Nascido em 1958, o sofisticado Chevrolet Impala logo ganhou o apelido de “baby Cadillac”, ostentando um requinte que foi sumindo aos poucos. Até que acabou preterido pelos executivos da marca, que preferiam dirigir Pontiac, Oldsmobile e Buick. Isso terminou em 1964, quando a GM determinou que os empregados adquirissem só veículos de suas respectivas divisões. Não restou alternativa à Chevrolet senão resgatar o luxo perdido: em 1965 o Impala mais caro ganhou o pacote Z18 e virou o Caprice Custom Sedan. Suspensão recalibrada, decoração externa revista (com opção de teto de vinil) e acabamento simulando madeira davam a ele uma atmosfera requintada, bem distante da imagem popular da Chevrolet.
LEIA MAIS:
>> Clássicos: Chevrolet Suburban, trabalhador incansável
>> Clássicos: Pontiac GTO, músculos de aço
A estratégia vingou: o Caprice passou o Impala na hierarquia em 1966, figurando como o novo topo de linha. Com mais de 5 metros de comprimento, espaço não faltava, mesmo nas novas carrocerias: cupê hardtop e perua, a primeira da marca em 12 anos. Dirigir um Chevrolet já não diminuía mais o brio de nenhum executivo da Chevrolet: o Caprice era capaz de fazer frente até aos Cadillacs mais simples.
A sofisticação foi atualizada em 1971, na segunda geração: o visual lembrava o estilo fuselagem da rival Chrysler, mas a grade inspirada nos Cadillac mantinha a identidade comum aos GM. Os freios a disco eram agora de série e chegava a versão conversível, antes exclusiva do Impala, que perdia prestígio.
Popular, o Caprice atravessou a crise de 1973 sem danos à imagem, apesar de seu tamanho e peso: seus V8 enxugavam rapidamente o tanque ao arrastar seus 5,6 metros e 2 toneladas. A terceira geração, de 1977, veio menor e mais leve, e o Caprice resgatou o título de best-seller. De linhas retas por dentro e por fora, ele perdeu potência e requinte, mas vendeu mais de 1 milhão, repetindo o feito de ser o automóvel mais vendido também em 1977 e 1978.
Era um produto tão bem acertado que se tornou o carro-padrão americano: de empresas de táxi a frotas policiais, todos desejavam o Caprice. Bom e barato, ele era tão popular que aparece em quase todos os filmes americanos da década de 80. Em 1991, veio a quarta geração, como o carro das fotos, do colecionador paulistano Samuel Suzuki. A plataforma era a mesma, mas suas linhas fluidas seguiam as tendências aerodinâmicas da época. Era engraçado olhar para o painel horizontal, o banco inteiriço e a alavanca de câmbio na coluna de direção e saber que injeção eletrônica e freios ABS já estavam presentes.
Já sem o apelo de antes, o Caprice encerrou sua carreira em 1996, após 30 anos de bons serviços prestados. Ignorado pelas famílias, foi substituído nas frotas de táxi pelo Ford Crown Victoria, mas deixou um vazio nas forças policiais: ele era imbatível nas perseguições, graças ao motor de 5,7 litros e 263 cv, o mesmo do Corvette.
Motor | 8 cilindros em V de 5 litros |
---|---|
Potência | 172 cv a 4 200 rpm |
Torque | 35,2 mkgf a 2 400 rpm |
Câmbio | automático de 4 velocidades |
Carroceria | sedã, 4 portas, 6 lugares |
Dimensões | comprimento, 543 cm; largura, 195 cm; altura, 154 cm; entre-eixos, 294 cm |
Peso | 1 820 kg |
0 a 100 km/h | 11 segundos |
Velocidade máxima | 205 km/h |