Teste: nova VW Amarok V6 é a picape média mais rápida que um Polo GTS
Modelo retoma o título de picape média mais potente do Brasil, mas abre mão de mudança no visual e novos itens de série
É difícil notar qualquer diferença na nova VW Amarok: o visual está exatamente igual há quatro anos, quando estreou a última (e única) reestilização.
Por isso, não espere identificar a atual picape média mais potente do país (título que pertencia à Toyota Hilux GR-S a gasolina desde março), com o V6 3.0 turbodiesel atualizado para entregar até 272 cv com overboost, nas ruas.
Essa novidade, no motor, é uma mudança tímida, ainda mais considerando as atualizações de rivais, como Chevrolet S10 e Mitsubishi L200 Triton Sport.
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Como opção, dá para incluir detalhes escurecidos na carroceria, pagando R$ 1.880 pelo pacote Black Style, disponível só na topo de linha Extreme, de R$ 256.390 (além dessa, será trazida da Argentina a Highline, de R$ 243.290).
Só não espere por itens já disponíveis nas concorrentes, como sensor de pontos cegos e assistência de permanência em faixa, ou até o piloto automático adaptativo da Ford Ranger.
Com os mesmos itens de antes, a picape não tem condução semiautônoma, o que deixa explícito o tempo de mercado. Entre os opcionais, há apenas capota marítima e rodas maiores, dependendo da versão.
E não estranhe que as poucas novidades tenham ficado restritas às opções mais caras, já que a própria VW diz que boa parte dos emplacamentos são justamente com motorização maior – 65% do total –, enquanto as versões 2.0 turbodiesel (que continuam iguais) são minoria nas ruas e destinadas, principalmente, a empresas.
Neste ano, a Amarok ocupa a quarta posição no segmento.
Por isso mesmo, o desempenho continuará como principal argumento em favor da picape, que, normalmente, oferece 258 cv a 3.250 rpm e 59,1 kgfm a 1.400 rpm – contra 225 cv a 4.000 rpm e 56,1 kgfm a 1.500 rpm da anterior.
E, para liberar mais fôlego (14 cv) por 10 segundos, é necessário cravar o pé no acelerador entre 50 km/h e 120 km/h, com intervalos de 5 segundos.
Pena que o resultado na nossa pista de testes não tenha sido tão promissor quanto o título de “mais potente” sugere. Afinal, o tempo de 0 a 100 km/h baixou só 0,1 s em relação à anterior, com 8,1 s.
Mas que fique claro: esse tempo é suficiente para superar até mesmo veículos declaradamente esportivos, como é o caso do Polo GTS, que tem motor 1.4 turbo de 150 cv e cumpre prova em 8,9 s.
Outro ponto que se manteve como antes é o consumo, com média igual para a cidade (9,4 km/l) e ligeiramente melhor para a estrada (11,8 km/l).
São praticamente os mesmos números da líder Hilux, com motorização menor – enquanto a reestilização, prometida para os próximos meses, não chega às lojas. Por outro lado, é superior quando comparada às versões 2.0 de 180 cv e 42,8 kgfm, que fazem 8,8 km/l e 10,8 km/l.
Para quem conhece a picape da marca alemã, não há muito a ser falado, já que a dinâmica permanece igual, o que é admirável.
Afinal, o acerto está mais próximo de um SUV que de um utilitário que ultrapassa as duas toneladas: a suspensão é suficientemente firme para controlar as rolagens nas curvas (também ajudam os pneus dedicados ao asfalto) e, mesmo sem peso na caçamba, a traseira não fica “solta”.
Não é à toa que alguns proprietários orgulhosos se exibam nas redes sociais, comparando a Amarok aos sedãs da marca. Ainda que o acabamento continue simples, com plásticos rígidos por todos os lados da cabine, há pouco ruído ou vibração que lembrem o motor a diesel sob o capô.
E, para honrar a preocupação com conforto, os bancos dianteiros têm certificação de ergonomia da alemã AGR – além de ajustes elétricos.
Neste contexto, a direção com assistência hidráulica parece ainda mais incoerente, pois alivia pouco peso nas manobras do dia a dia e até mesmo a velocidades elevadas.
Pode parecer besteira neste segmento, mas as rivais Chevrolet S10 e Ford Ranger, por exemplo, aposentaram o sistema em favor da assistência elétrica (e fizeram isso sem comprometer a robustez). Pelo menos as respostas aos movimentos são rápidas e o sistema oferece bom retorno da via.
Por outro lado, não há nada de conservadorismo no sistema de tração integral, que libera o motorista de qualquer gerenciamento e envia força às quatro rodas conforme a demanda – até mesmo circulando no asfalto.
Para situações fora de estrada, há bloqueio do diferencial traseiro e modo “off-road”, que muda parâmetros de frenagem e aciona controle automático de descida. Mas não há opção de bloqueio do diferencial central, que é feito automaticamente.
Só que, de todas as características consideradas revolucionárias para o segmento (isso pode ser bom ou ruim, dependendo do comprador), talvez a principal delas tenha sido abandonar a caixa reduzida em favor do câmbio automático de oito marchas – neste caso, é a primeira que assume a função.
Ainda assim, há borboletas atrás do volante para trocas manuais.
Pelo menos cabe à Amarok V6 o título de maior capacidade de carga do segmento, com 1.105 kg, além de ostentar uma das maiores caçambas entre as picapes médias.
Claro que nem tudo são flores, já que ela também tem o maior custo de revisões (são R$ 8.172 pelas seis visitas previstas até os 60.000 km) entre as rivais. Se bem que nada disso é novidade para os clientes de longa data, que a VW quer manter.
Veredicto
Para quem sempre gostou da Amarok, ela continua sendo a mesma picape de antes. É a melhor opção para quem procura desempenho, mas não é referência quando se trata de equipamentos.
Teste
Aceleração
0 a 100 km/h: 8,1 s
0 a 1.000 m: 29 s – 180,2 km/h
Retomada
D 40 a 80 km/h: 3,5 s
D 60 a 100 km/h: 4,5 s
D 80 a 120 km/h: 5,4 s
Frenagens
60/80/120 km/h – 0 m: 14,2/24,3/56,6 m
Consumo
Urbano: 9,4 km/l
Rodoviário: 11,8 km/l
Ficha técnica
Motor: diesel, diant., long., 6 cil. em V, 2.967 cm3, 24V, 83,0 x 91,4 mm, 17,0:1, 258 cv a 3.250 rpm, 59,1 mkgf a 1.400 rpm
Câmbio: automático, 8 marchas, tração integral com reduzida e bloqueio no diferencial central e traseiro
Suspensão: braço sobreposto (dianteiro) e eixo rígido com molas semielípticas (traseiro)
Freios: disco ventilado (dianteiro e traseiro)
Direção: hidráulica, 12,9 m (diâmetro de giro)
Rodas e pneus: liga-leve, 255/50 R20
Dimensões: comprimento, 525,4 cm; largura, 194,4 cm; altura, 183,2 cm; entre-eixos, 309,7 cm; altura livre do solo, 24 cm; peso, 2.185 kg; tanque, 80 l; caçamba, 1.280 l; capacidade de carga, 1.105 kg
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