID, começando pelas superfícies táteis sem retroiluminação na tela central e seguindo pelo tamanho da própria tela (aumentada para 15”), layout das informações e comandos (agora as funções de uso mais frequente, como climatização, aparecem sempre no menu principal). O ID.7 estreará também um mais sofisticado assistente de viagem por comandos vocais (IDA).
Em relação ao acabamento, nota-se que foi feito um investimento maior na qualidade dos materiais usados para revestir tanto o painel de bordo como os painéis das portas, que tantas vezes decepcionaram nos ID, ainda mais tendo em conta que são sempre automóveis com valores elevados.
Outra novidade é a presença de um head-up display para projetar vários tipos de informação, desde a velocidade até as distâncias (3,5 m e 10 m) do veículo à frente, em combinação com recursos de realidade aumentada. Ainda foram montadas saídas de ventilação com controle automático ativo, as quais regulam os fluxos de ar de acordo com as definições automáticas da temperatura. Os usuários que não apreciem o fato de quase todos os ajustes serem feitos através dos menus da central multimídia poderão ajustar manualmente as saídas de ventilação.
Espaço não falta, tanto à frente como atrás, onde os três potenciais ocupantes da segunda fila contam com uma generosa área para as pernas e um piso totalmente plano. A altura também serve, sem restrições, quaisquer passageiros com até 1,85 m e a largura é ampla. Os bancos dianteiros, por outro lado, dispõem de um novo sistema de aquecimento, arrefecimento, controle da umidade e programas de massagens. E há um novo teto panorâmico com regulação eletrônica da opacidade. O ID.7 tem 4,96 m de comprimento e 1,86 m de largura. E seu porta-malas leva até 532 litros de bagagem.
Avaliamos, em primeira mão, um protótipo durante 45 minutos, em uma rodovia sinuosa no norte de Alicante, na Espanha. O carro ainda apresentava a camuflagem colorida que a VW passou a usar, mas pelo que vimos a unidade já representava um modelo muito próximo do que será produzido em série.
A primeira impressão curiosa tem a ver com a muito curta projeção dianteira da carroceria: sem olhar para a largura, parece que se está dirigindo um Volkswagen Polo, o que é surpreendente e cria uma sensação de agilidade (ajudada, claro, pelo reduzido diâmetro de giro — de cerca de 11 m num automóvel que tem quase 5 m — permitido, em parte, pela inexistência de um motor entre as rodas da frente, possibilitando que estas girem mais). A visibilidade para trás é prejudicada pela forma de cupê da carroceria, mas a existência de câmaras de ajuda ao estacionamento e com visão 360º mitigam claramente esse problema.
As acelerações são rápidas; com um único motor e tração traseira, o ID.7 consegue ir de 0 a 100 km/h em 6,9 segundos (a máxima é de 180 km/h). Mas mais surpreendente é o conforto de rolamento, francamente superior. A suspensão independente nas quatro rodas (McPherson, na frente, e multilink, atrás) e tem uma afinação muito equilibrada.
Os modos de dirigir (Eco, Comfort e Sport) poderiam, no entanto, estar mais diferenciados entre si, apesar dos engenheiros alemães assegurarem que tornaram cada um dos programas mais afastado dos outros. No caso da direção (que é precisa e linear, além de dispor de um sistema progressivo), sente-se sempre leve demais e seria preferível que a afinação definida para Sport fosse a Normal e que depois houvesse uma regulação com mais peso (o menos artificial possível) para o programa mais esportivo. Detalhe negativo: nunca se pode ver qual o modo de dirigir está em uso.
No caso do amortecimento variável, ao existirem 15 níveis para escolher (a partir da tela central), entre conforto e estabilidade, a amplitude da variação é claramente maior. Já a frenagem continua não convencendo e a VW não alterou nada do que conhecemos nos outros elementos do clã ID: continua a usar tambores nas rodas traseiras, o tato do pedal da esquerda é bastante esponjoso e a resposta de desaceleração muito fraca nos primeiros 25% do curso do pedal, o que não faz muito pela sensação de segurança.
Passat e Arteon deixarão saudades, principalmente entre os colecionadores de modelos da marca, que são pessoas dadas a esse sentimento. Mas, pelo que vimos, neste primeiro contato, o ID.7 tem boas razões para ser bem recebido pelo mercado.
Ficha técnica do Volkswagen ID.7 Pro S
Preço: 46.500 euros (R$ 259.400)
Motor: elétrico; traseiro, síncrono de ímãs permanentes, 286 cv, 55,6 kgfm;
Bateria*: íons de lítio, 86 kWh (líquidos); carga, até 11 kW (AC); até 200 kW (DC);
Câmbio: automático, 1 marcha, tração traseira
Direção: elétrica; diâm. giro, 11 m
Suspensão: McPherson (diant.), multilink (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.), tambor (tras.)
Pneus: 195/50 R19
Dimensões: compr., 496,1 cm; larg. 186,2 cm; alt., 153,8 cm; entre-eixos, 296,6 cm; peso, 1.545 kg; porta-malas, 532 l
Desempenho: 0 a 100 km/h, 6,9 s; veloc. máx. de 180 km/h; autonomia, 700 km
* Dados provisórios (dependem de homologação)