Sou o Fiat Mobi – mas pode me chamar de Uninho…
Subcompacto mineiro é uma versão reduzida do Uno, com preço quase igual
A Fiat está fazendo sua estreia em um novo segmento: o dos subcompactos. Carros menores do que você gostaria que fossem por um preço maior do que você pretendia pagar. E a receita da marca é simples: pegue um Uno, tire um pedacinho de metal aqui, outro tantinho de plástico ali, e… voilà! Nasce um modelo novo. No caso, o pequeno Mobi.
Toda a mecânica é compartilhada com o Uno: motor, transmissão, central eletrônica – até o monobloco. Mas as medidas são menores: 356,6 cm de comprimento (é 24,4 cm menor que o Uno) e 163,3 de largura. São números praticamente iguais ao do Chery QQ. Outra semelhança do novo Fiat com o chinês: ambos têm a tampa do porta-malas feita de vidro.
Essa tampa não tem estrutura metálica. Os braços das dobradiças, pontos de fixação dos amortecedores e trinco são presos diretamente ao vidro. Por dentro, a pintura preta esconde a parte transparente onde tradicionalmente há metal. Segundo a Fiat, essa solução fez o Mobi ficar 6 kg mais leve do que uma porta comum, de aço. E garante: o vidro de 5 mm reforçado oferece resistência superior ao das demais janelas. Além disso, afirma que o custo de reparo é igual – ou menor – que o de uma porta convencional, no caso de uma troca.
A princípio, seis versões serão oferecidas (Easy, Easy On, Like, Like On, Way, Way On), por preços entre R$ 31.900 e R$ 43.800. Porém, ao contrário do que acontece com os demais modelos da marca, o Mobi não terá muitos opcionais ou pacotes de equipamentos. O Easy (configuração de entrada) vem de série com rodas de 13 polegadas e não oferece nenhum luxo – nada de ar-condicionado, assistência de direção ou sistema de som. Esses recursos são oferecidos a partir das versões Easy On e Like. A ideia é levar o cliente a optar pela migração de configurações, conforme a escolha de equipamentos – estratégia que simplifica o processo de escolha (e de compra).
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A versão avaliada, Mobi Like On (R$ 42.300), pode ser considerada uma configuração intermediária. Porém, traz os mesmos recursos da Way On (R$ 43.800). Os diferenciais da mais cara são os acessórios de estilo (molduras nas caixas de roda, barra longitudinal no teto e para-choques exclusivos) e a suspensão elevada.
O motor 1.0 de quatro cilindros desenvolve 75/73 cv a 6.250 rpm. Embora seja suficiente para dar conta dos 946 kg da versão Like On (intermediária), não apresentou resultados de desempenho e consumo melhores que os do Uno. Marcamos 17,5 s na prova de 0 a 100 km/h – o Uno Vivace completou o teste em 17,7 s. Em consumo, o Vivace (já aposentado pelo Mobi) foi melhor: 11,4 km/l em ciclo urbano e 15,8 na estrada. A bordo do lançamento, registramos 11 e 15,2 km/l nos mesmos regimes.
Apesar de desconversar, a Fiat está trabalhando no desenvolvimento de um motor 1.0 de três cilindros – supostamente previsto para chegar ao mercado ainda em 2016. E o bloco com um cilindro a menos deve atender aos compactos da marca (Mobi, Uno e Palio). O novo propulsor também deve aposentar o tanque auxiliar de partida a frio – tecnologia que o Up!, principal rival do Fiat, já tem.
A estratégia de vendas da montadora será a de destacar a vocação urbana do carrinho. De fato, para uma ou duas pessoas, não desaponta no dia a dia. Mas ocupantes altos podem ter problemas até encontrar conforto. No assento do passageiro dianteiro, Fabio Paiva, designer de QUATRO RODAS, teve dificuldades para ajustar o banco. “Tenho 1,83 m e faltou curso no trilho. Fiquei com os joelhos encostando no painel, mesmo com o assento totalmente recuado”, diz.
O espaço no banco traseiro é bastante limitado. Por conta do entre- eixos curto (230,5 cm), a área para as pernas dos ocupantes ficou comprometida. Na altura não houve prejuízos, por conta do teto elevado até a parte traseira da carroceria – são 98,6 cm entre o assento e o teto.
Para compensar essas limitações, todas as versões do Mobi vêm de série com assento traseiro bipartido e reclinável, com duas opções de ajuste – é possível travar o encosto em uma posição mais vertical para privilegiar o espaço no porta-malas. Aliás, dentro do bagageiro a Fiat instalou o Cargo Box, uma caixa flexível para abrigar pequenos volumes.
Na dianteira, os bancos têm apoio de cabeça embutido no encosto, como ocorre no Up!. E em relação ao rival da Volks, o Mobi tem uma vantagem: quatro saídas de ar ajustáveis. No VW, o ventilador central é fixo, voltado para o para-brisa.
As versões Like On e Way On vêm de série com o rádio Connect integrado ao volante multifuncional e à tela de LCD no quadro de instrumentos. Esse rádio tem tela digital com Bluetooth e USB, mas não chega a ser uma central multimídia. A Fiat programou para junho a oferta do Live On, um equipamento que promete a integração do carro com o smartphone do dono por meio de um app.
As versões Easy On (R$ 35.800) e Like (R$ 37.900) são as que têm melhor custo-benefício. Mas não custam pouco: um JAC J3 1.4 sai por R$ 35.990. A chinesa também oferece o J2, com o 1.4 de 113 cv, a R$ 39.990.
