Alfredo Alves de matos, Limeira (SP)
Consultamos o engenheiro Wanderlei Marinho, professor do Instituto Mauá de Tecnologia. Ele explica que, quando a bateria é produzida para um veículo de propulsão elétrica, tem a capacidade de entregar potência e energia.
A potência está relacionada à aceleração que o motorista solicita do veículo e a energia diz respeito ao alcance, à autonomia do veículo.
Quando a bateria do carro elétrico chega ao fim
Quando se diz que uma bateria de lítio chega ao fim da vida útil para o uso em um veículo elétrico, significa que ela perdeu a capacidade de entregar potência, que diminui, mas não a energia.
Quando isso ocorre, é necessário a troca da bateria, porque ela não atende mais às necessidades do carro. Mas considera-se, então, que essa bateria que operou no veículo teve uma primeira vida. Por quê? Porque essa bateria será trocada por uma nova e poderá ser utilizada em uma segunda vida, pois ainda tem a capacidade de entregar energia.
Como é a segunda vida das baterias?
A bateria que teve uma vida útil de oito a dez anos será reaproveitada em um novo propósito, segundo o professor. Pode ser usada em sistemas de armazenamento de energia.
Por exemplo, onde se tem captação de energia solar ou eólica e é preciso armazenar essa energia, é possível utilizar essas baterias de segunda vida por mais oito ou dez anos. A Audi já utiliza baterias usadas em carros em teste para este propósito, em seus carregadores na Europa.
Como é a reciclagem de baterias de carros elétricos?
Ao longo dessa jornada, porém, a bateria também vai perdendo a capacidade de entregar energia. Esse é o momento em que consideramos que a vida útil de uma bateria se encerrou, de fato. Então ela passa pelo desmantelamento, será totalmente desmontada e boa parte do seu material será reaproveitado, talvez até em outras novas baterias.
No Brasil, já existem iniciativas de ponta em busca da solução. Uma delas é a Energy Source, startup do interior de São Paulo que, junto a universidades públicas, vem desenvolvendo métodos de reúso e reciclagem das baterias dos automóveis.
Para descobrir o que pode ser reaproveitado, a Energy Source criou um algoritmo personalizado, que consegue indicar não apenas o que tem utilidade, mas também para qual fim a célula que seria descartada pode servir. O que não tiver solução é triturado e forma a “black mass”.
A startup também patenteou um método próprio de separar esses metais, utilizando técnicas da complexa hidrometalurgia. Caso tenha sucesso, a empresa permitirá que os carros elétricos diminuam significativamente seu impacto ambiental.