Não espere que o Mobi seja o carro mais barato do Brasil – esse não é o objetivo da marca. A Fiat não pretende ser lembrada por esse motivo.
SEIS VERSÕES, POUCOS OPCIONAIS
Mobi Easy
A configuração mais barata do hatch é, naturalmente, a menos equipada – oferece pouco além dos assentos, rodas, motor e câmbio. A direção não tem nenhum tipo de assistência. A abertura dos vidros é feita por alavancas e as travas são mecânicas. As rodas de aço são de 13 polegadas. E só há dois opcionais: desembaçador com ar quente e o kit Functional (travas e vidros elétricos, limpador e lavador do vidro traseiro e fiação para rádio). Precisa de mais? É necessário migrar de versão. Preço parte de R$ 31.900.
Mobi Easy On
Acrescenta à Easy a direção hidráulica, ar-condicionado, rodas de 14 pol., retrovisores elétricos e volante com regulagem de altura. Custa R$ 35.800.
Mobi Like
A opção intermediária é caprichada: vem de série com ar-condicionado, direção hidráulica, desembaçador, chave canivete com controle remoto, acabamento de tecido no porta-malas, travas e vidros elétricos e volante com regulagem de altura. Mas usa calotas e os retrovisores têm ajuste manual – sem possibilidade de upgrade. À parte, só está disponível o Kit Tech, que inclui alarme, rádio Connect integrado ao painel com Bluetooth, USB e função streaming de áudio – o volante é multifuncional.
Mobi Like On
Tem o opcional do Like e inclui rodas de liga leve de 14 pol., faróis de neblina, porta-óculos, sensor de estacionamento traseiro. Sai a R$ 42.300.
Mobi Way
No topo da gama, é fácil diferenciar o Way, que tem suspensão elevada, barras longitudinais no teto e apliques plásticos nas molduras dos para-lamas e no centro dos para-choques. Só tem um opcional, o Kit Tech, composto pelo Rádio Connect integrado ao volante multifuncional e ao quadro de instrumentos com tela de LCD. Ar-condicionado, direção hidráulica, travas e vidros elétricos e chave canivete com controle remoto são itens de série. Porém, as rodas vêm com calotas e os retrovisores são manuais.
Mobi Way On
Sem opcionais, acrescenta rodas de liga leve de 14 pol., espelhos elétricos, limpador do vidro traseiro, sensor de estacionamento, console no teto com porta-óculos e espelho auxiliar e o Rádio Connect. Por R$ 43.800.
AVALIAÇÃO DO EDITOR
Motor e Câmbio – Trabalham bem e são confiáveis, mas a concorrência oferece conjunto melhor.
Dirigibilidade – A direção direta associada às dimensões contidas dão boa sensação de agilidade.
Segurança – Foi pior que o Up! nos testes de frenagem e não foi avaliado pelo LatinNCAP.
Seu bolso – É uma compra racional nas versões mais em conta. Acima da Like é superado pelos rivais.
Conteúdo – Bom escalonamento de versões, com boa oferta de equipamentos já na versão Easy On e Like.
Vida a bordo – Boa ergonomia e bancos bipartidos rebatíveis são diferenciais.
Qualidade – Segue o padrão de acabamento da Fiat.
VEREDICTO QUATRO RODAS
O Mobi tem uso específico: gente que anda só ou em dupla, dentro da cidade, sem bagagem. Precisa de espaço? Migre para o Uno. Privilegia custo-benefício? As versões ideais para você são a Easy On ou Like.
Aceleração de 0 a 100 km/h | 17,5 s |
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Aceleração de 0 a 1.000 m | 38,4 s – 132,1 km/h |
Retomada de 40 a 80 km/h (em 3ª) | 10,6 s |
Retomada de 60 a 100 km/h (em 4ª) | 18,5 s |
Retomada de 80 a 120 km/h (em 5ª) | 32,9 s |
Frenagens de 60 / 80 / 120 km/h a 0 | 17 / 29,6 / 67,5 m |
Consumo urbano | 11 km/l |
Consumo rodoviário | 15,2 km/l |
Ruído interno – neutro / RPM máximo | 44,1 / 77,3 dBA |
Ruído interno – 80 / 120 km/h | 64,6 / 71,6 dBA |
Aferição – velocímetro / real | 100 / 96,3 km/h |
Aferição – rotação do motor a 100 km/h em 5ª marcha | 3.100 rpm |
Aferição – volante | 2,6 voltas |
Motor | flex, diant., transversal, 4 cilindros, 8V, 999 cm3, 70 x 64,9 mm, 75/73 cv a 6.250 rpm, 9,9/9,5 mkgf a 3.850 rpm |
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Câmbio | manual, 5 marchas, tração dianteira |
Direção | hidráulica, 10 m (diâmetro de giro) |
Suspensão | McPherson (diant.), eixo de torção (tras.) |
Freios | disco ventilado na dianteira, tambor na traseira |
Pneus | 175/65 R14 |
Peso | 946 kg |
Peso/potência | 12,6/13 kg/cv |
Peso/torque | 95,6/99,6 kg/mkgf |
Dimensões | omprimento, 356,6 cm; largura, 163,3 cm; altura, 150 cm; entre-eixos, 230,5 cm; porta-malas, 215 l; tanque de combustível, 47 l |
Equipamentos de série | ar-condicionado, direção hidráulica, banco do motorista e volante com regulagem de altura, chave canivete com controle remoto, computador de bordo, rádio integrado ao volante multifuncional, travas, vidros e retrovisores elétricos, rodas de liga, sensor de estacionamento elétrico, faróis de neblina |